quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

QUANTA RESPONSABILIDADE!

Às vezes penso que é muita responsabilidade! ( mas não é)
Quando comprei o meu amado sítio fiz um propósito de povoá-lo de toda sorte de pássaros, animais e peixes. E, assim o fiz. Com muito carinho e dedicação passei a alimentar os pássaros e bichos da região, atraindo-os para mais perto de mim. Em pouco tempo, tive frente aos meus olhos uma variedade sem fim destes animais. Assim é que, toda manhã contemplava os sanhaços; ben-te-vis; rolinhas; legitimas; tucanos; corroíras; tico-ticos; canários; frango dáguas; nhambus; jacus etc... todos numa bela algazarra de movimentos e cantos. Também, com a vida pululando no sítio, apareceram na beirada da mata bando de macacos, o que me deixava e deixa fascinado. Com a construção do lago pude povoá-lo de imediato com 1.000 lambarís e 100 pirapitingas, adquiridos na CESP de Paraibuna.... hoje os lambaris são milhares para alegria dos meus netos. Bom, por que estou escrevendo esta crônica? É por que amanhã devo ir buscar na estação de Pisicultura de Pindamonhangaba 200 alevinos de Tilápia... Conclusão: A minha responsabilidade está a cada dia que passa aumentando mais... E, isto me deixa feliz!
Em tempo: breve muito breve estarei colocando 5 colméias... Cada colméia abriga mais ou menos 80.000 abelhas... Portanto, terei pelo menos mais 400.000 indivíduos para tratar... Ainda bem que a mãe Natureza em sua sabedoria me ajuda... e, como!
Que Deus, continue me dando este tipo de responsabilidade!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O DIA A DIA DOS DOIS LOBOS QUE MORAM EM MIM

(REPORTAR À CRÔNICA DE 13 DE FEVEREIRO)


Hoje, antes de me levantar da cama fiz uma rápida visita aos dois lobos que moram dentro de mim. Isto mesmo, àqueles que descrevi na crônica de 13pp. Primeiro me dirigi ao lobo de boa índole: ao lobo que me quer ver feliz; vencedor; pacífico e, apaixonado pela Penélope que soube me entender, perdoar e continuar a me amar... a despeito de tudo. Cada vez mais ele se apresenta robusto, pelo liso, semblante pueril e bem alimentado... Estou cuidando dele com carinho e amor e ele está me retribuindo com amor; muito amor, e assim, continuaremos até o último dos meus dias. Já quando me dirigi ao segundo lobo, o de má índole; maligno, instigante; ferino; impiedoso levei um grande susto: Apresentou-se aos meus olhos em seu aspecto aterrador. Estava mais magro a ponto de algumas costelas sobressairem no pelo áspero e fedorento. Tinha os olhos febris e soltava uivos e ganidos amedrontadores parecendo que ia me devorar com seus caninos pontiagudos pelo tempo que o abandonei, já que estava acostumado com o meu trato diário... porém, Deus me mostrou o quanto ele estava sendo perverso e maledicente em minha vida. Deixei de alimentá-lo e, isto tem sido muito bom para mim. Após esta rápida visita, desci da cama e me ajoelhei e agradeci ao excelso Criador deste Universo esta bendita chance que me deu de poder escolher o LOBO que eu passaria a alimentar todo dia e todo instante.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CABELOS EM DESALINHO

Quando ela saiu do cabeleireiro a Lua esbravejou de inveja...
Porém, este ato de ciúme não foi capaz de ferir a bela mulher;
Causou sim, nela, um frêmito de orgulho que a fez mais desejável
E, altiva, caminhando em saltos , fazia-se mais bela de que a Estrela Vésper.

Tinha a silhueta ambicionada pelos pintores famosos da Renascença;
Esguia e sinuosa ondulava as formas quando flutuava dentre a névoa
Da madrugada que ora se iniciava pelas ruas estreitas de Florença.
Asssim, majestosa em seu porte desfilava iluminada por velas évolas.

