segunda-feira, 26 de novembro de 2018

UM PRESENTE QUE ME FEZ FELIZ



SIM,GANHEI UM PRESENTE QUE ME FEZ MUITO FELIZ, QUANDO PARTICIPEI DA III JORNADA LITERÁRIA DE CAMPOS DO JORDÃO, SEXTA FEIRA PASSADA. ALÉM, DA HONRA DE SER ENTREVISTADO PELO SECRETÁRIO DE CULTURA E, DE PALESTRAR SOBRE O MEU PARADIDÁTICO ECOLÓGICO "A MENINA QUE SOLTAVA PÁSSAROS", GANHEI, APÓS A PALESTRA, O LIVRO " OS HOTÉIS LITERÁRIOS", NUMA EDIÇÃO DE LUXO, PATROCINADA PELO SENAC, DA AUTORA NATHALIE H. DE SAINT PHALE, COM 502 PÁGINAS.
TAL OBRA VERSA SOBRE OS HOTÉIS ESPALHADOS PELO MUNDO EM DIVERSAS ÉPOCAS, RELATANDO OS ESCRITORES, ARTISTAS E INTELECTUAIS DO MUNDO, QUE SE HOSPEDARAM EM SUAS DEPENDÊNCIAS. É UMA OBRA DIGNA DE SE TER À CABECEIRA E SEMPRE QUE POSSÍVEL LER E RELER AS MAIS INCRÍVEIS AVENTURAS DOS MITOS QUE NELE CONVIVERAM POR DIAS, SEMANAS OU MESES.
RECEBI ESSA OBRA, ESSE PRESENTE, COM O MESMO PRAZER QUE UM PERDIDO NO DESERTO, RECEBE UM COPO TRANSBORDANDO DE ÁGUA FRESCA.



UMA VIAGEM DO NADA PARA O NADA!


Tinha que iniciar minha viagem. Não podia ficar parado eternamente no lugar em que estava. Meus pés já tinham criado raízes e um tubérculo teimava em nascer e crescer pelas minhas pernas. Dentre os ralos fios de cabelo uma ave qualquer fez o seu ninho. Por mais que eu quisesse ou tentasse afugentá-la, ela não dava mostras de ir embora; aliás, não ligava a mínima para os meus gestos estouvados. Nem mesmo espantalho eu era. A única coisa que ainda restava era saber que eu tinha consciência de que não era ninguém. Esta constatação aliviava um pouco o peso descomunal da rocha que carregava sobre os ombros. Fazia frio. Um vento gélido assoprava em minha direção enregelando os dedos das mãos, visto que os pés estavam afundados no terreno estéril e pedregoso. Tinha que partir. De uns dias para cá o coração dava mostras de querer pulsar em outras paragens. Até a alma, que sempre ficou calada dentro do corpo começou a dar suspiros enigmáticos. Sim, o corpo todo pediu para ir embora e, fui.
Fui, sem saber para onde ir. Por que saber? Para um andarilho sem vida e sem horizonte qualquer lugar serve, mesmo que não seja um qualquer lugar. Assim, desgarrado do lugar onde estava e que não era lugar nenhum, fui para outras plagas. Senti, somente, deixar á deriva a ave que por tanto tempo morou em meus cabelos. Azar o dela, pensei e fui.
Depois de caminhar por um século cheguei num lugar em que nada existia. Nem mesmo o lugar existia. Extenuado pela peregrinação sem fim, coloquei um fim na desdita que me fazia andarilho. E, desmaiei.
Um dia qualquer de um mês qualquer de um ano qualquer acordei.
Acordei e constatei que não estava em lugar nenhum, porque, neste lugar não tinha flor.
Era dia escuro e cheio de raios. O negrume não me assustou, mesmo porque eu não era ninguém.
Fiquei e permaneci pelo tempo que não sei precisar. Novamente uma ave medonha veio, pousou em minha cabeça e fez dos meus cabelos o seu ninho e aí, morou e criou seus rebentos. Também os meus pés se encravaram no chão e criaram raízes e, tubérculos nasceram e serviram de alimentos para roedores desconhecidos.
Mais uma vez me vi exteriorizado em tronco ressequido( Ah, que felicidade se ao menos eu fosse um espantalho).
Uma noite em que a Lua se permitiu aparecer fiz um esforço hercúleo e decifrei o grande enigma de minha vida e, chorando ( sem ter olhos) constatei:Eu era e sou um espectro que vagueia sempre saindo do nada e indo para o nada... Um ovo acabou de romper e um pássaro piou..

quinta-feira, 22 de novembro de 2018


INCONGRUENTE

Não tenho o que sinto
Nem sinto o que tenho,
Tenho o sentido de sentir
Sem sentir o sentido de ter.

