sábado, 28 de novembro de 2009

LIVRO DO DESASSOSSEGO - FERNANDO PESSOA

14.
Saber que será má a obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos,fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. Essa planta é a alegria dela, e também por vezes a minha. O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou me não basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida.


Um tédio que inclui a antecipação só de mais tédio; a pena, já, de amanhã ter pena de ter tido pena hoje - grandes emaranhamentos sem utilidade nem verdade, grandes emaranhamentos...

... onde, encolhido num banco de espera da estação apeadeiro, o meu desprezo dorme entre o gabão do meu desalento!...

... o mundo de imagens sonhadas de que se compõe, por igual, o meu conhecimento e a minha vida...

Em nada me pesa ou em mima dura o escrúpulo da hora presente. Tenho fome da extensão do tempo, e quero ser eu sem condições.


15.

Conquistei, palmo a pequeno palmo, o terreno interior que nascera meu.
Reclamei, espaço a pequeno espaço, o pântano em que me quedara nulo. Pari meu ser infinito, mas tirei-me a ferros de mim mesmo.

LIVRO DO DESASSOSSEGO
FERNANDO PESSOA
CIA. DAS LETRAS
2006

INCONGRUENTE

Não tenho o que sinto
Nem sinto o que tenho,
Tenho o sentido de sentir
Sem sentir o sentido de ter.

Tendo, sem sentir o que se tem,
Sentindo ter o que nunca se teve,
Teve-se o sentimento de haver sentido...
Sentido vazio de sentir-se tendo.
E, assim, sentindo sem sentido algum,
Tendo sem ter o que pensa que se teve,
Tive, ou não tive, que seu Eu o que tenho?
As incongruências de ser o que nunca fui.

Do livro " AS CONFIDÊNCIAS DA ALMA"
Edivale - 2a. edição - 86 páginas
Aldo Aguiar

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UMA SEMANA DE ORAÇÃO

Uma semana de oração. Graças ao meu querido amigo Laércio tive uma semana de oração, de bençãos profícuas. Convidado que fui pelo mesmo na 2a. feira para ouvir durante a semana a pregação do Pastor Ivan na Igreja Adventista, em Tremembé, e que prontamente aceitei, tive o presente de poder comungar com Deus nos dias a Ele consagrado. Foram dias maravilhosos que culminaram hoje com uma pregação que veio de encontro aos meus anseios. O Pastor pregou sobre os prejuízos que nos causam guardar mágoas, pecados do passado e cultuar glórias. Foi realmente maravilhoso. Após o término da pregação para aqueles que frequentaram toda a semana foi -nos presenteada uma Biblia. Ao meu amigo Laércio agradeço de coração ter se lembrado de mim. A Deus, agradeço ter me permitido vivenciar tal graça.

ORA - DIREIS - OUVIR ESTRELAS

" Ora ( direis ) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso" E eu vos direis, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: " Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: " Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

OLAVO BILAC
RIO DE JANEIRO - 16/12/1865 ; 28/12/1918 ( 53 anos)
Olavo Bilac foi jornalista e poeta brasileiro.
Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira número 15, cujo Patrono é Gonçalves Dias.
Foi eleito o PRÍNCIPE DOS POETAS BRASILEIROS, pela revista FON-FON em 1907.
Junto com ALBERTO DE OLIVEIRA e RAIMUNDO CORREIA, foi a maior liderança e expressão do PARNASIANISMO no Brasil, constituindo a chamada TRÍADE PARNASIANA.
A publicação de POESIAS em 1888 rendeu-lhe a consagração.
Viveu só sem constituir família até o fim de seus dias.
É o criador do HINO À BANDEIRA.

Uma breve crônica sobre o título da magnífica poesia: ORA - DIREIS - OUVIR ESTRELAS.

