quinta-feira, 30 de julho de 2015

A FRASE QUE NÃO CONSEGUI ESCREVER!

Frente ao mar me coloquei  de joelhos e com a ponta da bengala me dispus a escrever a frase confissão de uma vida inteira; de uma vida de alegrias e tristezas; de amores e desamores; de ilusões e desilusões; de verdades e mentiras, enfim, de uma vida pontilhada pela incessante procura do não existente; da incessante procura pela magia do desconhecido e, por último, pela procura da tão sonhada FELICIDADE!
Vivi uma vida trilhando sendas tortuosas, escorregadias e repletas de seixos pontiagudos que muito feriram meus membros e me impigiram feridas e cicatrizes horripilantes que as trago agora, frente ao mar, expostas para serem  vilipendiadas pelo sol calcinante e pelo sal das águas que não me querem banhar, mas sim, causar mais dor ao corpo que se apega ao esqueleto como se fora a sua última âncora.
Frente ao mar e de joelhos inicio a frase que talvez, vá redimir os meus pecados e tolos anseios e, escrevo na areia fina fazendo-a folha de papel vertiginosamente branca.
No céu esplendorosamente belo algumas nuvens dançam imitando belas mulheres de um califado qualquer. O mar, ora se agiganta, ora se aquieta e, indiferente aos meus temores chega até mim e, ri, no marujar das ondas incessantes.
Algumas procelas voam indifrerente ao teatro que se descortina aos seus olhos argutos e, em revoadas magníficas se juntam as outras centenas de aves marinhas. Umas piam, outras grasnam, mas todas sem exceção não dão a mínima para mim. Com o rabo dos olhos procuro dentre elas uma, apenas uma, que de mim se apiede... tarefa inglória.
Inicio a frase, apenas um fraco sulco na areia e... uma onda a apaga;
Risco rapidamente duas palavras mas, um siri rastejou sobre elas e as apaga;
Frenéticamente escrevo três palavras, em vão, um cardume de enxovas se espadana sobre elas, e as apaga;
Fico de cócoras e escrevo quase toda a frase, mas, um casal de namorados passa e pisa nela, e, a apaga;
Fico em estado de êxtase, pois a bengala, já gasta, se torna apenas um toco, mas prossigo.
Com frenesi escrevo a frase quase por inteira, embora escrevê-la seja neste momento um ato hercúleo, quase insano, pois tenho os membros enregelados e paralisados, até porque faz cinco anos que estou de joelhos tentanto, tantando e tentando.
Pelo passar do tempo fui me enfurnando cada vez mais nas areias movediças e, trêmulo constato que só tenho o tronco fora do sumidouro. Os dedos já se foram de tanto riscar o solo arenoso. Agora, tento escrever a frase usando os cotos dos braços ( a bengala desgastou até virar uma lasca minúscula). O inverno chegou trazendo uma ventania bravia que só me faz aprofundar cada vez mais no areal.
A frase está quase completa. Faltam apenas duas palavras. Sei que vou conseguir, embora já não tenha mais os olhos (bicados que foram por um corvo), mas, mesmo assim sei o que já escrevi.
Enfim, buscando forças nos últimos fragmentos do cérebro; nos últimos estertores do coração e na última agonia da alma, escrevo:
" karina você foi a única mulher que me fez fe"
Uma golfada de água gelada despencou sobre mim e me enterrou vivo  e, eu, amaldiçoando a inútil tentativa de terminar a frase uivei e, sumi, para sempre.

terça-feira, 28 de julho de 2015

A LAGARTIXA!