Tendo, sem sentir o que se tem,
Sentindo ter o que nunca se teve,
Teve-se o sentimento de haver sentido...
Sentido vazio de sentir-se tendo.
E, assim, sentindo sem sentido algum,
Tendo sem ter o que pensa que se teve,
Tive, ou não tive, que sei Eu o que tenho?
As incongruências de ser o que nunca fui.

Do livro " AS CONFIDÊNCIAS DA ALMA"
Edivale - 2a. edição - 86 páginas
Aldo Aguiar

domingo, 18 de novembro de 2018

AS VELAS...



Hoje, vou falar da utilidade de três velas, a saber:

1. VELA USADA EM CARAVELAS, BARCOS E AFINS:
Essas velas, quando usadas, têm a função de os impulsionarem pelos oceanos revoltos, mares plácidos e também, a minha alma, que sempre se transforma em um barco à deriva no oceano das saudades;

2. VELA DE CERA ...
Sempre usada na ausência de energia elétrica, em funerárias, em filmes de terror e, em minha vida para alumiar os caminhos que percorro por sendas sem fim e escuras à procura do amor que pela vida deixei escorregar pelos vãos de meus dedos;

3. VELAS DE FILTRO...
Usadas quando ainda não existiam os aparelhos de filtros elétricos, e tinham que ser usados os filtros de argila, que mantinham a água sempre fria. Essas velas eu as uso para filtrar o meu sangue contaminado pelas feridas das mordidas que ela teimava em fazer no meu corpo dorido e suado após os embates amorosos...

Enfim, escrevo isso não de maneira VELADA, mas, às claras para que possam tomar conhecimento do que as VELAS representam e representaram em minha vida de poeta e amante contumaz.
Espero que meus leitores VELEM, por essas reminiscências que ainda me perseguem diuturnamente.

domingo, 11 de novembro de 2018


MY WAY - MEU JEITO

MY WAY - Foi composta pelo excelente cantor e compositor Paul Anka, que a fez para homenagear seu pai. Interpretada magistralmente por Frank Sinatra, causa-me arrepios de sensibilidade extrema toda vez que a ouço, tornando-se por isto uma das canções que mais amo.
Diz a letra "Eu fiz do meu jeito". Sim, eu também pela vida, fiz o que fiz, do meu jeito. Nunca me curvei às interferências que tentavam me fazer ser o que não sou. Paguei preço alto por não me curvar a ninguém, Sempre me mantive ereto e firme em minhas prerrogativas. Jamais fui subserviente. Quando necessário comi e como o " pão que o diabo amassou com o rabo", mas, não me vergo para tirar proveito de situações escusas ou que não condizem com o meu modo de ser.
MY WAY... " MEU JEITO", e sou feliz por isto.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO VENTO...





O VENTO VAI E VEM...
VEM E VAI...
E, NO TANTO IR E VIR,
FEZ COISAS QUE SÓ ELE FAZ,
OU SEJA, É EFICAZ NO FAZER;
NO ACONTECER;
NO PROVOCAR;
NO IMPORTUNAR;
NO GALANTEAR...
QUANDO O VENTO VAI E NÃO VEM,
É PORQUE, ELE JÁ FEZ, ACONTECER,
MAS, SE VEM E NÃO VAI, É PRECISO INDAGAR:
O QUE FIZESTES DE ERRADO, OU CERTO,PRA NÃO IR?
RESPOSTAS SURGIRÃO E, EM ALGUMAS ATÉ ACREDITO,
COMO, QUANDO, PRA NÃO IR, PROCEDE COMO MOLEQUE,
OU SEJA, FAZ COISAS QUE SÓ ELE PODE FAZER, TAIS COMO:
LEVANTA A SAIA DAS COLEGIAIS, ARRANCANDO GRITINHOS HISTÉRICOS;
LEVANTA OS VESTIDOS DAS DONZELAS PUDICAS, ARRANCANDO "UIS" E "AIS",
ESVOAÇA OS VÉUS DAS SENHORAS, APÓS A MISSA, CORANDO-AS,SUTILMENTE,
MAS, QUANDO O VENTO VAI E NÃO VEM, TAMBÉM BOA COISA NÃO ACONTECEU,
MESMO, PORQUE, EM QUALQUER DIREÇÃO POR ONDE VAGUEIA, APRONTA, CINICAMENTE,
SEM MEDO DE SER CORRIGIDO, XINGADO, AMALDIÇOADO, OU, QUEM SABE, ADORADO,
TANTO É QUE:
BEIJA O ROSTO DAS MULHERES CAROLAS E TAMBÉM DAS IMPUDICAS;
ESVOAÇA OS CABELOS DAS MORENAS, LOIRAS E NEGRAS: TODAS BELAS E SENSUAIS;
PENETRA POR DENTRE AS PERNAS DAS BANHISTAS, CAUSANDO-LHES UM "FRISSON";
VENTILA OS ROSTOS AFOGUEADOS DOS CASAIS QUE FAZEM AMOR AO AR LIVRE...
ENFIM, TUDO O QUE O VENTO FAZ É SENSUAL, TRIGUEIRO, OPORTUNO...
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO VENTO, TERMINO, DIZENDO:
VENTO QUE VAI E VEM, FAZ E DESFAZ, O QUE LHE APETECE.
MINHA ALMA, COMO O VENTO, TAMBÉM, VAI E VEM,
EMBORA, SAIBA QUE UM DIA, ELA IRÁ E NÃO MAIS VOLTARÁ...