Seu destino?, o inefável Baile de Máscaras do Palacete de Marcuzy,
Sim, o mesmo que recebeu em noite de gala a nobreza em seu esplendor...
E, nesta noite memorável, recebe a mais desejada mulher: uma jóia que reluz
Dentre as jóias que ornamentam as tiaras e coroas emitindo raios de fulgor.

O rosto belo e ambicionado por amantes tresloucados esconde-se inocente
Por uma MÁSCARA... um adereço escolhido com maestria pela jovem princesa:
Uma borboleta prateada cobria a tez alva, macia ,perfumada e fremente...
Enigmática permaneceu até altas horas quando em braços viris se viu presa.

Corça trêmula tentou se desgarrar dando giros e giros pelo salão parco iluminado
Tentando se desvencilhar do seu pertinaz senhor que a seguia em passos dançantes
Mantendo-a colada em seu corpo como se fantasia fosse do seu EU inflamado
E, rodopiaram vertiginosamente pelo piso escorregadio... e, ela suplicante

Sussurrava em débeis suspiros implorando para que ele não ousasse num arroubo
Acariciar seus cabelos - obra de arte -, motivo de ser tão desejada e invejada...
Sim, a tudo ela permitiria, mas, nunca desmanchar o penteado... o seu tesouro.
Para o jovem conquistador este pareceu ser o maior desafio de sua investida...


Entre uma dança e outra; entre um beijo e outro; entre uma carícia e outra; entre...
O par se destacava como o mais belo, místico e febril dentre os casais em torvelinho.
Num átimo, antes que o anfitrião encerrasse o baile de mácaras num grito potente
Ele ( Eu) fiz das mãos um pente e num gesto doido deixei seus cabelos em desalinho.

Agressiva, já não mais corça trêmula, mas sim, tigresa feroz; fera indócil e impiedosa
Retirou num esgar de ira a máscara que a mantinha bela e sedutora em seu nicho:
Num esgar de contemplação admirei a beleza do rosto e decidi que seria minha corça
Ou tigresa... mas seria para sempre a minha jóia, mesmo com os cabelos em desalinho.

RESPOSTA AO MEU QUERIDO AMIGO LAÉRCIO

Amigo Laércio: sempre o meu coração estará aberto para o nosso querido DEUS. Pela vida,tive muitos acertos e também muitos erros, mas, Deus, sempre esteve ao meu lado. Às vezes penso que a cruz está muito pesada, terrivelmente pesada e, quando acho que vou deitá-la no chão e dar um fim ao meu sofrimento, ELE, vem até mim e me abre portas fecundas e fecha encruzilhadas perigosas e me ajuda ou manda alguém me ajudar a carregar a cruz. De uma vez por todas lutarei com todas as minhas forças para deixar de alimentar o LOBO que teima em me levar para o abismo... novamente afirmo: desfrutar de tua amizade é um presente de Deus!
Até amanhã às 19:30h na Igreja Adventista. A pregação tem sido maravilhosa.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

