segunda-feira, 29 de abril de 2013

"HAJA O QUE HAJAR!"



"HAJA O QUE HAJAR, eu estarei sempre ao seu lado."

Ontem, quando eu assistia a um programa de televisão fui surpreendido pela reportagem onde um apaixonado pela sua namorada lhe fez a seguinte declaração acima. A moça adorou a declaração e para perpetuá-la fez questão de tatuar em suas costas o que mais lhe agradou: HAJA O QUE HAJAR.
É claro que temos aí um grave erro de português, pois, o certo, seria: HAJA O QUE HOUVER... porém, para ela o que realmente importou foi a terna declaração e, além, do mais, ela entendeu o que ele queria dizer.
Como hoje em dia tudo, ou, quase tudo, cai na rede social, a sua atitude de tatuar a frase com o erro e tudo agradou a milhares de internautas, a ponto, do casal precisar se unir a uma empresa para dar conta dos pedidos de objetos, camisetas e bonés com a frase HAJA O QUE HAJAR, gravada.
Como poeta aceitei sem ressalvas o HAJA O QUE HAJAR e, já estou pensando em compor um poema com essa frase.
Fica registrado os meus parabéns para o casal e também pela criatividade.

domingo, 28 de abril de 2013

MALDITO DESPERTADOR!





Maldito despertador que desperta quando não quero despertar;
Que tilinta e tilinta infinitas vezes sem se importar se durmo, ou, não.
Sei sim, que me surrupia dos sonhos que sonho no leve dormitar
Que me proporciono depois da posse no afã da sofreguidão.


Tê-lo, ou não tê-lo, à cabeceira da cama, eis a questão que me oprime
Que me tira a paz e o sono após tanto amor vivido em poucos segundos..
Sei que é apenas um objeto inerme, frio e movido apelas pelo timbre
Ininterrupto que se esvai de seu íntimo; nunca de um coração fecundo.


Ao meu lado ela ressona como se uma tigresa fora em seu descanso
Após a lide sensual em que se viu envolta no macio e perfumado dossel
Formado pelas folhas, cipós e orquídeas: todos  no emaranhado manto...
Lençol de cetim, fronhas de seda... palavras  febris ecoam da boca do vergel.

Mas, o maldito despertador teima em afrontar o silêncio que impera
Na alcova onde há décimos de segundo dois amantes se amaram.
Ah, quisera eu poder destruí-lo num ímpeto de furor que exaspera
E, que, faz do gladiador a fera possessa na arena de agressões insanas.


Reajo! Tomo-o em minhas mãos e o arremesso de encontro ao lúdico espelho
Na vã tentativa de calar o som que me traz à realidade do que não existe:
A paz, tão almejada por guerreiros vencidos e, tão distante do cervo
Que tenta desesperadamente safar-se dos dentes e garras em riste.

Por fim, ela, num gesto de preguiça deliciosa e repleta de sensualidade
Pergunta-me o que está a me tirar a paz e a me fazer revolver no doce leito.
Trêmulo e com a voz rouca lhe respondo: _ O despertador que, odioso, finge
Dar-me ouvidos e se calar... Mas, horrendo, continua a tinir satisfeito.

Ah, pudera, meu querido e afoito amante - e, continuou, em ternas palavras _
_ O despertador é a ampulheta que marca  para mim o tempo em que me tens
Entregue aos teus caprichos de homem sedento de libidinosas carícias...
Oh! amado, não fora ele, como poderia receber em meu leito incontáveis homens?


No chão entre milhares de cacos de vidro ele, o despertador, tilintou rispidamente
Anunciando que o meu tempo de amor tinha cessado; que era hora de deixar a alcova.
Assim, cabisbaixo e descrente da sinceridade das cortesãs; das mentiras fluentes
Juntei minhas roupas, paguei o combinado e vociferei: Maldito Despertador, e saí, na hora.