A lagartixa me fez feliz por um tempo e, infeliz, também, por um tempo.
Tudo aconteceu da maneira mais bizarra possível. Estava eu, entretido em assistir um filme faroeste estrelado por Allan Lad, na sala do meu pequeno apartamento, onde, já por um demasiado tempo morava sozinho , saboreando um saco de pipocas acompanhado de uma cerveja, quando, sem querer notar, notei uma lagartixa passeando despreocupadamente pelas alvas e nuas paredes (nunca gostei de quadros) à procura de alguns pernilongos para saciar a sua fome.  Curioso pelo animal que não me dava a mínima bola, despreguei os olhos do tubo de imagem e passei a seguí-la em seu vai e vem pelas faces escorregadias das paredes. Isto tudo durou o tmpo do filme, pois, cansado de virar e revirar os olhos em todas as direções acabei me cansando e adormeci no sofá. Noutro dia bem cedo, após tomar o café e me aprontar para o trabalho, curioso, procurei a lagartixa e, para minha surpresa, não a encontrei. Dando de ombros fui trabalhar.
À noite, coloquei um filme do James Bond, preparei a pipoca e a cerveja e me refestelei no sofá. Nem tinha chegado no meio do filme, quando a lagartixa irrompeu pela parede que ladeava a janela e, sem maiores esclarecimentos, se aproximou de mim e de um salto majestoso se aninhou no meu ombro. Estático, permaneci por uns minutos, com medo de fazer um gesto brusco e a assustasse. Assim, permanecemos até que o filme terminou. Quando delsiguie a TV, a lagartixa saiu num salto doido do meu ombro e foi passear pelas paredes. Por um instante fiquei a admirando e, confesso, neste momento passei a gostar do pequeno réptil.
No dia seguinte, ou melhor, na noite seguinte os fatos se repetiram. O que mudou foi o filme: estava assistindo Dr. Jivago. Agora já intimos, ao mesmo tempo em que saboreava uma pipoca, eu, com jeito, colocava um pedacinho na pequena boca do meu bichinho de estimação. Já não estava mais solitário no pequeno apê.
Assim, se passaram duas semanas. Sempre eu e a minha lagartixa assistindo filmes até madrugada alta. De uma coisa, eu tive de tomar providências: fechar todo dia ao sair, a janela, pois, um falcão peregrino já estava de olho na minha querida amiga. Uma noite, eu me lembro com saudade, ela, se aninhou no meu ombro e passou a me lamber o rosto; me acariciando com sua língua pegajosa. Outra vez, Oh, triste lembrança, eu a vi chorar quando a mocinha se despediu do mocinho no filme Suplício de uma Saudade e, chorou copiosamente ao ouvir a bela melodia.
Fomos felizes até que...
Até que, um dia ao sair atropeladamente de casa, atrasado para pegar o circular, esqueci de fechar a janela e, quando cheguei, constatei horrorizado de que a minha amada companheira tinha sido devorada pelo "maldito" falcão ( tinha várias penas no chão e alguns pedaços ensanguentados dela).
Por vários dias chorei a dor da perda e deixei de assistir os meus filmes prediletos. Sofri muito, pensei até em dar cobo da vida, mas...
Mas, a vida continuou para mim e um bela noite coloquei no vídeo o filme Janela Indiscreta e, me espreguicei no sofá, peguei o saco de pipocas e o copo de cerveja e iniciei a sessão. Tudo transcorria dentro da normalidade, quando sem mais nem menos, vi uma aranha passeando pelas paredes alvas e nuas. Tremendo de emoção, esperei pacientemente que ela viesse pousar em meu ombro (para quem mora sozinho qualquer alma vivente é um prêmio).
Durou três noites até que ela tomasse coragem e viesse me acariciar. Na janela fechada eu acreditava ver a figura do falcão peregrino, mas, desta vez, eu não ia cometer o mesmo erro. E, o inevitável aconteceu:  cansado de assistir os Dez Mandamentos, adormeci e, quando acordei senti uma dor angustiante no pescoço. Ao passar a mão senti os pelos eriçados da aranha que tinha cravado suas presas em minha jugular. Paralisado pela ação do veneno só pude ver o falcão peregrino bicando o vidro da janela... e, pensar, que ele poderia ter me salvo. Num último estertor, consegui pronunciar as minhas palavras finais:
" Saudade da minha doce lagartixa... Maldita aranha asquerosa e traiçoeira". Ouvi, ou não ouvi, que sei eu, do leito da morte, uma gargalhada que mais parecia sair da garganta de uma mulher.

domingo, 26 de julho de 2015

O PIRILAMPO!