Sim, os poetas somos aficcionados por conversar e ouvir as estrelas do firmamento. Necessitamos como alimento para a alma e o coração dos colóquios sem fim nas noites estreladas.
Quantas vezes me dirigi a elas expondo minhas dores e agruras quando a mulher amada não entendia os meus queixumes. Oh, quanta desdita vociferei às mesmas procurando delas um conselho ou mesmo ( algumas vezes ) uma "bronca" que me fizesse enfrentar com altivez os desamores. Sim, conversamos e ouvimos as estrelas. Porém, hoje,quedo-me a pensar o que fazem os homens altamente tecnológicos, nunca poetas, com seus radios-telescópios perscrutando as vozes do Universo? Disse o renomado Príncipe dos Poetas: " Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Não consigo imaginar um cientista com fone de ouvido capaz de ouvir uma estrela... Ouvem sim, ruídos ininteligíveis... quem sabe ( imagino ) são ruídos provocados pelo ronco de meteoros brutamontes que passam zumbindo pelo universo. Ah, felizes somos os poetas que temos "ouvido para ouvir estrelas... "

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OH, LUA ARGÊNTEA!

Oh, Lua argêntea que dardejas pelo Universo
Embalada pelos "ais" dos poetas e amantes ufanos.
És única em beleza e altivez; és musa dos meus versos:
O poema que crio tendo o corpo à deriva em braços insanos.

Oh, Lua argêntea que perscruta as fendas da noite escura
Curiosa em flagrar amantes em colóquios enternecidos;
Bem sei que o fazes impelida por frêmitos de ternura,
Nunca, para desvendar segredos de corações feridos.

Oh, Lua argêntea que esparrama os raios prateados
Pelas sendas onde os poetas gemem seus desamores.
Iluminas sem questionar o bem e o mal, o certo e o errado...
Antes de Rainha és a serviçal: criada a servir os seus senhores.

Oh, Lua argêntea que ferida foi pelo "homem-inconsequente"
Trazendo hoje em teu virginal corpo uma ferida a sangrar.
Conspurcaram-te sem dó nem piedade: um projétil incandescente
Rasgou e penetrou tua carne vítrea: uma chaga a nos envergonhar.

Oh, Lua argêntea, se possível, perdoa-nos por tanta iniquidade
Causada, não só a ti, mas ao fecundo universo como um todo.
Pela busca da "água" (bem a nós doado pela suprema divindade),
Imolaram o teu corpo... Ao invés de água, o sangue, em golfadas, jorrou.

Dedico este poema aos meus fiéis bloguistas, especialmente ao casal Laércio e Jojoca, anônimo(que me chama de caro poeta) e a andorinha livre.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Laércio, o Cirineu

Apareceu quando menos eu esperava. Tocou a campainha da porta e quando fui atendê-lo, disse-me, sem rodeios, sem titubeios: " Hoje, ao ler o seu blog, e ao deparar com a sua lamúria, onde pede que lhe apareça um Cirineu que o ajude a carregar a sua cruz, compadecido de suas desavenças resolvi vir até aqui e oferecer-lhe os meus préstimos"... Imediatamente o mandei entrar; ele e sua caixa de ferramentas e claro a máquina furadeira. Desde que me mudei por " Coisas da Vida", muita coisa está precisando de ser colocada em seus devidos lugares e, poeta que o sou, não tenho destreza para serviços materiais ( Quadros e armários nas paredes; Televisão com pouca programação, etc.). Foi com alívio que o vi em poucas horas dar conta do recado... Deixou tudo em ordem. Ah, a minha cruz perdeu uma boa parte de seu peso. Não quis recompensa, mas, como escritor presentei-o com 2 livros do renomado escritor Gabriel Chalita:
ÉTICA e A ÉTICA DO REI MENINO. Se aprofundando no papel de Cirineu, me convidou para assistir à uma palestra na Igreja Adventista logo mais à noite. Fui, e me senti com as esperanças redobradas. O Pastor pregou embasado no Salmo 23: " O Senhor é o meu pastor, e ele nunca me faltará..." Enfim, o meu querido amigo Laércio, investido de Simão, o Cirineu, de boa vontade, sem lanças nas costas a obrigá-lo a carregar um pouco de minha cruz, me fez bem, me fez feliz.
Obrigado meu devoto amigo.
Cumpre regtistrar que durante o culto foram sorteados alguns brindes e, o meu inestimável amigo ganhou o livro de ALEJANDRO BULLÓN, SINAIS DE ESPERANÇA.
Pessoas de corações bons, são sempre agraciadas pela sorte.

sábado, 21 de novembro de 2009

SIMÃO, O CIRINEU.