 



segunda-feira, 22 de abril de 2013

ILIONA




Quando conheci ILIONA senti o coração pulsar célere e descompassado,
Embora, não o fosse um amante ingênuo e, despido, da arguta malícia.
Era, sim, um jovem imerso num mar de desejos nunca saciados
E, sempre, à procura, de alguém que pudesse me inundar de carícias.


Adentrei e me aprofundei em searas nunca dantes exploradas: todas virgens;
E, como excelente lavrador, colhi frutos e sementes envoltos em volúpias.
Lavrei em terrenos ásperos e pedregosos, como, também, em planícies férteis
E, em todos os lugares visitados, sempre fui vencedor vivendo ardentes núpcias.


Até que conheci ILIONA e, a partir de então, me tornei amante submisso,
Nunca, um intrépido desbravador de corpos; de entrâncias e reentrâncias.
Fiz-me para conquistá-la um gato dócil e carente de carinhos fortuitos;
Fiz-me, para tê-la para sempre um fantoche desprovido de vísceras e entranhas.


E, ela me teve por uma eternidade que se transformou em estéreis segundos:
Uma vida, que não foi vivida, como eu pensei que iria viver: um grande desatino.
Fez de mim o seu eterno brinquedo: jogar e trapacear com corações crédulos,
E, impiedosa deu-me migalhas do seu tesouro: a arte de enganar o libertino.


Agora, inundado pelas carícias, carinhos e desejos: uma tempestade que dilacera,
Tento soerguer a cabeça e reagir; tento ser forte e não essa alma fraca e insonsa
Que se submeteu aos caprichos fúteis da mulher acostumada a domar feras.
Fera, outrora, e, que hoje, sou apenas um gato dócil; domado que fui, por, ILIONA.
  

sábado, 20 de abril de 2013

UMA SENSUAL PENUGEM LOIRA!

 Nunca dantes tive contato com algo tão macio, perfumado e belo Embora os meus dedos e os meus lábios já tenham investidos Em florestas escuras; em planícies castanhas e em jardins floridos Porém,jamais em um dossel perfumado e loiro: repleto de sortilégios. Titubeante, acariciava com malícia ingênua a penugem sedosa, Como se fora fios entrelaçados de seda da mais rica tapeçaria persa, OU, quem sabe, liames engastados na mais bela vulva voluptuosa Da mulher- cortesã, que se ofereceu a mim, na posse real, ou, incerta. Enrolado por fios tão estranhamente tecidos pela aranha oferecida Senti na pele um frêmito que me fez suspirar num ato libidinoso Antevendo o que me reservava o contato febril com a penugem loira. Guerreiro ou derrotado vi-me numa batalha onde era amante-animal Arremessado de encontro ao corpo que se prostrava aos meus desejos E, num desmaio de entrega inaudita, adormeci na loira penugem sensual.

sábado, 13 de abril de 2013

I DID IT MY WAY





A briga foi catastrófica: travesseiros, camisola, lençol e batom
Voaram pelos ares como se foram plumas do majestoso faisão,
E, eu, atônito, estendido, lânguido, pelo inusitado "frisson",
Contemplava, mudo, a bela mulher se esvair como a lava de um vulcão.


Dos belos lábios palavras jorravam como faíscas de brasas ardentes
Na ânsia desmedida, de mim, judiar, sem piedade ou dó; na ânsia de agredir
Embora, silente, eu, recebia as vergastadas na alma dorida e fremente
E, gemia, baixinho, palavras que ela não entendia em sua fúria de me ferir.


Que fiz eu?; atrevia-me a perguntar, entre uma lanhada e outra pelas unhas
Cortantes, embora, belas e sensuais, mas que feriam, como garras da tigresa
No cio, ou, quem sabe, enciumada, pela corte do amante, a outra fêmea escusa.
Que sei eu? Nada sei da mulher, que no embate da posse, não se torna presa.