UM CONVITE INUSITADO,PORÉM, IRRECUSÁVEL

A brisa não se cansava de beijar-me o rosto. Sentado na relva macia e verdejante do jardim frente ao meus simples, porém, aconchegante ranchinho de sapé, estava há algum tempo meditando nas "coisas da vida", quando uma BORBOLETA MONARCA, sim a mesma que esvoaça; que dardeja por dentre as flores e folhagens da mãe Natureza; a que possui nada mais, nada menos de que 7 centímetros e que é dotada de cor laranja com listras pretas e marcas brancas. Esvoaçam às centenas senão milhares desde que rompe a manhã até o por do sol. Quem não as conhece? Bem, voltando à cena do jardim: Por algum tempo uma delas ficou voando em círculos no meu entorno. No princípio não me chamou a atenção, pois, é normal isto acontecer. É preferível ser "incomodado" por borboletas do que por "urubus"... não acham?, mas, a borboleta em questão não desviou seu esvoaçar do meu redor; ao contrário, foi se aproximando cada vez mais até que em dado instante posuou no meu ombro, alguns centímetros abaixo do meu ouvido direito. Petrificado para não assustá-la permaneci uma eternidade. O momento era de rara magia. Naõ sei quanto tempo se passou, mas, abruptamente ela caminhou até o meu ouvido e conversou comigo. Por favor, não pensem que estou fraco dos miolos... loge disso! Naõ foi bem uma conversa; talvez, digamos um diálogo sem que eu pudesse retrucar... só aceitar o que ela estava me dizendo, ou melhor, me convidando. De tudo o que dissemos vou relatar para você,caro leitor alguns trechos, embora possam parecer sem coerência, mas, é a verdade... pode acreditar em mim :
BORBOLETA MONARCA - Aldo, estou aqui em uma importante missão: convidá-lo para passar algumas horas no paraíso...
EU - Paraíso?... Quem mandou você me convidar? Isto é loucura...
BORBOLETA MONARCA - Nada tenho mais nada para falar... Se prepare...
EU - Me preparar?... Mas, como?...
BORBOLETA MONARCA- Feche os olhos e deixe tudo acontecer... Você foi o escolhido por ELE...
EU - Quem é "ELE"?, perguntei, mais assustado do que curioso.
BORBOLETA MONARCA - "ELE" é o criador supremo do Universo...
Imediatamente, após esta última explicação senti o meu corpo levitar. Em segundos estava voando; dardejando por dentre as flores, árvores, matas e campinas... Eu era como uma folha impelida pelo vento mais forte. Ia voando e subindo, sempre subindo, até que...
Até que pousei suavemente num jardim majestoso, como nunca tinha visto antes, nem "in loco", nem em filmes, revistas ou qualquer outro material de informação paisagística. Tonto pelo místico voo dei alguns passos cambaleantes, quando com os olhos esbugalhados pela beleza da paisagem pude contemplar as maravilhas criadas pelo nosso DEUS; pude contemplar como observador privilegiado apesar de ser um simples mortal o sonho de cada um de nós: VIVER POR ALGUNS INSTANTES QUE FOSSE O INEFÁVEL PARAÍSO.
Tendo a BORBOLETA MONARCA por guia, percorri as aléias floridas; os jardins repletos de flores; pássaros multicoloridos; insetos e animais de toda a sorte. Em um lago de águas cristalinas presenciei belas e alegres ninfas se banhando numa algazarra jovial e inocente. Mais adiante, numa ravina uma manada de corças pastava tranquilamente, tendo ao lado felinos deitados e se espreguiçando gostosamente... No ar reinava a PAZ... esta PAZ que tenho procurado com tanto afinco... Cansado de andar e voar ao lado da minha anfitriã fiz uma pausa e me deitei no dossel macio e perfumado e... adormeci e sonhei os sonhos mais lindos e fecundos, como nunca os tinha sonhados. Não sei precisar o quanto ADORMECI,pois, acordei com a BORBOLETA MONARCA me sussurrando no ouvido de que era tempo de ir embora. Agoniado relutei em partir, mas, num átimo já estava levitando e como uma folha voando de regresso ao meu cantinho... meu pedaço de chão no meu querido sítio. Assim que pousamos, ela me disse que tinha algo para me falar antes de ir embora, e assim falou:
ALDO, DENTRO DE CADA UM EXISTEM DOIS LOBOS: UM FEROZ; VORAZ; MALEDICENTE; IRACUNDO, VIL; VINGATIVO; DESPROVIDO DE AMOR; DESALMADO E QUE SÓ VIVE PARA FAZER O MAL... O OUTRO É MANSO; AMOROSO; CORDIAL; SOLÍCITO... VIVE SÓ PARA FAZER O BEM...
EU - MAS, COMO SABER QUAL O LOBO QUE VAI ME DOMINAR... QUE VAI DITAR OS MEUS ATOS?
BORBOLETA MONARCA - É MUITO SIMPLES... BASTA SABER O QUAL DELES VOCÊ ESTÁ ALIMENTANDO MAIS.