Está no Novo Testamento em Mateus, 27 , versículo 32: " Ao sairem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e o forçaram a carregar a cruz."
Sim, Jesus, estava cambaleando; as forças já o abandonavam e o peso da cruz só aumentava. Jesus, num esforço hercúleo tentava carregar a cruz que lhe feria os ombros. O peso descomunal causava-lhe infinda dor. A Via Crucis mostrava-se longa demais para seus titubeantes passos, e o Gólgota cada vez mais se aproximava... O látego feria-lhe as costas... O sangue e o suor se misturavam e empapavam sua mortalha. Até que, Simão, o Cirineu, lhe ajudou a carregar o pesado lenho... Simão, por um instante suavizou a terrível empreitada que os pecadores impuseram ao Homem Santo.
Na vida, pelas " Coisas da Vida " também temos as nossas cruzes. Hoje, carrego a minha e confesso que estou arqueado pelo peso que me fere o dorso. Por tantas vezes tentei afastá-la de mim, mas, em vão. Sigo a minha Via Crucis com ela impregnada em meu corpo. Meus passos, trôpegos, pedem ajuda... Oh, Senhor, será que também encontrarei pelo caminho áspero em que sigo, um Cireneu, que me ajudará com o peso da madeira?, que me ajudará a tornar a minha Via Crucis mais amena?, que me fará acreditar que conseguirei levá-la até aonde me é destinado por aquele que rege o destino do homem? Simão, por favor não demores a se aproximar de mim.
Ajude-me!, pois, creio, o sou merecedor de ti.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A MORTE DE IVAN ILITCH - TOLSTÓI

Hoje, quero ter o prazer de apresentar aos meus amigos bloguistas o excelente romance de Tolstói, "A MORTE DE IVAN ILITCH", que já tive a felicidade de lê-lo duas vezes. Aliás, sou um perfeito aficcionado pela literatura russa. Tenho romances de quase todos os escritores russos. Este romance prende o leitor pela singularidade do assunto: Trata-se da morte de Ilitch, sua vida antes e durante.O romance foi publicado, pela primeira vez em 1886.

Liev Nikolaievitch Tolstói ... um pouco de sua vida:

Tolstói nasceu em 1828, na propriedade de sua família em Iásnaia Poliana, um vilarejo a leste de Moscou. Rico herdeiro de uma família de aristocratas de alta linhagem, cresceu com todo o conforto, apesar de ter se tornado órfão da mãe aos dois anos e do pai aos nove.
Depois de formado em Direito em São Petesburgo, levou uma vida de dissipação, dedicada ao jogo e às mulheres em Moscou. Após uma viagem de três anos pela Alemanha, França, Suiça e Itália, casou-se em 1862 com Sofia Bers, dezessete anos mais nova que ele. Recolheu-se com a mulher à sua propriedade, onde uma outra face de sua personalidade começou a se revelar com intensidade. Há quem diga que se sentia culpado pelos sofrimentos do povo, e fundou escolas e obras assistenciais para seus empregados. Nesse período, leu as obras que mais o marcarm espiritualmente, como Dom Quixote, de Cervantes, e Os Miseráveis, deVictor Hugo, enquanto ia-se tornando cada vez mais místico.
Dando expressão artística às contradições que dominavam seu pensamento, escreveu algumas das maiores obras de toda a história da lietratura, como Guerra e Paz, de 1868 e Ana Karênina, de 1877.
Após quinze anos de felicidade conjugal, seu casamento chegou ao fim: em meio a uma crise psicológica e espiritual decidiu passar a viver separado de sua família( mulher e dez filhos). Tolstói procurava seguir uma vida de acordo com o cristianismo do Evangelho, e conheceu a miséria urbana ao visitar os cortiços de Moscou em 1882, o que o levou a aprofundar sua pregação social. Deixou de participar da vida social de nobre e escritor, tornou-se vegetariano, passou a se vestir como camponês, a andar descalço e a fazer os trabalhos mais pesados. A Igreja Ortodoxa Russa viria a excomungá-lo em 1901, por considerar excessivas suas atitudes e pregação de fundo anarquista.
Foi em meio a essa grande transição de vida que ele escreveu A MORTE DE IVAN ILITCH, em 1886, " uma das obras mais comoventes e mais pungentes da literatura universal, talvez a obra prima de Tolstói", nas palavras de ,Otto Maria Carpeaux e Senhores e servos, em que aborda contradições entre as classes sociais no campo russo de então.
Em 1910, aos 82 anos, Liev Tolstói viria a morrer de congestão pulmonar numa estação ferroviária, quando fugia de casa para ir morar num mosteiro.