Sei sim, que estou imerso em uma batalha da qual certamente não sairei vencedor
De que, serei despojado de minhas crenças; de que serei vencido sem clemência,
Pela mulher que me fez acreditar ser amado e que receberia os louros de um gladiador.
Ah! ledo engano. Como um fantoche fui subjugado por um coração em demência.


Com muito custo e e infinita paciência arguí dos motivos de tamanha estultície
Que a fez tão severa e dura e cometer na alcova tanta rudeza; tanto despeito.
Com os olhos avermelhados confessou que o nosso amor se tornou uma mesmice...
Gaguejando, respondi: "I DID IT MY WAY", ou, "EU FIZ DO MEU JEITO".



AINDA SOBRE O "MALDITO" VÍCIO DO CIGARRO!




Para tentar ajudar a combater o "maldito" vício do tabagismo criei algumas frases de impacto:


1. PESSOAS INTELIGENTES NÃO FUMAM; PRESERVAM A SAÚDE E O MEIO AMBIENTE.

2. DIGA-ME COM QUEM FUMAS E, EU, DIREI QUE ÉS UM TOLO.

3. TRÊS COISAS SÃO MORTAIS: ARMA DENTRO DE CASA; BEBIDA ALCOÓLICA DENTRO DO CARRO E MAÇO DE CIGARRO DENTRO DO BOLSO.

4. QUEM CEDO FUMA, DEUS, NÃO AJUDA.

5. OS FUMANTES SÃO HÁBEIS "FODEDORES":
- FODEM COM A SAÚDE;
- FODEM COM O MEIO AMBIENTE;
- FODEM COM A LIMPEZA DAS RUAS;
- FODEM COM A ESTÉTICA DOS VASOS DE FLORES (JOGANDO BITAS);
- FODEM COM O "AR" CIRCULANTE ÀS SUAS VOLTAS ( O CHEIRO DE FUMO IMPREGNADO EM SUAS ROUPAS E EM SEUS CORPOS);
_ FODEM E FODEM COM A NOSSA LIBERDADE DE RESPIRAR O AR PURO.

5. TODOS OS FUMANTES, SEM EXCEÇÃO, SÃO "IDIOTAS" POIS ANIQUILAM O DOM MAIOR QUE DEUS NOS DEU: A VIDA.

TUDO ISSO, É O MEU PENSAMENTO!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

QUE VONTADE DE IR PARA A LUA!




Hoje, eu me levantei da cama com uma vontade louca; inexplicável de ir para a Lua. Em todo o momento eu ficava de bruços na janela do apartamento procurando com olhares excitados a presença da Lua. Agoniado, eu só enxergava o Sol e, ficava então frustrado, pois, não era essa luminosidade que eu estava ansiando em receber em meu corpo: queria sim, a luminosidade da Lua; a mesma que encantou os poetas desde os primórdios da civilização. Poeta, que o sou, também fui encantado por ela desde quando beijei pela primeira vez os lábios perfumados e quentes da primeira mulher ( jovem, adolescente ou madura: não o recordo). Para que eu tivesse sucesso nesse intento, saí do apartamento e perambulei pelas ruas, vielas, praças, bosques e matas das redondezas, procurando em cada canto; em cada objeto a presença da Lua. Tudo em vão e,agoniado compreendi que tinha de esperar a noite cair com seu manto de mistério para então ela aparecer e mudar a paisagem. Cansado, adormeci em um banco da praça e sonhei. Sonhei que eu estava dentro de uma nave espacial ( apolo ou soyuz?, não me interessa) rumando em direção ao satélite maravilhoso que, decerto, estava me esperando, para me receber com galhardia, altivez e submissão ao mesmo tempo, pois, nós os poetas, despertamos vários sentimentos num átimo, num segundo. Sonhando, desembarquei na Lua e maravilhado pude ver o quanto ela é linda. O solo macio parece ser revestido de infinitas bolhas... de champanhe; as pedras que enfeitam a paisagem refletem as pérolas usadas nos colares das mais belas mulheres; a luz, sim a luz é divinal. A luz cega e entontece o poeta e, tonto o poeta se ajoelha e se dedica a versificar na areia fina e tênue: um, ou centenas de poemas, marcam o solo como se foram filigranas espanhóis. Estar na Lua! O sonho de todos os amantes que vivenciaram amores fecundos e tórridos. Por quanto tempo não sei precisar, passeei, pelos recantos indizíveis do meu idílio e, foram tantos os sortilégios que recebi que me senti um príncipe, um rei  ou então um deus e, me quedei e adormeci numa fenda aconchegante e sonhei...
Sonhei que estava deitado em um banco de uma praça e adormecido sonhava com a Lua.
Uma coruja piou sobre mim e me despertou. Entristecido pela realidade do momento constatei que a nave espacial era o banco da praça e, que, foi tudo um sonho... um sonho e, nada mais.
Num relance olhei para o alto e contemplei extasiado a Lua soberba e brilhante no centro do universo e, é incrível, pude ler, no meio de uma cratera uma frase mágica: " O POETA ESTEVE AQUI".
Quanto tempo durou o meu sonho?, deve estar se perguntando o querido leitor e, eu, respondo:
O tempo necessário para se ausentar da realidade e viver um sonho.
Uma noite, quem sabe, num futuro próximo, voltarei à LUA.