Quando abri os olhos para ver com mais nitidez a BORBOLETA MONARCA, vi-a num voo célere em direção ao jardim, ou, quem sabe ao PARAÍSO.
Meu caro leitor, se sonhei ou não, não o sei dizer. Só posso afirmar que depois daquela visita ao PARAÍSO, FIZ UM PROPÓSITO DE MUDAR O MEU JEITO DE SER... Deixarei de alimentar o primeiro LOBO. Todas as minhas energias e sentimentos serãos destinados ao segundo LOBO.
Ao excelso CRIADOR do PARAÍSO eu agradeço de coração o convite inusitado, porém, irrecusável.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

BLECAUTE NO UNIVERSO

Já, por vezes tantas, presenciamos notícias nada satisfatórias sobre apagões em nosso imenso Brasil. E, ficamos sabendo aos poucos dos transtornos que causam para as pessoas, tanto no aspecto emocional, quanto no aspecto financeiro. São tragégias que poderiam ser evitadas se houvesse por parte dos nossos políticos mais comprometimento com a sociedade, sempre, em todas as tragédias a última a arcar com os prejuízos e, sem quase nunca reclamar. Como cordeiros submissos se realizam quando o problema é contornado e seguem o dia a dia acreditando que isto não mais se repetirá. Bom, isto é quando acontece neste mundo de Deus.
Há noites atrás, não sei precisar com exatidão, houve um "APAGÃO" de proporções imensuráveis. Eu fui privilegiado pelo excelso Criador deste Universo( Talvez só eu) e pude presenciar com o coração agoniado um BLECAUTE NO UNIVERSO. Sim, meus amigos: O céu em poucos minutos se toldou de uma escuridão como eu nunca tinha vivenciado nos meus 65 anos de vida. E, o fenômeno, se é que posso classificá-lo assim, aconteceu da seguinte maneira:
Estava eu no meu sítio lá pras tantas da madrugada ( Um presente de Deus) de olhos arregalados para o místico Universo, todo pontilhado de miríades de estrelas, que, como contas de paetê ou infinitos vagalumes refulgiam em incessantes pisca-piscas tendo a Lua prateada como farol maior, quando, por "Coisas da Vida", comecei a chorar e as lágrimas teimavam em não parar de brotar, como se um jorro de água cristalina estivesse vertendo de minha alma. Soluçando, enxuguei um pouco do líquido doído e ergui os olhos novamente para o céu. Neste momento presenciei o que talvez nunca mais vá presenciar e credito este fenômeno a solidariedade com que os astros se posicionaram ao meu, então, sofrimento. Condoídos da dor terrível que carrego comigo por uma vida de desengano e desilusões resolveram num átimo; todos , sem exceção, se apagarem. Primeiro foi a Lua que aos poucos foi vestindo um manto de escuridão no que foi acompanhada pelas estrelas, asteróides, estrelas-cadentes e sóis; todos, jóias preciosas incrustadas no Universo. A madrugada continuou e a escuridão tomou conta de tudo. Não consegui dormir e lá, onde estava, permaneci até o romper do dia. Tinha eu a crença de que ao romper do dia veria a mais bela estrela : " A ESTRELA VÉSPER". Ledo engano... nesta manhã a VÉSPER permitiu-se ficar escondida no âmago do infinito... quem sabe, também chorando como eu as dores de um desamor.
Neste noite o UNIVERSO e a minha ALMA dormiram sob a escuridão produzida por um magnânimo BLECAUTE.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O SONHO DE JEZEBEL