FONTE: A MORTE DE IVAN ILITCH - LIEV TOLSTÓI
TRADUÇÃO DE MARQUES REBELO
BIBLIOTECA FOLHA
CLÁSSICOS DA LITERATURA UNIVERSAL

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A LUA E A ÁGUA

Hoje, os principais jornais do país; escrito e falado, noticiaram a descoberta na Lua do líquido precioso: ÁGUA. Sim, os Estados Unidos da América em mais uma de suas façanhas técnológicas mirabolantes bombardearam a Lua dos mortais e Poetas com uma nave espacial, perfurando o solo e descobrindo água. Sabemos por declarações dos intrépidos americanos através da NASA, de que , o homem americano só terá condições de voltar novamente ao Satélite inspirador dos poetas lá pelo ano 2020. Com o bombardeamento do solo lunar e da constatação da existência do líquido cristalino, agora real, não mais uma suposição, passam pela nossa cabeça algumas indagações; sendo umas de caráter tecnológico e outras , é claro, de âmbito restritamnente romântico e poético, a saber:
1. Carácter Tecnológico: Como os cientistas farão para trazer a água até nós, terrestres destruidores da natureza?, através de ônibus espacial-pipa?; através de aguaduto( Não confundir com o Valérioduto) até é possível usando-se a gravidade; astronautas ao retornarem trazendo baldes cheios do líquido salutar? A agressão ao solo Lunar deve ter sido motivada para nos beneficiar, ( compensa $ ) do contrário, por que ferir a Lua?, já não basta a degradação imposta à NATUREZA do planeta onde vivemos. Basta lembrar que o oceano hoje é praticamente uma monstruosa lata de lixo; que a Amazônia está se transformando em um deserto; que as geleiras estão desaparecendo; que o solo se assemelha a um queijo esburacado; que a atmosfera está pesada de gases poluentes... Por que ferir a LUA?

2. Caráter romântico e poético: Os poetas somos adoradores do disco prateado que dardeja pelas noites repletas de "ais" e queixumes de entes apaixonados. Dói em nós saber de que um pedaço; quem sabe, no entorno do coração do satélite mágico, hoje exista uma hedionda ferida a sangrar; por que o homem se satisfaz tanto em agredir?, por que não deixa a Lua em paz? É utopia imaginar que um dia um terráqueo vá se beneficiar da água lunar. Oh, cientistas americanos, deixem a Lua em paz... Deixem-na para os poetas e românticos se inspirarem... Deixem-na para o casal de amantes que se possuem desvairados na relva macia iluminados pela luz mística, tendo-a como única testemunha do amor soberano... Querida amiga de tantos e tantos momentos de poesia, receba as minhas dores... Meu corpo, hoje, também sangra.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

REINICIANDO ATIVIDADES

HOJE, APÓS UMA LONGA INATIVIDADE FÍSICA, PELAS " COISAS DA VIDA", REINICIEI AS ATIVIDADES FÍSICAS, MATRICULANDO-ME NA ACADEMIA HOFMAN. AOS POUCOS AS COISAS VÃO SE ENCAIXANDO.NA VIDA É PRECISO SABER ENFRENTAR AS ADVERSIDADES COM ÍMPETO E ESPERANÇA REDOBRADA DE QUE " O MELHOR ESTÁ RESERVADO PARA MIM". AOS POUCOS, DEIXANDO O UNIVERSO E SEU CRIADOR DIRIGIR-ME, VOU RECONQUISTANDO TUDO AQUILO QUE PENSEI NÃO MAIS TER. ATÉ A MULHER QUE UM DIA ME LEVOU A COMETER LOUCURAS, E QUE POR UM TEMPO AMARGO SE DISTANCIOU, JÁ ESTÁ SE ANINHANDO EM MEUS BRAÇOS . VOU À LUTA, POIS, " JAMAIS HAVEREI DE ME RENDER!"

