sexta-feira, 21 de julho de 2017

A MULHER DO CHAPÉU CARMIM


A mulher do chapéu carmim é  charmosa e intrigante...
Sentada à mesa de um bar ela se faz meiga e altiva,
Oferecendo aos olhares embevecidos de atônitos passantes
A visão esplendorosa, sensual, de uma exótica orquídea.

Toda tarde, ela, desfila, o seu porte, de mulher requestada,
Pelas ruas, por onde passa, como se fora, um místico vulto.
Quando o vento da tarde outonal balouça os seus cabelos,
O chapéu de carmim, enciumado, ferido, mais se aviva .

Para vê-la é necessário ter os olhos voltados para o belo,
É fitá-la, sem que, outros tolos, se desfaçam, incrédulos,
Da visão magnífica que faz a alma vibrar, num arroubo, feliz.


Eu, sei que para tê-la, devo me transmudar, em amante insano,
Destituído da lucidez, para que, ela, navegue em meu oceano.
Junto a ela, sei que terei o céu e, claro, O CHAPÉU CARMIM.







terça-feira, 18 de julho de 2017

QUANDO ME QUERES!



Quando me queres...
O Sol brilha com mais fulgor,
A Lua agiganta-se no céu,
O mar baila endoidecido de volúpias,
A paz inunda o corpo de langor.


As estrelas refulgem extasiadas,
Os pirilampos inundam os jardins,
As mariposas dardejam em delírios,
O amor inunda a alma apaixonada.

O coração pulsa em descompasso,
Os olhos emitem chispas de fogo,
O ventre arfa na agonia da espera,
O desejo inunda o sexo tumefato.

Quando me queres...
Sou volúpia, êxtase e delírios.


Do meu livro de poesias eróticas: DE VOLÚPIAS, ÊXTASES E DELÍRIOS.
EDIVALE
PAG.32


domingo, 16 de julho de 2017

A NAU DOS AFLITOS!

