sábado, 29 de setembro de 2018

UMA SELUMA (CELEUMA) IDIOTA

UMA SELUMA (CELEUMA) IDIOTA

Eu tinha dez anos de idade, quando, o fato que aqui narrarei, aconteceu. Peço licença ao amigo leitor, para ser sucinto, com as palavras. Na época, eu morava em São Luiz do Paraitinga; uma pequena cidade situada às margens do rio Paraitinga e, famosa, pelas suas tradições folclóricas e religiosas. O acontecido deu-se numa manhã ensolarada de domingo, na praça principal, frente ao coreto, onde nas festas se apresentava a banda São Luiz de Tolosa. No momento eu engraxava os sapatos das autoridades que iam se refestelar nos bancos e discutir de tudo um pouco, assim é que, estavam reunidos o Prefeito Municipal João Matoso, o coletor estadual Quinzinho Borja, o vereador Zé Botija, o farmacêutico Pedrinho Aguiar e o delegado de polícia Manézinho Furtado. Estavam todos numa discussão calorosa sobre o resultado das próximas eleições, pendendo ora para Ademar de Barros, ora, para Jânio Quadros, ou seja, estavam reunidos ademaristas e janistas. Enquanto eu lustrava os sapatos por alguns tostões ia escutando as frases já encaloradas e, confesso que estava com medo de levar uns sopapos. Quando o delegado colérico fez menção de sacar sua arma da cintura em direção do coletor Quinzinho, eu meti sebo nas canelas e saí voando e me fui esconder embaixo do balcão do bar da Dita Cocada (fazia deliciosas cocadas), quando ouvi de sua boca a seguinte frase: “ Véios pilantras... todo domingo é a mesma coisa; se reúnem e produzem uma seluma idiota.” Encasquetado com a palavra “seluma”, assim que cheguei na escola na segunda-feira, fui logo perguntando para a professora Didi o que quer dizer seluma”. Rindo, ela me disse que não se escrevia e pronunciava “seluma”, mas, sim, “celeuma” e, que o significado era: DISCUSSÃO; ALGAZARRA; GRITARIA...
No domingo seguinte, no mesmo horário e, no mesmo local, encontrei os nossos personagens conversando calmamente... Até, quando, o Prefeito Matoso disse que o Ademar de Barros ia ganhar para Governador do Estado de São Paulo. No mesmo instante o delegado levou a mão para a cintura e...
E, teve-se o início de uma nova CELEUMA.
Para finalizar devo confessar ao amigo leitor que, até o ano em que saí de São Luiz para vir morar em Taubaté (dois anos e cinco meses), tentei sem sucesso fazer a nossa querida Dita da cocada a pronunciar CELEUMA ao invés de SELUMA... Tempo perdido. O máximo que consegui foi uns piparotes na cabeça e algumas cocadas grátis.
Saudades daqueles tempos...

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

PROSEANDO & PROVANDO ... DE POESIA



AS ARÉOLAS DA MARIANA

As aréolas da Mariana são lindas, perfumadas e pálidas.
Embora, estejam sempre guardadas pelo sutiã de bojo rendado,
Eu, as amo, pelo pouco que as vi, em horas furtivas e mágicas,
Mas, que me cativaram , fazendo-me amante febril e apaixonado.

Elas circundam os mamilos tesos, frementes e arrojados,
Que se projetam como dois rubis à espera do ourives
Que os terá em suas mãos trêmulas, levando-os aos lábios,
Docilmente, sem a menor pretensão de mordê-los com avidez.


Tais aréolas, preciosidades de uma mulher bonita e requestada,
Inflamam os meus desejos de as possuírem numa redoma de cristal,
Ou, então, de serem as donas desta alma que delira inflamada,


Não suportando o tempo que delas se ausenta e, chora copiosa
Implorando a posse total dos seios: um presente assaz divinal.
Ah, espero com afã o dia em que terei eternamente as belas aréolas.

P.S. Mariana, rogo-te: dá-me as belas aréolas, para que eu possa ser feliz.

POEMA EXTRAÍDO DO LIVRO A SER PUBLICADO ESTE ANO : UMA MULHER INTRIGANTE
ALDO AGUIAR

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

PROSEANDO &PROVANDO DE POESIA


O ANEL DE FORMATURA


O dedo anular da mão direita não destoava do conjunto:
Era fino e terminava ostentando uma bela unha comprida,
Sempre pintada de rosa, como as demais, formando o todo
Que me cativava e, me lanhava, em inocentes carícias.