III JORNADA LITERÁRIA DE CAMPOS DE JORDÃO - PEDRO PAULO FILHO

DO DIA 15 A 18 DE NOVEMBRO ACONTECERÁ EM CAMPOS DO JORDÃO A III JORNADA LITERÁRIA, É UM EVENTO DE SUMA IMPORTÂNCIA, POIS, DIVULGARÁ OS ESCRITORES LOCAIS E REGIONAIS. CONSTARÁ DE PALESTRAS, AUTÓGRAFOS E VENDA DE LIVROS.
ESTE ESCRITOR ESTARÁ APRESENTANDO O SEU LIVRO PARADIDÁTICO " A MENINA QUE SOLTAVA PÁSSAROS" NO DIA 16-11 ÀS 13;30H, QUANDO TAMBÉM FARÁ PALESTRA ALUSIVA AO TEMA.
FICAM DESDE JÁ, TODOS OS MEUS ASSÍDUOS SEGUIDORES, CONVIDADOS A PARTICIPAREM DE TÃO IMPORTANTE EVENTO.
TAL EVENTO ACONTECERÁ NA PRAÇA SÃO BENEDITO- VILA CAPIVARI - CAMPOS DO JORDÃO-SP
PARTICIPANDO E VIVENDO A LITERATURA... EIS O MEU IDEAL.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018



O PIRILAMPO!

O Pirilampo passeava pela floresta sem medo de nada. Tinha no escuro o seu mundo, já que, para ele, a luminosidade é inata. Seguindo-o, eu ia, sem medo de tropeçar ou de me deparar com um carrascal de cipós espinhentos. De quando em quando, um curiango mais atrevido, voava sobre minha cabeça e me assustava, mas, nada que me fizesse desistir de seguir em frente. Mesmo quando uma coruja soturna piou desconsoladamente no galho mais alto de um Jatobá, eu abrandei os passos. Qual nada, seguia indômito atrás do Pirilampo floresta adentro à procura do que sabia que não ia encontrar, mas, aos trancos e barrancos, seguia. O que me fazia não desistir era a constância da lanterna viva que me precedia. Nada era capaz de fazê-lo titubear; nada era capaz de fazê-lo um caminhante trôpego, e, se ele, apenas um inseto enfrentava com galhardia a tétrica escuridão da floresta, quem diria eu, um homem vencedor nas lides do dia a dia, embora, um pouco desgastado pela desilusão de ser defenestrado sem mais nem menos pela princesa do bosque florido dos meus sentimentos. Mas, isto não vem ao caso agora. Agora o que importa é seguir; é atravessar a mata. Antes que o sol apareça com sua enorme preguiça nestes dias frios de outono. E, por que devo atravessar a mata na calada da noite? Talvez, quem sabe, é porque trago em minhas mãos um horrível sapo que poderá um dia se transformar em uma princesa?,ou, então, o medo de dar de cara com a "mula-sem-cabeça?", ou com o astuto Saci Pererê? Sei lá. A única certeza que tenho é que devo seguir ferrenhamente o Pirilampo por mim escolhido para me guiar dentre os troncos enormes das árvores que dão abrigo aos Pirilampos. A madrugada chegou e, com ela a luz embaçada pela neblina que pairava no ar. Eu estava cego desde que um dia eu deixe de ver. O Pirilampo ficou cego com a luz e procurou abrigo em um dos meus olhos (para ser mais preciso o direito). De imediato senti o inseto se amoldar na cavidade oca do que antes tinha vida. Num átimo de segundo vi! Vi as folhas verdejantes; vi o arco-íris, vi uma borboleta; vi pássaros e o mais importante; vi, o quanto eu estava ferido; lanhado pelos espinhos e, vi, a minha imagem refletida num espelho de água. Hoje, sou infinitamente feliz por ter um olho que me faz ver o quanto a vida é bela. Se tive problemas com o novo olho? Não sei dizer se é problema ter que sair toda noite para que o meu olho-Pirilampo passei pela noite e ame as suas preferidas "Pirilampas".
É muito bom deixar de ser cego. Uma noite em que passeava com o meu inseto-olho num breu desmedido de uma noite tenebrosa compreendi que ele, o fez, por mim, quando saiu da noite e enfrentou a claridade da madrugada.
Estou tão feliz que até me esqueci da mulher que me fez cego.