A MORTE DE DUAS MULHERES QUE MARCARAM ÉPOCA !




Morreu hoje, duas mulheres que marcaram as suas épocas: MARGARET THATCHER  e SARA MONTIEL.
A Dama de Ferro como era conhecida marcou a sua presença na Inglaterra como uma das mulheres mais fortes e hábeis em Política. Foi a Primeira Ministra que enfrentou e decidiu para a Inglaterra a continuidade da posse das Ilhas Malvinas, reivindicada pela Argentina.

Já, Sara Montiel, marcou presença na Sétima Arte. Quem, da década de sessenta, não amou, suspirou e sonhou com o filme La Violetera?
A Dama de Ferro passou para a história como política; a Sara Montiel, como a vendedora mais charmosa de violetas.
Para ambas, deixo a minha admiração.
Que Deus as receba em Seu Reino.

domingo, 7 de abril de 2013

ENCALHADO !



Estava já encalhado num ponto qualquer do rio o "Don Juan", Brasilindo.
Desde o carnaval estava desaparecido e, agora, na Semana Santa,
Um pescador o encontrou enroscado em galhos de árvores no Rio Sairi;
Estava só de cuecas e, já tinha as carnes se soltando dos ossos.
Não era uma figura boa de se ver, mesmo, porque,qualquer cadáver é
Um espetáculo horrendo, ainda mais, quando em putrefação.
Nunca em sua vida de galã, passou pela cabeça encalhar num rio:
Era, por demais altivo, garboso e egoísta para tal fato: tão comum.
Pela vida, viveu, amou e "aprontou" tudo o lhe foi permitido, ou,
Às vezes, (sempre) também, o não permitido; somente o seu bem estar é que importava.
Brasilindo era tido por todos como um "apêndice" de homem pelas suas
Incontáveis arremetidas em senhoras de fino trato e bem casadas.
Talvez, penso eu, não querendo parecer bombástico e nem escandaloso,
Ele amealhou em seu "harém" mais de 50, antes fiéis esposas, depois de
Com ele conviverem, ardentes messalinas; todas surrupiadas de seus maridos.
Incontáveis ameaças de ser picado fatalmente por um punhal ou, então, ser cravejado
De projéteis o acompanharam nas noites e dias de amante ferino; nunca, dócil.
Assim, de amor em amor; de traição em traição, ele, seguiu, uma trajetória, de riscos:
Riscos calculados, pois, sabia que, a qualquer instante, este ou aquele, o mataria...
Sim, o mataria sem dó nem piedade, embora o perigo aumentasse ainda mais os
Seus loucos desejos pela conquista do impossível; do proibido; da "maçã" do paraíso.
E, assim seguiu a sua trajetória de "destruidor" de inocentes esposas, até que...
Até que, se envolveu com a bela e tentadora Rosalinda: esposa do Delegado de Polícia,
Castorino Belaponte e, deu no que deu. Foram três meses de idílio.
Nem um dia a mais, nem um dia a menos.
Brasilindo, como se diz na gíria "abaixou a guarda" e deixou de ser cauteloso e foi mais
Afoito ao pote de água, ou melhor, ao pote de desejos, que jorravam, da bela mulher.