O Pirilampo passeava pela floresta sem medo de nada. Tinha no escuro o seu mundo, já que, para ele, a luminosidade é inato.  Seguindo-o, eu ia, sem medo de tropeçar ou de me deparar com um carrascal de cipós  espinhentos. De quando em quando, um curiango mais atrevido, voava sobre minha cabeça e me assustava, mas, nada que me fizesse desistir de seguir em frente. Mesmo quando uma coruja sotuerna piou desconsoladamente no galho mais alto de um Jatobá, eu abrandei os passos. Qual nada, seguia indômito atrás do Pirilampo floresta adentro à procura do que sabia que não ia encontrar, mas, aos trancos e barrancos, seguia. O que me fazia não desistir era a constãncia da lanterna viva que me precedia. Nada era capaz de fazê-lo titubear; nada era capaz de fazê-lo um caminhante trôpego, e, se ele, apenas um inseto enfrentava com galhardia a tétrica escuridão da floresta, quem diria eu, um homem vencedor nas lides do dia a dia, embora, um pouco desgastado pela desilusão de ser defenestrado sem mais nem menos pela princesa do bosque florido dos meus sentimentos. Mas, isto não vem ao caso agora. Agora o que importa é seguir; é atravessar a mata.antes que o sol apareça com sua enorme preguiça nestes dias frios de outono. E, por que devo atravessar a mata  na calada da noite? Talvez, quem sabe, é porque trago em minhas mãos um horrível sapo que poderá um dia se transformar em uma princesa?, ou, então, o medo de dar de cara com a "mula-sem-cabeça?", ou com o astuto Saci pererê? Sei lá. A única certeza que tenho  é que devo seguir ferrenhamente o Pirilampo por mim escolhido para me guiar dentre os troncos enormes das árvores que dão abrigo aos Pirilampos. A madrugada chegou  e, com ela a luz embaçada pela neblina que pairava no ar.  Eu, estava cego desde que um dia eu deixer de ver. O Pirilampo ficou cego com a luz e procurou abrigo em um dos meus olhos (para ser mais preciso o direito). De imediato senti o inseto se amoldar na cavidade oca do que antes tinha vida. Num átimo de segundo vi! Vi as folhas verdejantes; vi o arco-íris, vi uma borboleta; vi pássaros e o mais importante; vi, o quanto eu estava ferido; lanhado pelos espinhos e, vi, a minha imagem refletida num espelho de água. Hoje, sou infinitamente feliz por ter um olho que me faz ver o quanto a vida é bela. Se tive problemas com o novo olho? Não sei dizer se é problema ter que sair toda noite para que o meu olho-Pirilampo passei pela noite e ame as suas preferidas Pirilampas.
É muito bom deixar de ser cego. Uma noite em que passeava com o meu inseto-olho num breu desmedido de uma noite tenebrosa compreendi que ele, o fez, por mim, quando saiu da noite e enfrentou a claridade da madrugada.
Estou tão feliz que até me esqueci da mulher que me fez cego.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

SOBRE A FRAGILIDADE DA VIDA!