Até os doze anos de idade, Jezebel foi uma menina comum, sem nada que revelasse problema de qualquer natureza, tanto físico quanto emocional. Vivia em completa liberdade junto a seus irmãos e pais na pequena propriedade rural do Bairro de Três Lagoas no vizinho município de Águas Claras. Quando lá estive como professor substituto de escola isolada, me instalei em sua casa, pagando pequeno aluguel; o suficiente para que me fosse servido duas refeições diárias, banho e um pequeno quarto com um catre de madeira e uma mesa onde ficava a lamparina e meus poucos pertences. A renda da família vinha do leite tirado de algumas vacas e a venda de hortaliças de uma horta que ficava no fundo da escola. Tudo trancorria normalmente e assim o foi até meados de setembro quando fui transferido para outra escola de um bairro vizinho. Ao me mudar e ao me despedir dos meus anfitriões notei pela primeira vez que Jezebel não estava bem. Sua aparência não me agradou. Tinha duas olheiras profundas e escuras que circundavam os olhos e, isto aconteceu repentinamente, talvez nesta ou em recentes noites passadas, deduzi. Preocupado, pois gostava muito da menina, perguntei o que estava lhe acontecendo e ela, meio sem jeito, me respondeu que não estava conseguindo dormir por causa de uns pesadelos que vinha tendo e que nunca tinha se lembrado de sonhar um sonho gostoso; só pesadelos, acrescentou. Mesmo insatisfeito pelo relato da garota, arreei meu cavalo, coloquei meus pertences e troteando fui embora para novas plagas. Sem olhar para trás, passei por debaixo da enorme jaqueira, abri a porteira e segui viagem, porém, antes de virar a curva da estrada prometi a mim mesmo que no mais tardar , antes do natal viria visitá-la. Os meses praticamente voaram e logo me vi despedindo dos meus novos alunos e arrumando minhas tralhas para retornar à cidade. No caminho de volta, entrei por um atalho que me conduziu até o sítio da menina Jezebel, lá chegando por volta das duas horas da tarde. Com um aceno da cabeça cumprimentei o seu Jesuíno e sua mulher Dona Jerusa e atendendo aos seus convites apeei do cavalo e fui me sentar na varanda junto a eles. Conversa vai, conversa vem e, entre um copo e outro de refresco, perguntei da menina Jezebel; como estava, se melhorou dos pesadelos, enfim, queria notícias. A resposta que me deram me deixou ainda mais preocupado: Disseram que Jezebel praticamente não dormia; que tinha terríveis pesadelos e que já estavam desacorçoados, que os médicos não sabiam mais o que fazer. Não se passaram alguns minutos quando ela chegou até nós. Tinha os cabelos trançados em uma única e comprida trança; estava mais magra e o que mais me intrigou: As olheiras saltavam do rosto como se fossem duas crostas de ferida. Titubeando, perguntei-lhe se os pesadelos tinham saído de suas noites; se em seu lugar os sonhos estavam povoando a sua mente de menina-moça. Enrolando um fio de lã nas mãos e, meio sem jeito, ou melhor, bastante acanhada, respondeu-me de que vivia à mercê de terríveis pesadelos. Mas, perguntei-lhe, como sao estes pesadelos? São medonhos, disse: Assombrações. morte, monstros, doenças, desastres e pessoas que fazem maldade, muita maldade. Confesso que por alguns instantes tive os olhos lacrimejantes, mas consegui manter a postura de professor. Sempre acreditei que um professor tem o direito e dever de ajudar seus alunos ou ex-alunos, como no caso de Jezebel. Falei-lhe muito sobre Deus e sua infinita bondade; que Ele somente Ele poderia ajudá-la e de que em minhas orações iria pedir a Sua interseccão por ela. Consternado pela gravidade da situação despedi-me deles e encetei viagem de volta para meu lar, pois estava de féria escolares. Como a vida não