Normalista que era a garota dos meus sonhos, uma noite,
Em que, nos amávamos, à luz do luar, num banco de jardim,
Pediu-me dengosa, em sua formatura, um anel de presente;
Um anel que marcasse a data e o nosso amor, sem fim.

Os anos se passaram e a data chegou como num sopro outonal,
Levando-me a visitar joalherias em busca da joia reluzente.
Após tanto procurar encontrei o anel mais belo, sensacional,
E, despindo das economias o comprei e, me fiz, contente.

O baile estava apinhado de formandos e, eu, enlaçado nela
Rodopiava como se estivesse num carrossel desgovernado.
Ela, colando o rosto em meu rosto arguiu-me da promessa,
Que a ela fizera numa noite de beijos sufragados.

Sem titubear, embora a emoção marcasse os meus movimentos
Retirei do bolso um delicado estojo de veludo vermelho.
Esbaforida, porém, graciosa, abriu-o com as mãos tremendo
E, num arroubo de felicidade colocou o anel no lindo dedo.

Tempos se passaram e a minha normalista nas tardes "gris"
Ostenta sempre o anel de formatura que uniu nossas vidas.
Hoje, apesar dos estragos feitos pelo uso constante do giz
Ainda admiro os dedos e as unhas pintadas de cores vivas.


POEMA EXTRAÍDO DO LIVRO DE POESIAS: UMA MULHER INTRIGANTE
ALDO AGUIAR - 2018

AINDA SE MORRE DE AMOR




ACONTECEU NA ARGENTINA.
Um fã da apresentadora de televisão XUXA, ao vê-la no aeroporto de Buenos Aires, ficou emocionado e teve um infarto do miocárdio, morrendo, logo a seguir.
Nas redes sociais a loura, ou melhor, a "femme fatale", declarou estar pesarosa e que trará sempre o fã (morto) no coração.
Pois é, por este triste acontecimento, chegamos a conclusão de que o amor ainda subsiste nestes dias de intensa tecnologia, onde, as declarações de amor são feitas de maneiras frias, despidas de alma e de sentimentos nos teclados dos celulares e Laptop.
Fica o paradoxo:
Descanse em paz! ... Viva o amor!

quarta-feira, 19 de setembro de 2018


PROSEANDO & PROVANDO DE POESIA




O CAMAFEU DE PRATA

Era impossível não notar o reluzente camafeu de prata
Adornando o colo alvo riscado por veias finas, azuladas.
Ficava à mostra como um troféu exposto em rico museu:
Imponente, altivo e feroz, como o Minotauro de Teseu.

Ela sempre o trazia, indiferente se era vivo, ou, inerte,
No colo arfante; a sua morada, o estojo de puro cerne.
Ali o pequeno lagarto reinava a despeito do meu ódio.
Sim, ódio, pela maneira como se portava no mais alto pódio.

Tinha os olhos formados por dois rubis flamejantes e rublos;
As unhas feitas do mais duro alabastro e afiadas com esmero;
A boca trazia enfileirado dentes finos, alvos e cortantes
E, por fim, tinha o aspecto sombrio de uma fera-amante.

Uma noite, embriagado de absinto e de um desejo insaciável,
Colei os lábios no pescoço macio num longo beijo afável.
Oh, maldito camafeu que me atacou com suas armas letais,
Mordendo-me; lanhando-me e causando-me feridas mortais.

Agonizante, ainda tive forças para num débil gesto brusco,
Arrancar dela o objeto assassino, ciumento e possesso.
Num átimo, a bela mulher se apossou do camafeu que ria
E, o guardou dentre os seios túmidos; agora, joia fria.

O tempo passou e nunca mais vi a mulher do lagarto-rei,
Nem mesmo, pelas andanças que por "Coisas da Vida", andei.
Só me dei conta, hoje, ao ter os cabelos encanecidos
Do perigo que passei ao enfrentar o CAMAFEU assassino

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

BIOLUMINESCÊNCIA


OCEANO BRAVIO...
DESPOJADO DAS ROUPAS E DAS PUDICÍCIAS,
CORPOS NUS, ENTRELAÇADOS NO FRÊMITO DA PAIXÃO,
ROLAVAM PELO CONVÉS, JOGADOS PELAS ONDAS REVOLTAS,
COMO SE FOSSEM DEGREDADOS DESPIDOS DA RAZÃO.