A vida é frágil, terrivelmente frágil.
Desde sábado pp. que estou amargando uma crise de Labirintite. No início, ao me levantar e sentir tudo rodando; as pernas bambas, pensei de imediato que estava tendo um AVC. Nunca tinha passado por isto. Relutei em ir ao Pronto Socorro, mas, acabei indo no período da noite. Lá para minha sorte fui diagnosticado com Labirintite. Tomei soro, e um dramim e voltei feliz... não era grave. Devo confessar que até então estava temendo o pior e, nestas horas constatei o quanto a vida é frágil. Estamos bem e repentinamente passamos a viver o terror de algo pior nos atingir. De que valem as riquezas; os bens materiais, as brigas passionais, o rancor, a maledicência se, num átimo de segundo, tudo isto se desmorona?
Do Pronto Socorro além de constatar a não gravidade do meu problema, tive a grata surpresa do guarda de imediato não permitir a entrada de minha esposa achando que eu tinha 55 anos. Ainda estou bem, apesar de em setembro próximo completar 70 anos. Hoje, voltei a dirigir e a reiniciar minhas atividades literárias.
A fragilidade da vida   explode no dia a dia em suas mais terríveis aparições: uma bala perdida; um assalto por moleques imersos no crak; uma briga de trânsito; uma síncope cardíaca, um AVC fatal, um atropelamento... raro mesmo é ter a vida prolongada por um prêmio de loteria.
O importante é gozar a vida com aquilo que nos foi dado. Ser feliz é a receita mais eficaz para atingrimos os 80 e tantos anos.
Sou feliz como sou e, com certeza, chegarei lá.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A FELICIDADE POR UMA TATUAGEM!


A Britânica Sadie Sellers, de 77 anos resolveu realizar uma antigo sonho; Tatuar-se. Assim é que num belo dia fugiu do asilo e foi juntamente com sua neta para fazer a tatuagem dos seus sonhos: um coração sobre a sua pele. Feita a tatuagem foi perguntada se não temia represálias dos "ditos" moralistas. Dando de ombros respondeu: " EU NÃO ME IMPORTO COM ISSO". E, acrescentou: Quando você chega à minha idade, você só tem que viver a vida ao máximo todos os dias.
É isso aí! Feliz é a pessoa que realiza o seu sonho, não importando se ele parece esdrúxulo aos olhos dos censores, praticamente, todos, falsos moralistas.
Por um tempo eu venho pensando em tatuar a seguinte frase em meu ombro: " A POESIA VIVE EM MIM". Sei que quando o fizer e o vou fazer, escandalizarei amigos, parentes e os radicais em seus conceitos ultrapassados. A vida é uma só e, ela nos pertence em sua totalidade. A pergunta que deixo é a seguinte: será que os "certinhos" vão se suicidar quando eu morrer? Ou, contarão anedotas e cada qual seguirá a sua vida?
Dizem que só os loucos se atrevem a enfrentar e quebrar as regras dos bons costumes; é o contrário, estes são livres como pássaros e sábios; tolos são os que se escondem em falsos princípios e, se arvoram de moralistas. Para estes, o futuro é uma perda de tempo... é viver constantemente no breu da ignorância.
Parabéns a Senhora Sadie Sellers.

terça-feira, 21 de julho de 2015

A SARJETA!