" NÃO EXISTE OUTRA CAUSA PARA O FRACASSO HUMANO SENÃO A FALTA DE FÉ DO HOMEM EM SEU VERDADEIRO SER - WILLIAN JAMES".

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

BÊBADO DE DAR DÓ

ANDAVA TORTO, EM ZIGUEZAGUE,
O CORPO PENDENDO PARA OS LADOS.
COMO QUEM NÃO QUER NADA COLEI NELE
E, PUDE CONSTATAR QUE ESTAVA EMBRIAGADO.

SIM, ESTAVA BÊBADO DE DAR DÓ!
NÃO ESTAVA AGRESSIVO, MUITO MENOS INCONVENIENTE,
NO LUGAR DA VOZ PASTOSA, GARGALHAVA E, SÓ!
MAS, TRANÇAVA AS PERNAS NO CAMINHAR RENITENTE.


CURIOSO, ME APROXIMEI E, LHE FIZ A INDAGAÇÃO:
" CIDADÃO, POR QUE BEBES SE BÊBADO, PERDES A RAZÃO?,
DEITA E CURE A RESSACA NESTA VERDEJANTE RELVA."


RESPONDEU (TENDO OS LÁBIOS SUJOS DE CARMIM) A PERGUNTA:
" CARO AMIGO, HOJE, FINALMENTE, TIVE A MULHER QUE AMO, NUA."
AH!, E CONTINUOU EM ZIGUEZAGUE... ESTAVA BÊBADO DE DAR INVEJA!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

UM POUCO DE FILOSOFIA...

" É um reconforto e um profundo apaziguamento pensar que o homem não passa de uma invenção recente, uma figura que não tem dois séculos, uma simples dobra em nosso saber, e que desaparecerá desde que houver uma forma nova."
Foucault , As palavras e as coisas, 1967 - Tradução Salma Muchai
.....................
" E queremos a liberdade pela liberdade, em e sob circunstâncias particulares. E assim querendo a liberdade, descobrimos que ela depende por completa da liberdade dos outros e que a liberdade dos outros depende da nossa. Obviamente, a liberdade como definição do homem não depende de outros mas, assim que há um engajamento, sou obrigado a querer a liberdade dos outros ao mesmo tempo que a minha. Não posso fazer da liberdade a minha meta se não tiver também por meta a liberdade alheia."
Sartre, o existencialismo é um humanismo, 1946

....................

" Quando um indivíduo ( ou um grupo ) é mantido numa situação de inferioridade, o fato é que ele é inferior. Mas devemos entender bem o significado do verbo ser, aqui; é má fé dar-lhe um valor estático, quando na verdade, ele tem o dinâmico sentido hegeliano de " haver-se tornado".
Sim, as mulheres como um todo são hoje inferiores aos homens; isto é, sua situação lhes oferece menores oportunidades. (...) Uma pessoa não nasce mulher: torna-se."
Beauvoir, O segundo sexo, 1949

As citações acima foram colhidas da Revista FILOSOFIA, ANO II, No. 15, página 15.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A PATA NADA ou O SUICÍDIO DA PATA

UMA PATA SENSUAL NADA NO LAGO.
UM PATO ALTIVO NADA NO LAGO E "NADA" NA PATA.
A PATA NADA E AO LADO NADA O PATO.
A PATA SENTINDO O "NADA" DO PATO, NÃO NADA, SUCUMBE E AFOGA.
O PATO INDIFERENTE À DESGRAÇA DA PATA, NADA, NADA, E NADA.

MORAL DO POEMA: " PATO QUE MUITO NADA, NADA FAZ!"