LUA SACRÍLEGA...
CORPOS ARFANTES NO EMBATE DAS LIDES SENSUAIS,
EXPOSTOS AOS OLHARES LÚBRICOS DOS SERES NOCTÍVAGOS,
REFULGIAM ILUMINADOS PELOS RAIOS ARGÊNTEOS,
E AS FORMAS LASCIVAS ASCENDIAM EM VOLUTAS ESPIRAIS.


ESTRELAS BISBILHOTEIRAS...
INFINITOS OLHOS DELICIAVAM-SE NO FREMENTE VOYEURISMO,
DE BISBILHOTAR DOIS CORPOS NO AFÃ DA CADÊNCIA
DA PENETRAÇÃO: FALO E CLITÓRIS ERETOS... TROFÉUS MAGNÍFICOS.
ESTRELAS E AMANTES, PERSONAGENS FIÉIS DA BIOLUMINESCÊNCIA.


ARDENTIAS VOLUPTUOSAS...
MIRÍADES DE ARDENTIAS POSSUÍAM-SE NO RASTO EBÚRNEO
ILUMINADO E SULCADO PELA NAU DOS AMANTES INCLEMENTES,
POSSUÍRAM-SE NESSA NOITE DE MAGIA, AO LÉU, AO RELENTO,
AMANTES E SERES DO MAR... O SENSUAL ESPETÁCULO BIOLUMINISCENTE.


POEMA EXTRAÍDO DO LIVRO: DE VOLÚPIAS, ÊXTASE E DELÍRIOS
EDIVALE -  P. 27
2005
ALDO AGUIAR

domingo, 2 de setembro de 2018

CITAÇÕES QUE NÃO DEVEM SER DITAS EM LUGARES INAPROPRIADOS

Há uns dias que venho matutando sobre CITAÇÕES. Repassei dezenas pelo cérebro e que são apregoadas volta e meia por este ou aquele cidadão. Porém, cheguei a conclusão de que dependendo do local em que os personagens estão inseridos, algumas citações não pegam bem. Assim é, que, para ilustrar esse meu "tolo" pensamento, criei o seguinte cenário:
Dois homens perdidos no deserto, sentam-se sobre uma tênue sombra de uma pedra e põem-se a citar 10 frases que talvez os salvem; frases que alimentem a esperança e, claro, frases de revolta, a saber...

1. Nós vamos ficar aqui quanto tempo a ver navios?
Impossível de acontecer pois no deserto não tem oceano e, por, conseguinte, navios;
2. Não vá com tanta sede ao pote;
Impossível, visto que no local não existe água;
3. Vou lhe mostrar com quantos paus se faz uma canoa...
Como fazer isso, se, no deserto, não existem árvores?
4. Quem cedo madruga, Deus ajuda...
Mas, como acordar tarde, se, a sede e a fome os estão matando?
5. Onde fui amarrar o meu burro?
Impossível, pois no deserto não existe árvore e nem burros...talvez, camelo;
6. Quando um não quer, dois não brigam...
Até concordo, mas, depois de uma semana sem água e sem comida, começam as desavenças, cada um pondo a culpa no outro da expedição desastrada;
7. Com uma cajadada só mataremos dois coelhos...
Idiotice, ou melhor, cérebros já em inanição, pois, é sabido que no deserto não tem coelho, tem sim, muito escorpião e serpentes;
8.Quem dorme com cachorro, acaba amanhecendo com pulgas...
Até acredito que possa ser verdade, que nossos personagens tiveram o estímulo de algum desalmado, algum "cachorro", que os incentivou a se aventurarem no deserto;
9. Em briga de marido e mulher, não se mete a colher...
Realmente, mas, no caso em questão, a desavença já instalada ocorre com dois "marmanjos", porém, não se aplica aos contundentes;
10.É desde cedo que se torce o pepino...
Onde encontrar um pepino no deserto? e, se encontrá-lo ao invés de torcê-lo, vão sim, devorá-lo...

Após estas lúcidas citações, deixo agora, para soar como um sinal de alerta para os mais empolgados que não se precavem das dificuldades que sempre surgem quando se trata de uma expedição para lugares áridos, remotos e desumanos a seguinte citação:

"MELHOR ROMARIA FAZ, QUEM, EM CASA, FICA EM PAZ!"