A sarjeta estava suja de dar nojo.
A enxurrada chegou e lavou a sarjeta, que ficou limpa, de dar gosto.
Sempre que eu podia ficava horas e horas deitado na sarjeta: e, era bom.
Algumas vezes um bêbado distraído jogava uma bita de cigarro sobre mim;
Outras vezes era um cão vira-lata sarnento que mijava sobre o meu corpo.
Nada disto me importava: o que eu gostava mesmo era de tirar um cochilo ao relento.
Quando a tarde se ía e a noite chegava eu me cobria com uns jornais velhos e dormia.
Sempre gostei de dormir ao relento e, adorava quando a coruja piava no cimo da Matriz.
À noite, na sarjeta eu sonhava os sonhos mais deliciosos que me embalavam.
Pesadelos se os tive, não sei dizer, mesmo porque, eu dormia embriagado   de estrelas.
Quando a Lua teimosa não aparecia eu me contorcia todo e ficava na forma fetal.
Mas, se a Lua, aparecia, eu me esticava todo e ficava até com dor no pescoço de olhá-la.
A sarjeta já estava se amoldando ao meu corpo, como o barro se amolda nas mãos do oleiro.
Éramos, por assim dizer, um corpo uno, e, o que um sentia o outro também sentia.
Não éramos amantes, pois há muito deixei de amar o que quer que seja, embora ainda sinta.
A sarjeta toda tarde expulsava do seu leito as misérias do dia a dia, para me receber.
Nunca, mas, nunca mesmo, ela me contrariou, mesmo quando uma vez eu defequei em si.
Certa vez, ela implorou para que eu não recebesse outro corpo em seu leito nupcial.
Relutei muito em não fazê-lo, mas uma noite de breu eu fiz amor com uma prostituta.
Assim que amanheceu, choveu torrencialmente e levou a prostituta e seus cabelos para longe.
Em represália, a sarjeta, deixou de me receber por três noites, onde dormi no banco da praça.
Quando, amuado, regressei para os seus braços (da sarjeta) ela se regozijou e me fez festa.
Assim, vivi, durante mil anos, até que o tempo me fez pedra e me colou às pedras do leito.
Hoje, sou uma sarjeta que recebe os escarros; os mijos, e as podridões dos homens.
Se sou feliz ou não, pouco me importa, o que importa é que não sou mais HUMANO.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O VULTO!

O vulto sempre teimou em não me deixar;
Por onde que eu andasse ele era a sombra
Que me perseguia sem nunca desanimar.
O vulto sempre nu, nunca, vestido de roupa.

Com luar ou com o negrume da noite misteriosa
Ele me acompanhava sem sequer fazer ruído.
Para mim, ele era, os sonhos de outrora
Ou, as desilusões que me levaram ao abismo.

Pouco lhe dei importância por sabê-lo inerme,
Um seixo jogado na estrada que leva ao nada.
Algumas vezes senti piedade como se um verme
Vivesse em suas entranhas de ser um pária.

Ah, até que um dia, tive a maior e odiosa surpresa,
Quando ele, sem pedir licença, de mim se apoderou.
Imiscuiu-se em meu corpo e possuiu minha alma
Como se fosse o tigre que a presa conquistou.

Com ele, vivi, por séculos e séculos  uma vida dupla
Sentindo o peso de se carregar um oceano de mistérios.
Tive-o, nas noites em que amei belas mulheres de rua,
Ou, nas alcovas em que possuí corpos tesos e ébrios.

Porém, hoje, já não mais o desejo ao meu lado, silente,
E, tudo faço para expulsá-lo do corpo, do coração e da alma.
Para isso, conquistei um novo amor, que me faz fremente
E, ignoro o vulto, que chora e suplica ao meu corpo, sua volta.

sábado, 11 de julho de 2015

A TAPERA!


Perdida nas entranhas do grotão envolto em neblina
Deixei a tapera por onde habitei uma vida infeliz.
Nela sonhei e tive pesadelos dantescos em noites vazias
E, fui homem ou espectro de homem, quanto muito quis.

Cheguei à tapera numa tarde de choro e muito desespero
Tentando me afastar daquilo que sempre me martirizou.
Andarilho, palmilhei as sendas da desilusão e do medo
De em chegar, encontrar o vulto que sempre me acompanhou.

Num repente, tomei posse dos míseros aposentos abandonados
Por alguém, que, quem sabe como eu, tem a alma em ruína.
Jogado os trastes no chão de terra batida tendo os pés esfolados
Me banhei num mar de lágrimas que vertiam das baças pupilas.

A primeira noite foi povoada de imagens tristes e assustadoras
Que me fizeram gemer como se fora a presa nas garras do tigre.
A madrugada chegou silente e me despertou da modorra
Em que estava para mais um dia de insidioso avilte.