POEMA ÉPICO PARA O RATO (HERÓI) QUE ROEU A ROUPA DO REI DE ROMA

Criança sonhadora ( Ah que saudades do banco da escola) aprendi na Cartilha " CAMINHO SUAVE" , que o RATO ROEU A ROUPA DO REI DE ROMA( TÁTICA PARA ENSINAR A PRONUNCIAR E CONHECER O "R"). Que rato é este, pensava dentre os lençóis de cambraia nas noites insones, que, diminuto em seu porte, mas feroz em sua valentia ousou roer a roupa do mais poderoso dos mortais da época?
Uma noite em que o céu estava pintado de milhares de estrelas,adormeci na relva macia do jardim e num sono letárgico permiti à alma a ao pensamentoa voarem até Roma dos magníficos Césares, Reis e Imperadores, quando então puderam verificar " in loco" a intrepidez do pequeno roedor.
Infiltrados por algumas horas nas dependências do palácio real puderam constatar a veracidade da afirmação contida na Cartilha mágica e, ao retornarem ao meu âmago me relataram em doze assertivas incontestáveis:

1. O roedor em questão têm sangue azul, pois, ao invés de viver nos esgotos, vive no palácio real;
2. A roupa do Rei de Roma fede queijo rançoso ( motivo de atrair o roedor);
3. A roupa fedendo, o Rei também fedia ( O Rei não tomava banho);
4. O guarda-roupa do Rei têm inúmeros buracos permitindo a entrada do roedor;
5. Roía a roupa do Rei, porque no Palácio Real não têm queijo;
6. O Rei de Roma aparece nas solenidades com o manto real puído;
7. Não há serviço de desratização no Palácio Real;
8. Não existe gato no Palácio Real;
9. O roedor têm compulsão suicida;
10.Em não roendo a roupa da Rainha de Roma, mostrou forte tendência ( ou é) homossexual;
11. Roía a roupa do Rei de Roma, contra todos os perigos para conquistar uma rata que não lhe dava bola;
12. O rato é um espião ensinado pelos inimigos do Rei de Roma para, em roendo sua roupa, ridicularizá-lo.

Um a névoa fina caía em meu rosto quando acordei do sono e sonolento recolhi-me aos aposentos do lar. Pelo resto da noite fiquei imaginando as aventuras ado rato que ousou roer a roupa do Rei de Roma... Um baque surdo fez-me levantar e ir até a sala... Nos últimos estertores da morte um roedor chacoalhava a ratoeira pelo chão frio de tijolo.
Arre!!! Não era o meu herói, ah, não era mesmo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MOMENTO DE ÊXTASE

O que é um MOMENTO DE ÊXTASE?
Se entendermos a alma humana como passível de vivenciar centenas e centenas de sentimentos e, de que, cada um é cada um, torna-se bem fácil definir Momento de Êxtase. Para mim, Momento de Êxtase, é ter às mãos um livro para se ler. Sim, um livro para se ler, não importando o tema que ele retrata. É nas páginas de um livro que nos arrebatamos em viagens esplendorosas; que choramos um amor não vivido; que sonhamos ser os personagens da história; que lutamos em árduas batalhas; que criamos situações inusitadas, porém, que nos faz feliz, enfim, ter um livro às mãos significa sermos pessoas destoantes daqueles que não cultuam tal hábito. Assim é que no momento estou em êxtase, pois, tenho às mãos para ler com arrebatamento, o livro: " VINHO & GUERRA". de autoria dos escritores DON e PETIE KLADSTRUP ( marido e mulher), que durante 3 anos de pesquisas e entrevistas com testemunhas que sobreviveram à guerra de Hitler,e, ligadas ao VINHO na França, escreveram a odisséia daqueles que quase, ou deram, as sua vidas para proteger dos saques vorazes do alemães o líquido precioso produzido nas regiões viníferas francesas: BORGONHA, BORDEAUX, CHAMPAGNE, ALSÁCIA E VALE DO LOIRE. Homens, mulheres e até crianças arriscaram suas vidas por uma causa que significava não só proteger a economia da França, como preservar um de seus prazeres mais autênticos.
Algumas citações é do autor do Blog; outras, tiradas das orelhas da obra.