Cheguei no Porto muito antes da hora marcada em que  a Nau dos Aflitos ia zarpar. A noite estava escura, tanto no firmamento, quanto, dentro da minha alma.Uma dúzia de aflitos, como eu,  esperavam para embarcar. Um vento gélido e barulhento fustigava o meu rosto e o dos miseráveis, que, se compraziam em expor o corpo nu para as cruéis vergastadas do vento; nosso primeiro algoz.
Já há muito que eu vinha procurando uma maneira de ser aceito pelo Capitão da fatídica Nau, porém, ele sempre achou que eu não estava enquadrado no cruel sentimento da AFLIÇÃO... Era muito rígido quanta às regras, tanto é, que somente este grupo de desgraçados,  foi aceito por ele.
A Nau não era muito grande. Era um velho barco adaptado para receber miseráveis e, almas desgarradas. Era negro como azeviche. Só tinha o Capitão. Não tinha tripulação. Foi nos explicado por ele, que,  os AFLITOS, conduziriam a Nau, pelos mares e oceanos jamais existentes.
Às duas horas em ponto, madrugada alta, soou o apito. Era o sinal para adentrarmos na Nau. Neste instante, um cão esquálido, esfomeado, uivou... um uivo doído; mais um lamento, do que um urro de um cão feliz. Também era um AFLITO.
As amarras se soltaram e rangendo como os ossos de um esqueleto jogado às margens do caminho, ele se pôs em direção ao alto mar. Como um sonâmbulo, passos trôpegos saí, cambaleando pelo convés de tábuas encardidas para conhecer a Nau que nos levaria para lugar algum... ou, se tivéssemos sorte, para o abismo incomensurável, dos monstros abissais. Em nenhum momento nos falamos. A linguagem adotada era o choro e o ranger dos dentes. O Capitão nunca se apresentou para nós. Mais tarde soube, que ele era um fantasma... uma alma penada.  A Nau seguia sem ir. As estrelas e a lua se recolheram em suas redomas. O mar uivava como lobos atacando o Alce indefeso. Tudo era sinistro.
Os dias e as noites se foram sucedendo. A Nau, ora seguia adiante, ora retrocedia, ora girava como um pião. Já no terceiro dia, não mais existiam as velas. Uma tempestade de indizível proporção se encarregou de destruí-las: rotas, esgarçadas e esfarrapadas, serviam de lenço para enxugar os prantos dos amaldiçoados que se contorciam em dores inenarráveis... dores da alma.
Era madrugada fria e desumana quando o primeiro dos castigos dos AFLITOS aconteceu, e nos deixou assustados, embora soubéssemos que nunca teríamos complacência de ninguém, nem da natureza.
E veio pelo mar.
Uma onda gigantesca virou a nossa Nau de cabeça para baixo. Num átimo, mergulhamos nas gélidas águas glaciais. Eu, senti os pés pisarem o fundo do abismo. Incrível, continuava respirando. A morte nos vomitou para cima e nos jogou dentro da Nau, que aprumada, seguia velejando. A morte não quis aliviar nossas decepções, agruras e aflições... Maldito destino.
A Nau singrava as águas escuras e traiçoeiras à revelia. Não tinha leme, bússola, sextante... nada que nos orientasse. Nem as estrelas apareceram para nos guiar. Éramos um bando de desgraçados e amaldiçoados.
O segundo castigo veio pelo ar. Dezenas de albatrozes famintos pousaram na Nau e se deleitaram com nossos olhos . Quando, já saciados, alçaram voo, deixaram deitados pelo chão sujo e nauseabundo um monte de corpos cegos. A partir de então, era comum darmos esbarrões e trombadas que nos atiravam para todo lado... Oh! desafortunados.
A Nau, após um século navegando sem rumo algum, começou a se desmanchar. Durante a noite o som das madeiras se rompendo se confundiam com o ranger dos dentes dos abandonados AFLITOS.
Passaram-se três séculos e, ainda estávamos singrando os mares deste mundo que nos abandonou quando uma tormenta arremeteu a Nau de encontro a uma praia deserta.
Enfim, pensei, chegamos ao nosso túmulo. Ao nosso desterro. À nossa última morada.
Esfarrapados e cegos; famintos e machucados, descemos e caminhamos por duas décadas, até que encontramos o que nos cabia:
Seres monstruosos, sem olhos, sem boca, sem pernas e braços, nos receberam e, nos deram as boas vindas ( riam e nos olhavam e caminhavam e dançavam ao nosso redor). Num instante, nos tornamos semelhantes a eles e... fomos monstros.
Ah, por eles soube que o Capitão era um fantasma... era o corpo reencarnado de um facínora que aterrorizava os sete mares. De 500 em 500 anos ele descarregava um grupo de AFLITOS na Ilha dos monstros que um dia ousaram serem felizes... Ah, felicidade, grande tolice.
Ficamos em euforia, quando soubemos que daqui a 500 anos teríamos visitas...visitas de AFLITOS.

INSCRIÇÃO NO PRÊMIO JABUTI 2017

HOJE, DEVEREI FAZER A INSCRIÇÃO DO MEU LIVRO INTITULADO : A MENINA QUE SOLTAVA PÁSSAROS, DE CONTEÚDO ECOLÓGICO, PARADIDÁTICO, NO CONSAGRADO PRÊMIO JABUTI 2017.
FAREI A INSCRIÇÃO PARA O MELHOR LIVRO INFANTO-JUVENIL E CAPA.
CONCORRER, É NECESSÁRIO... GANHAR, É NECESSÁRIO.
OS DADOS ESTÃO LANÇADOS. SÓ AGUARDAR O RESULTADO.
TORÇAM POR MIM. O UNIVERSO TAMBÉM, O FARÁ.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

HOJE, 113 ANOS DE ANIVERSÁRIO DO MAGNÍFICO POETA CHILENO PABLO NERUDA.

Hoje, Pablo Neruda estaria completando 113anos. É um dos poetas que mais cultuo. Está sendo relançado o livro "CONFESSO QUE VIVI", que tive a oportunidade de comprar em espanhol quando estive visitando suas três casas no Chile. A primeira em Santiago, a segunda em Valparaíso e a terceira, a mais mística de todas, em Isla Negra.
Prêmio Nobel de Literatura juntamente com Gabriela Mistral constituem os ícones literários do Chile.
Neruda escreveu sobre o amor. ´São lindos os poemas constante do livro > "Os versos do Capitão".
Ir ao Chile e, não visitar Isla Negra é o mesmo que ir à Roma e não beijar o Papa.
Breve voltarei lá.

ÓCIO LITERÁRIO.