Estava fugindo de um amor que me deixou ausente da felicidade
Atirando-me sem dó nem piedade no abismo da desilusão
Como se eu fora apenas uma pedra e, nunca, um belo jade.
Sim, uma pedra inerte, fria abandonada no leito do grotão.

Por um século fui morador desta tapera que só abriga fracassados
Ou, mesmo, desiludidos e desterrados do amor que sonharam.
Para que meus pés não criassem raízes no sujo e vil ninho,
Saí, cambaleante, sem notar que as paredes frágeis desabaram.

Fugir do grotão se tornou o meu lenitivo para recomeçar uma vida
Sem sonhos, sem ilusões, sem amor e sem vontade de viver.
Se, fui feliz ou infeliz na tapera só o tempo, quem sabe, um dia dirá.
O que sei e bem sei é de que da TAPERA, eu nunca vou me esquecer.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

PASTOR EVANGÉLICO TIRA UM RATO DA BARRIGA DE UM FIEL!

Deu na Net: um pastor tirou um rato da barriga de um fiel. É incrível a capacidade de que os pastores evangélicos possuem de produzirem "milagres"de todo o tipo. Basta ligarmos o aparelho de TV para assistirmos uma quantidade infinita de "milagres". É um que deixa a cadeira de rodas que usou por mais de vinte anos; é outro que volta a enxergar depois de ficar cego; é aquele que sarou repentinamente de um câncer devastador; ou, a senhora que sarou da paralisia de ambos os braços, sem falar das centenas de "almas" crédulas que alcançam a certeza do céu após comprar uma toalhinha ou se molhar no suor do  " milagreiro". Milagre mesmo faz a água. Todos se pautam neste bendito líquido para produzirem seus milagres. É barato e não faz mal à ninguém. Não prejudica quem receita e nem quem toma. De ler um pouco a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, fiquei sabendo de que o Filho de Deus, Jesus Cristo, não fez mais que uma dezena de milagres. Já os pastores evangélicos estão fazendo uma média de cem milagres por dia claro, de acordo com quanto $$$$$$$$$ entra nos seus cofres já abarrotados pelas ofertas dos "pobres" e crédulos incautos. Se Jesus, andava montado em um jumento, os mesmos voam em seus jatos particulares e descansam em suas mansões. Já temos templo evangélico parecido com o palácio de Babilônia. Hoje, o tempo destinado e por eles comprado na televisão se restringe quase que exclusivamente para pedir dinheiro na cara dura. É uma ânsia desmedida em tirar dinheiro do povo já acharcado pelos impostos e roubos dos nossos representantes de colarinho branco. Tudo o que relatei também se aplica a outras seitas, inclusive ao catolicismo. Tudo se resume em abarcar a maior quantidade de $$$$$$$$ possível. Para o pecador, o inferno; para o salvo, o céu. Este é o lema que abastece os cofres dos "falsos profetas".
Como se o $$$$$$$$ comprasse a dignidade, o respeito, a honestidade, a fidelidade tornando o dizimista ou contribuísta um forte candidato para habitar, pós morte o paraíso.... que, ninguém, alma alguma, desde que o mundo é mundo, veio, aqui na Terra, contar de sua existência, ou não.
ESTA É A MINHA OPINIÃO.
A pergunta que fica ainda sobre o rato é: POR ONDE O RATO ENTROU?

terça-feira, 7 de julho de 2015

A PRESIDENTA DILMA NÃO É 10!