VINHO & GUERRA
DON e PETIE KLADSTRUP
JORGE ZAHAR EDITOR
2002 Edição Brasileira
254 páginas

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

DIA DOS FINADOS

Hoje, em todo o Território Nacional, cultua-se o Dia dos Mortos, ou Dia dos Finados. Feliz é a família que não tenha em seu âmago um ente querido que partiu. Assim é, que, hoje os Campos Sagrados recebem milhares e milhares de pessoas pranteando os seus mortos. Com chuva ou com sol abrasante todos, indistintamente, percorrem as quadras e ruas santas dos cemitérios em busca do lugar sagrado onde ali está entrerrado ou melhor, sepultado, seu ente querido. E as flores que homenageiam aqueles que nos deixaram? Com suas belezas exóticas dão um colorido todo especial, exalando perfumes caracteríticos pelo ar, impregnando de essências mil o território imaculado.
Pela religiosidade e reverência do Dia, não fica bem o comércio desavergonhado e desrespeitoso por parte daqueles que enxergam nesta data uma maneira mais rápida de aquinhoar para si alguns valores monetários. Assim é que, pululam, como insetos perniciosos, os vendedores de Velas; Flores; Imagens de Santos; Espetinhos de carne; Refrescos e afins ( Alguns mais afoitos oferecem bebidas com álcool) tornando o que deveria ser estritamente religioso e íntimo, uma grande feira onde tudo é vendido e nada é respeitado. ( Jesus se revoltou contra os mercenários que negociavam dentro de seu templo),.Hoje, qualquer semelhança não é mera coincidência.
Revoltado que fico por este ato sórdido ( comércio nas portas dos cemitérios), pensei em uma solução que acabasse com este mercado mercenário: As Prefeituras cobrariam junto com o IPTU( Todos nós pagamos) uma taxa adicional e com ela construiria em sua cidade um CREMATÓRIO público. Todos, indistintamente, após o último suspiro exalado seria levado, depois, claro, das exéquias, para ser cremado. Assim, teríamos no final de cada vida, uma URNA com as cinzas do ente querido. Estas cinzas teriam a critério do guardião o destino que julgasse melhor. Com isso, seria abolido de uma vez por todas os CEMITÉRIOS, e no seus lugares as Prefeituras construíriam bosques, parques, etc. ENTERRANDO de vez o COMÉRCIO voraz de produtos afins ao DIA DOS MORTOS . SE ESTE É UM SONHO OU NÃO, somente o futuro poderá dizer.
De acordo com a data, é melhor dizer: " QUEM VIVER, VERÁ".

domingo, 1 de novembro de 2009

PARA LER E SONHAR COM FLORBELA ESPANCA

UM POUCO DE FLORBELA ESPANCA:

Florbela d´Alma da Conceição Lobo Espanca nasceu em Vila Viçosa ( Alentejo ), em 1894. Seus primeiros versos são da época em que fez o curso secundário, em Évora, e que somente viriam a ser reunidos em volume depois de sua morte.
Malogrado seu casamento, vai para Lisboa estudar Direito e, nesse mesmo ano, 1919, publica Livro de Mágoas, que passa despercebido. Igual destino teve a obra seguinte, Livro de Soror Saudade, dado a lume em 1923. Novamente infeliz no casamento retira-se do convívio social, embora continue a escrever poesia e a publicá-la ao acaso. Recolhe-se a Matosinhos, já agora estimulada pelas renovadas esperanças de felicidade conjugal, mas seus versos entram a dar sinais de exaustão. Morre, segundos alguns estudiosos, de suicídio, em 1930.
Publicou os livros de poesia:
Livro de Mágoas, 1919; Livro de Soror Saudade, 1923; Relíquias, 1931; Charneca em Flor, 1929;
E os contos: As Máscaras do Destino,1931; Dominó Negro, 1931.

Característica: Portadora de uma insaciável sede de amar, logo convertida em ideário de vida, tem início sua dolorosa tragédia: a impossibilidade de expressar, à perfeição este estado de alma.

VAIDADE

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade.

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...



A MAIOR TORTURA
A um grande poeta de Portugal


Na vida, para mim, não há deleite,
Ando a chorar convulsa noite e dia...
E não tenho um sombra fugidia
Onde pouse a cabeça, onde me deite!

E nem flor de lilás tenho que enfeite
A minha atroz, imensa nostalçgia!...
A minha pobre Mãe tão branca e fria
Deu-me a beber a Mágoa no seu leite!

Poeta, eu sou um cardo desprezado,
A urze que se pisa sob os pés,
Sou, como tu, um riso desgraçado!

Mas a minha tortura inda é maior:
Não ser poeta como tu és,
Para gritar num verso a minha dor!..