Sim, estou vivendo um ÓCIO LITERÁRIO. Passo o dia todo na rede na casa da minha irmã, onde estou, provisoriamente, ou, sob ás arvores do meu sítio.O que faço?
Fico com os olhos fechados olhando para o nada. Nada faço, mesmo porque, nada sei fazer, a não ser ler e juntar palavras. No meu ócio literário eu vou colhendo as palavras, armazenando-as no meu cérebro e, depois, o ligo, como um liquidificador, misturando tudo, fazendo uma argamassa literária. Quando pronto vou modelando conforme a minha alma pede, sem pressa, sem suor, sem cansaço.
Nesta contemplação do NADA, escrevo o TUDO!
Sei que as pessoas me chamam de preguiçoso, até mesmo de vagabundo,pois, para estas pobres almas o trabalho reside em molhar o corpo de suor. Ser escritor, romancista, contista e poeta, neste nosso inculto Brasil, é o mesmo que pedir lume à fogueira extinta. Nem as brasas refulgem.
Mas, mesmo assim, vou continuando a minha lide literária.
Vivo no ócio? E, daí, que se afoguem mo mar da curiosidade insidiosa aqueles que me olham com olhares vesgos, de pura maldade. Para estes, digo: enquanto houver Lua, Sol, Estrelas, Pássaros, Insetos, Flores ... e, mulheres bonitas, viverei, no ÓCIO LITERÁRIO.
QUEM VIVER, VERÁ!

O ENCONTRO!





A ansiedade de conhecer a mulher do sorriso sutil
Deixou-me, deveras, excitado, como um colegial.
Fiquei dias sonhando com o paraíso: o céu cor de anil,
Sendo embalado por querubins... a corte celestial.

Senti-me privilegiado por ter sido o eleito
Da bela mulher dos retratos que tinha às mãos.
À noite, fitava-os, sonhador, no aconchego do leito
E, dormia e, sonhava e, vivenciava... uma linda visão.


E, a noite do nosso encontro, chegou, no riscar de um raio
E, a Lua altiva, resplandescente, acompanhou-nos, pela serra,
Até o místico e lindo restaurante... o nosso ninho de afagos.



Por horas, desdenhamos o que se passava ao redor do mundo,
Para vivermos apenas o idílio... nada fútil; nada de quimeras.
Horas?, séculos?, que importa?, fomos, astros, do Universo.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

INCONSTÂNCIA



DE FLORBELA ESPANCA DO  LIVRO DE MÁGOAS.


Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!


Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol  que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!


Passei a vida a amar e esquecer...
Atrás do sol dum dia outro aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...


E este amor que assim me vai fugindo
 É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

domingo, 9 de julho de 2017

HORAS RUBRAS - SONETO DA POETISA PORTUGUESA FLORBELA ESPANCA, DO "LIVRO DE MÁGOAS"



Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...


Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata pelas estradas...


Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...


Sou chama e neve branca e misteriosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Florbela Espanca teve uma vida breve e intensa.Nasceu a 8 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa, no Alentejo,tendo se suicidado em Matosinhos em 1930, ( JÁ TINHA TENTADO UMA VEZ) no dia do seu aniversário.
Escreveu apenas um livro : O LIVRO DE MÁGOAS.
Poetisa da dor, pela inexistência de um amor em sua vida.
Viveu em Évora, cidade Portuguesa, fundada pelos romanos.
Devo ir o mais breve possível ao País dos meus queridos poetas, Pessoa, Florbela, Camões e, tantos outros.
"A POESIA MORA EM MIM".

segunda-feira, 3 de julho de 2017

O SORRISO




O sorriso da mulher que me cativou inebria  a alma,
Como se ela tivesse se embebedado numa taça de vinho,
Ou, mesmo, se embriagasse com gotas de absinto...
O sorriso dela é mais enigmático do que o da Mona Lisa.

Sorri, e, assim, o fazendo, deixa à mostra os dentes de nácar
Que refulgem, quando recebem os raios do sol, iridescentes.
Quando, os seus lábios se entreabrem, o rosto fica refulgente,
E, a imagem, bela, se cristaliza, numa joia, em minha alma.

Oh! intrigante mulher , que oculta de mim, a sua "lenda pessoal",
Fazendo-me revirar no leito, em crise de sonho... sonho sensual,
E que nada me promete, inda que eu implore ; nada me diz.

O sorriso da bela mulher que me fez escravo nas noites frias,
Das migalhas que me conta, daquelas que ela sorrindo, desfia,
Me fazem por ora, um sonhador relutante; um admirador feliz.