para, tive várias idas e vindas por diversas regiões, sempre lecionando em escolas de zona rural, mas sempre me lembrando da pequena Jezebel e seus terríveis pesadelos, até que por obra do destino, creio eu, voltei após 4 anos para a mesma escola do bairro onde Jezebel mora. Lá chegando, encontrei a casa da mesma maneira; a jaqueira imponente em seu tamanho; as vacas soltas no pasto e, o mais interessante: A família reunida no alpendre a me esperar. Lá estava o casal e seus filhos e dentre eles, já crescida e mocinha a enigmática Jezebel. Após as apresentações e cumprimentos de praxe me fixei mais em Jezebel e a surpresa, para não falar de susto, tomou conta de mim. Não era mais aquela menina esquálida e retraída. Agora, já nos seus dezesseis anos tinha o corpo de mulher embora uns detalhes tenha me chamado mais a atenção: além das costumeiras olheiras, tinha muito pelo no corpo, tanto no rosto, quanto nos braços, nas pernas e um buço muito escuro. Cansado pela viagem decidi que no dia seguinte conversaria melhor com ela e, confesso, nesta noite tive pela primeira vez terríveis pesadelos. O dia amanheceu radioso; pássaros gorgeavam nas laranjeiras; borboletas esvoaçavam pelas flores e uma brisa amena soprava, vindo dos morros para o quintal da casa. Ao cantar rouco do galo carijó apareceu ao meu lado a Jezebel que, sem maiores preâmbulos sentou-se ao meu lado e sem que eu lhe perguntasse nada, começou a falar aos borbotões. Falou, falou e falou de seus pesadelos e o último que teve no último dia , ou melhor, noite, do mês de fevereiro,Estávamos vivendo o dia dois de abril, portanto, um pesadelo não muito recente. De tudo o que disse ficou marcado o seguinte: " ... no pesadelo eu era uma domadora de animais de circo, mais precisamente, de macacos. Tinha uma chimpanzé de nome Balduína que eu judiava mais, pois , ela era insubmissa. Batia muito nela com um chicote e a deixava sempre sem comida... no pesadelo eu me transformo em macaca e tem sempre alguém que judia de mim, bate e me deixa com fome... sabe, professor Micael, eu acho que incorporei esta macaca em minha vida no dia a dia... gosto de subir em árvores; comer banana nanica e, até pelos pelo corpo estão crescendo em mim... não reajo e até gosto, pois desde este pesadelo nunca mais os tive... se for preciso virar macaca para ficar livre deles, eu aceito." É claro que fiquei horrorizado pela revelação. Onde se viu alguém se trensformar em macaca? Vai contra as leis de Deus... mas, que a Jezebel parecia uma macaca... Oh! Deus me livre desta observação, me reprendi. Por "Coisas da Vida" logo me vi indo embora para outro município e, confesso que acabei esquecendo por uns bons anos de Jezebel e sua história intrigante. Também por "Coisas da Vida" acabei vindo a ser Diretor de Escola no município da famíla de Jezebel. Após a Semana Santa, convidei o vice-diretor de escola professor Paulo Fernandes ( Parente) para irmos fazer uma visita a enigmática figura de Jezebel, Na estrada contei-lhe toda a história. Sensível como era, chegou a deitar algumas lágrimas nos olhos. Lá pelas quatro horas da tarde chegamos no sítio e fomos recebido pelo casal e filhos, mas, faltou no encontro a Jezebel. Angustiado, já prevendo uma tragédia, perguntei da "menina", onde estava? Com lágrimas nos olhos Dona Jesuína nos contou de que Jezebel deu de viver só trepada na jaqueira e outras ávores do sítio; a se portar como se macaca fosse e, que isto durou alguns meses... sem mais nem menos, continuou ela, a Jezebel passou a sorrir como nunca antes o fizera e a dizer que era feliz, muito feliz, pois, ao encarnar em si a alma de uma chimpanzé que ela muito judiou em outra vida, passou a SONHAR em vez de ter pesadelos...