Sim, a presidenta Dilma não é 10; ela é 9!
Saiu na última pesquisa IBOPE: A avaliação da presidenta deu 9; isto quer dizer, de que de 100 entrevistados, 91 desaprovam o governo da Presidenta Dilma. A situação está desastrosa para a nossa mandatária. No governo passado ela nadava em águas mais calmas e frutificantes. Hoje, ela navega em águas tumultuosas; em águas profundas e escuras e, o barco em que controla o leme está propenso a naufragar e levar com ele todo o seu "staf". A situação esta calamitosa em todos os níveis da sociedade. A conta da luz parece que despertou de um sono profundo e está com uma voracidade infinita de aliviar os bolsos dos "pobres" brasileiros. Parece que desde o dia em que Édson descobriu a lâmpada, as companhias energéticas querem recuperar mais e mais $$$$$, não importando de onde saem os suados cruzeiros. Para isso, buscam na natureza as desculpas para saquearem os consumidores. Uma hora são as enchentes; outra hora, as secas; daqui a pouco são os raios. logo mais as queimadas, enfim, tudo são motivos para colocarem a famigerada "bandeira vermelha", nas contas.
A saúde do povo tupiniquim então nem se fale; basta irmos às farmácias para constatarmos a real saúde do indivíduo. As Drogarias estão fervendo de doentes e, os remédios estão à hora da morte (sem falso trocadilho). E, os alimentos? Tem gente já trocando os tipos de carnes e qualidades. Se antes era possível comer um filé mignon pelo menos uma vez por mês, hoje, só uma vez por ano e, olha lá. Mesmo os legumes e verduras já estão se distanciando de nossas mesas. A coisa tá braba!
As indústrias demitem diariamente seus empregados; o comércio está em bancarrota: tudo o que abre, fecha alguns meses depois. A educação está no pior nível, a ponto de 500 mil candidatos ao ENEM, tirarem ZERO na redação. Por isso e por tudo o que assistimos na Mídia dia a dia - Corrupção,subornos, trapaças; ladroagem, acharques, é que levou a Presidenta Dilma a não conseguir 10. É presidenta, se continuar assim e não estudar com mais afinco e responsabilidade os "problemas brasileiros" e, resolvê-los, a senhora certamente será reprovada pelos milhares de professores que não terão consideração em lhe dar um Z E R O, do tamanho do roubo da PETROBRAS.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

MEUS BRINQUEDOS DE CRIANÇA!

Ah, que saudades sinto dos brinquedos
Que povoaram  os meus dias de criança,
Quando os sonhos eram simples desejos
De brincar e ser feliz nas festas e festanças.

Eu tinha uma caixa de sapatos e quatro carretéis
E, com eles, construí o mais belo caminhão.
Pela rua empoeirada eu carregava os "réis"
Abarrotados na carroceria para comprar o pão.

Com seis xuxus verdes e alguns palitos pontudos,
Num instante mágico que muito me alegrava
Eu tinha uma manada de bois, todos marrudos,
À minha mercê e, claro, algumas gordas vacas.

Rasgando uma folha branca do caderno de caligrafia
Usando da habilidade pertinente a um construtor
Criava um barco que em suaves rodopios navegava
Pela sarjeta embalado pela enxurrada que vinha dos morros.

Um caco de telha me bastava para riscar a amarelinha
Na calçada de cimento que ladeava a imponente Matriz.
Vinham as meninas e rindo saltavam como ágeis cabritas
Os quadrados, sempre ganhando e, me faziam feliz.

Com os "réis" amealhados no ofício de engraxar sapatos
Comprava dúzias de bolinhas de gude, que pareciam vidros.
Jogando "picova", ganhava ou perdia, não importando o ato.
Importava sim, bater as bolinhas e ouvir o suave tinido.

Quando tinha às mãos duas latinhas de maça de tomate
E, alguns metros de linha de carretel da mais grossa
Construía em um instante um perfeito telefone
Para falar com a menina cujo pai me deu uma coça

Com um aro velho da roda de uma bicicleta
E, um arame grosso encurvado na ponta
Eu rodava a armação pelas ruas sempre desertas
Da várzea dos passarinhos numa corrida louca.

Ah!, quantos brinquedos eu tive nos meus dias de inocência
Sendo todos eles por mim construídos e guardados com carinho.
Tenho deles a melhor das recordações nestes dias de sonolência
Em que vivo. Longe deles, sou infeliz. Hoje, senil, não mais brinco