A noite estava escura como breu, quando, ele pulou, a janela do quarto, da amante.
O marido (sempre o último a saber) foi avisado pelo Cabo de polícia, Flauzino, de que
a sua bela esposa o estava corneando com o pervertido Brasilindo e, nada mais disse.
A bala do 38 atravessou seu peito e estraçalhou o coração repleto de desejos não realizados.
Em instantes o falecido se viu boiando nas águas frias e profundas do rio que circundava
O pequeno município e, ninguém, suspeitou, de nada. O silêncio do Cabo foi comprado com
A merecida promoção para Sargento.
Rosalinda ganhou um carro de presente para parar de prantear o finado amante.
Para ele, só restou de presente uma árvore desabada na margem do rio... O seu leito de descanso.
Encalhado, dentre a galharada ( de árvore, não do marido) açoitada pelas águas, ele, deixou, "encalhadas" senhoras e Matronas,, mulheres mal amadas pelos seus "idiotas" maridos.
Tudo me foi contado pelo Sargento, muito anos após o ocorrido. Curioso fui até o trecho do rio
Onde Brasilindo encalhou e, atônito,visualizei (miragem?) uns fiapos de pano chacoalhando na água.
Assustado, dei meia volta e regressei à cidade; ao bar do Dito Piranha, onde tomei umas e outras para
Então entrar no ônibus e deixar o local da tragédia.
Mulheres casadas? "Vade Retro".




quinta-feira, 4 de abril de 2013

CACOS DE VIDROS!





Cacos de vidros espalhados pela alcova perfumada e tépida
Demonstram que brigas inusitadas explodiram em fagulhas
De uma fogueira que pensava ser de paixões fecundas
E, nunca, de atos insanos próprios de uma união lépida.


No piso nu, desprovido de tapetes, rebrilham incontáveis vaga-lumes,
Envoltos pelas roupas íntimas jogadas a esmo no fragor da batalha
Vê-se um baby doll, um sutiã e uma calcinha cobertos por estilhaços fumê
E, aos pés da cama uma cinta liga pendurada como se fora o gargalo da garrafa...


Garrafa de champanhe ainda soltando borbulhas à beira de duas taças
Incompletas do líquido fresco. Em uma delas nota-se a marca do batom;
Na outra, apenas, um sulco de sangue, tingindo o cristal "bico de jaca".
Dois objetos ainda inteiros mas que breve farão parte do inevitável "frisson".


Por um "ai" a mais ou a menos, rompe-se a discórdia no casal de amantes,
Que, incontrolados, gritam, gemem, mordem e se machucam como tigres no cio.
Voam pelos ares do quarto, antes, reduto do amor, agora, arena de gladiadores
As taças; a garrafa de champanhe e, bólidos explodem e caem no piso frio.


Ah!, como entender o que se passa nas cabeças de amantes inflamados
Que, deixam as carícias de lado e se envolvem num confronto inaudito?
É melhor não querer entender o amor, esse sentimento por todos ansiado
E, deixar as coisas "rolar" pois, breve, os amantes recolherão os cacos de vidros.