Mas, então ela sarou, disse aos seus pais...

Qual o que, professor,,, Sonhando agora toda noite, ela nos contou que era uma arara e que iria voar para bem alto e bem longe... só estava esperando os pelos cairem do corpo e em seu lugar nascerem as penas multicoloridas... até sementes de girassol ela passou a consumir no lugar de bananas nanicas...

E, o que aconteceu, perguntei, já antevendo a resposta.

Uma tarde, sem que ninguém pudesse fazer nada em contrário, ela subiu no galho mais alto da jaqueira e disse que ia realizar o seu mais querido sonho: se transformar em uma arara e voar...

Consternado pelo trágico desfecho dos pesadelos e agora SONHO de Jezebel, liguei o carro, contornei o curral e dei adeus para aquele triste rincão de terra, mas, antes passei pelo pequeno cemitério do bairro e depositei, pelo sim, pelo não, bananas nanicas no amontoado de terra batida do túmulo da pequena Jezebel. Em tempo, o amigo Paulo Fernandes depositou algumas sementes de girassol na terra mirrada.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

É APENAS UM HOMEM QUE NUNCA CHOROU

É apenas um homem que nunca chorou...
Sempre, altivo, desdenhou as mazelas da vida
Que, em enormes enxurradas, sempre o atingiram.
Os olhos, duas pedras de granito, incrustados em seu rosto
Nunca, por um momento algum, se viram lavados em lágrimas...
Teve, sim, instantes em que pensou ser um simples mortal,
Mas, a despeito das dores, se portou como um Ser inerte,
E, inerte, sempre seguro de si, deu as costas para a insignificância da dor.

É apenas um homem que nunca chorou...
A alma há muito já o abandonou em seu mundo de icebergs...
O coração, não pulsa, ou quando o faz, faz sem vontade de fazer,
Apenas, cumpre o ritual secular de pulsar, sem que isto lhe seja gratificante.
Vive, por viver, e assim o fazendo se vê envolto por uma armadura de desdém.
Às vezes, pensa ou finge pensar, de que alguém por ele se preocupa...
Ledo engano! "Homens assim como ele são esquecidos e relegados ao abismo."
Mas, o que é o abismo senão as desventuras e desamores que povoam seu mundo?

É apenas um homem que nunca chorou...
Como se chorar fosse um dom ou um sentimento imprescindível.
Por acaso, pergunta este homem: " As pedras choram?"...
E, como pedras frias que são, permanecem por séculos em seus nichos
Sem que ninguém delas se apiedem ou ão as atazanem com querelas.
Se são felizes ou não, o que importa?, importa sim, não sentir e não chorar.
Este homem, pode-se dizer que é feliz?, mas, o que é ser feliz?
É chorar quando a crença em alguém sucumbe a seus pés?,
É humilhar em atitudes que não condizem com a vida que levou?,
É ser vilipendiado em seus sentimentos, idéias e jeito de amar?...
Não, creio que não, por isso ele benfazeja aos homens que como ele, não choram!


É apenas um homem que nunca AMOU!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ULISSES E A ILHA DAS SEREIAS

Ulisses, herói descrito na Odisséia de Homero, após longos anos longe de sua amada Penélope, retorna para seu lar, mas, antes, enfrentando terríveis montros. Em uma de suas aventuras de regresso, passa pela Ilha das Sereias. Alertado por Circe, ele se amarra no mastro da nau e manda que seus marinheiros coloquem cera nos ouvidos para não ouvirem o temível canto das sereias, pois, quem o ouvisse ficaria desprovido da razão e se atiraria nos braços das sereias. Bom, não quero me delongar mais no assunto, pois, quem quiser saber mais, basta ler a Odisséia de Homero. Quero sim, fazer aqui, uma analogia do mortal Canto das Sereias com as palavras enganosas, porém, atrativas de certas mulheres, que tais e quais as temíveis "sereias" ludibriam os incautos "marinheiros" com promessas ardilosas e sorrisos fáceis; trazendo-os quais cordeiros para o seu matadouro: Covil cheio de desavenças; falsidades; desconfianças; desamores; descompanheirismo e brigas, muitas brigas. Como os marinheiros de Ulisses me precavi quanto ao "canto das sereias" usando além de protetor de som nos ouvidos o bom senso para me distanciar o máximo possível de tais mulheres. Um dia , quem sabe, terei a sorte de Ulisses: Vencer todos os monstros que me perseguem no dia a dia e retornar ao lar e encontrar Penélope... Desistir, Jamais!