quarta-feira, 27 de junho de 2012

O ESPELHO



Um dia ele se olhou no espelho como fazia todas as manhãs e, se assustou.
Pudera! Não reconheceu o homem que estava à sua frente.
Realmente era um outro homem.
Ele que nunca dava risadas, viu, frente a si, um homem risonho:
Ele que nunca perdoou, viu frente a si, um homem cheio de virtudes;
Ele que nunca teve uma palavra de carinho, viu frente a si, um homem romântico;
Realmente, pensou, desconsolado: não era ele que estava do outro lado do espelho.
Angustiado e desnorteado, pensou em quebrar o espelho; em destruí-lo com furor;
Pensou também em dar um tiro de garrucha no homem que não era ele, ou era?
Se era ele, por que tinha o semblante leve e feliz se ele era grotesco e infeliz?
Então, teve uma ideia que o fez saltitar de felicidade: Olharia em outro espelho.
Abriu a porta do guarda-roupas e por um instante ficou de olhos fechados.
De olhos fechados pela insegurança de ver desmascarada a sua esperança, ou não?
Lentamente abriu os olhos e constatou um outro homem diferente do primeiro:
Um outro homem que não era ele, pois, este além de estar nu, era bonito, forte, e viril.
Irado, como sempre o foi, se aproximou mais do espelho e vociferou entre dentes:
Desgraçado!, e descarregou a arma sem dó e nem piedade e, passou a gargalhar como louco.
Como louco ele viu a imagem do homem que não era ele sair em desabalada carreira.
Por um fragmento do vidro que ficou, viu, não um homem, mas sim uma mulher nua.
Nua, na cama, estendida, envolta em lençol, sua mulher, lamentava o abandono do amante.
Era um homem sem imagem... Um espectro à vagar sem rumo pelas noites da vida

segunda-feira, 18 de junho de 2012

GIZ, QUADRO-NEGRO E APAGADOR



Terminei o primeiro volume. Ao todo são 164 páginas. Terminei quando a professora irá iniciar a profissão sonhada, ou seja, lecionar. O segundo volume já está em andamento. Reflete a saga da professora em todos os cargos do magistério até a aposentadoria. Deverá resultar em mais ou menos 180 páginas. É muito complicado escrever um romance. São muitos personagens e a trama é intrínseca. Não se pode perder o fio da meada. É um desafio diário. O Importante é não desanimar. No final os louros serão colhidos.
O primeiro volume já foi para a revisão. Antes de lançá-lo vou lançar o livro de poesias Do corpo, da alma e do vento. Este ano a colheita será intensa.
O meu cérebro às vezes parece que vai estourar de tanta criação literária. Estou feliz, muito feliz.

domingo, 17 de junho de 2012

O QUE SERIA



_ Das feras, se não fossem as sombras?

_ Dos hipócritas, se não fossem os pecados?

_ Dos amantes, se não fossem os desejos sexuais?

_ Dos iracundos, se não fossem os deslizes dos amigos?

- Dos janotas, se não fossem os prazeres da vida?

- Dos miseráveis, se não fosse a ambição?

- Dos hipocondríacos, se não fossem as doenças?

- Dos mentirosos, se não fossem os crédulos?

- Dos cientistas, se não fossem as descrenças?

- Dos déspotas, se não fossem os fracos?

- Dos ladrões, se não fossem as sombras da noite?

- Dos falsos profetas, se não fossem as promessas de salvação?

O QUE SERIA DO ESCRITOR, SE NÃO FOSSEM AS PALAVRAS ?
( Certamente, eu não estaria escrevendo estas considerações)

quinta-feira, 14 de junho de 2012

UM CONTO MINIMALISTA

RETIROU O COELHO DA CARTOLA E, FAMINTO, SE DESPEDIU DA PLATÉIA.

domingo, 10 de junho de 2012

UM CONTO MINIMALISTA

QUANDO NASCEU, CHOROU O LEITE DERRAMADO.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O ENSIMESMAMENTO DE LÍDIA



Nunca quis ser flor; sempre optou por ser botão e,
por isso, nunca abriu.
Quando pôde ser ostra, preferiu a união das conchas e,
assim, unida, não permitiu que a sua pérola visse o mundo.
Uma vez, sentindo-se estrela, seguiu de rastro por dentre
o negrume do Universo e sumiu por detrás de um astro.
Um dia, teve a oportunidade de ser a preferida do harém,
porém, acanhada, fez-se sombra projetada no vão escuro da tenda.
Ensimesmada, retraiu-se em posição fetal e,
enrodilhada, procurou refúgio no abismo das desventuras.
Lídia, bela mulher que um dia resolveu não ser feliz e,
Infeliz, tornou-se pupa eterna, ao invés de ser borboleta efêmera.
Por um ensimesmamento, Lídia, deixou de amar e se fez rocha.
Um século se passou... Um dia, munido de um cinzel deparei
com a Lídia- Rocha, ou, Rocha-Lídia e, com entalhes vigorosos,
Esculpi uma estátua de uma mulher bela e sedutora: Lídia...
Uma fada esvoaçou sobre ela e bafejou em suas narinas e,
Num átimo a estátua ganhou vida e eu, ganhei a bela mulher...
Hoje, pelo amor, Lídia não fica mais ensimesmada...
É flor entreaberta;
É ostra exibindo sua pérola;
É estrela brilhando no Universo;
É a rainha do harém,
É borboleta dardejando dentre as flores
É Lídia...