UMAMOR ENFADONHO



Tornou-se da noite para o dia um amor enfadonho
Repleto de "não me toques" e de incontáveis bocejos.
Se, antes, assemelhava-se a um oceano turbulento de sonhos,
Hoje, inerte, repousa em dois corpos nada sobejos.

Outrora, beijos molhados e libidinosos, explodiam em fagulhas
Queimando
sem dó nem piedade os lábios carnosos e frementes.

Ah, quantas vezes gememos de prazer e dor das carícias loucas
Dadas no arrepio da noite escura... Éramos duas almas gementes.


Passaram-se dias, meses e anos e, o tempo, esse maldito verdugo
Não nos poupou em sua ânsia desmedida de matar vidas e sonhos
Aniquilando com uma estocada fatal o coração; último reduto

Dos fracos amantes que permitiram que o amor se tornasse débil fumaça
Onde antes vicejava uma fogueira de arroubos vivos; nunca enfadonhos
Para então sucumbir num vulcão adormecido e ser envolto em fétidas lavas.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

AS TOSSES DO HERMENEGILDO!




Hermenegildo tossia, tossia e tossia.
Tossia como se isso fosse o lenitivo de sua vida.
Às vezes tossia com fraqueza, mas, sempre o fazia, com grandiosidade.
Uma vez, ele até tossiu com mediana força e não se sentiu feliz.
Gostava, sim, de tossir imitando o ribombar de um canhão.
Assim, tossindo e tossindo ele passou a vida num "zás".
Nasceu, cresceu e (não vamos falar ainda de sua morte) tossiu e tossiu.
Por inúmeras vezes a sua "tosse" lhe trouxe contragostos e pequenas desgraças.
Por exemplo, quando foi ao cinema e não deixou que ninguém escutasse os diálogos:
Tossia e tossia, principalmente quando o "mocinho" jurava amor para a "mocinha".
Certa noite, foi assistir ao filme do Tarzã e, quando, o heroi solou o seu grito de guerra,
Ele, passou a tossir desmedidamente e o "urro" do indômito selvagem ecoou na sala
Como um miado de um gatinho. Nessa noite ele levou o primeiro sopapo de uma jovem.
Hermenegildo nunca se casou.
Quando já rapagão, foi numa casa de "tolerância" e ao adentrar na alcova com uma
Experimentada "rapariga" passou a tossir e a tossir tanto que teve um espasmo e,
despejou pelo colo da "trabalhadora" uma enxurrada de um líquido visguento; também
Nessa noite ele levou não um, mas, uns quatro ou cinco sopapos.
Assim, de sopapo em sopapo; de tosse em tosse, ele foi levando a vida numa flauta,
Até que... Bem, até que um dia se deu o desenrolar dos pulmões; quer dizer das tosses.
Aconteceu que, o nosso "tosseador" (existe?) entrou num bar de 6a. categoria para degustar
Um torresmo com "água que passarinho não bebe" e entre um naco e outro adentrou
Em sua boca um bem maior, revestido de um couro nada pururuca: digamos, um pedaço avantajado.
Hermenegildo, não se fez de rogado e engoliu o "bólido" juntamente com um assopro de tosse
Que estava prestes a jorrar para fora de sua garganta, agora, entupida de torresmos.
O que se passou em seguida foi-me contado pelo bêbado "bola sete" com o beiço escorrendosaliva:
" Assim que o Herme( seu apelido) engoliu o torresmo, passou a ficar vermelho e mostrar falta de fôlego.
Imediatamente o Tonhão mão de pilão, lhe deu um tapa nos costados fazendo voar o torresmo. Interessante é que junto vieram os dois pulmões num acesso de tosse agoniado. Herme, ainda tentou sugar o ar, mas,
desabou em cima da Dita "quebra galho" e morreu em seus braços."
Hermenegildo tossia e tossia até que... TOSSSSSSSSSSSIU E, MORREU, TOSSSSSSSSSSINDO!