A PAIXÃO PELOS LIVROS

JOHN MILTON

DA AEROPAGÍTICA


LIVROS NÃO SÃO COISAS ABSOLUTAMENTE MORTAS: CONTÉM UM ESPÉCIE DE VIDA TÃO PROLÍFICA QUANTO A DA ALMA QUE OS ENGENDROU. E MAIS: ELES PRESERVAM, COMO NUM FRASCO, O MAIS PURO E EFICAZ EXTRATO DO INTELECTO QUE OS PRODUZIU. ESTOU CONVENCIDO DE QUE ELES SÃO TÃO VICOS E TÃO VIGOROSAMENTE FECUNDOS QUANTO AQUELES DENTES DE DRAGÃO DA FÁBULA. E QUE, UMA VEZ SEMEADOS AQUI E ALI, PODEM DAR NASCIMENTO A HOMENS ARMADOS. E, POR OUTRO LADO, VALE REFLETIR QUE MATAR UM HOMEM PODE SER MELHOR QUE MATAR UM BOM LIVRO.
QUEM MATA UM HOMEM MATA UMA CRIATURA RACIONAL FEITA À IMAGEM DE DEUS, MAS AQUELE QUE DESTRÓI UM BOM LIVRO MATA A PRÓPRIA RAZÃO, MATA A IMAGEM DE DEUS COMO NO OLHO. MUITOS HOMENS NÃO PASSAM DE UM FARDO SOBRE A TERRA. MAS UM BOM LIVRO É O PRECIOSOS SANGUE DO ESPÍRITO SUPERIOR, CONSERVADO E GUARDADO COM VISTAS A UMA VIDA PARA ALÉM DA VIDA.

JOHN MILTON
1608- 1678

POETA, ORADOR E POLÍTICO INGLÊS. NASCIDO EM UMA FAMÍLIA DE POSSES, MILTON ABANDONOU A CARREIRA DE MINISTRO ANGLICANO, CONTRARIANDO O CRESCENTE RITUALISMO DESTA RELIGIÃO E DECIDIU DEVOTAR SUA VIDA À POESIA. EM 1642, AOS 34 ANOS , ESPOSOU MARY POWELL, DE DEZESSETE ANOS, QUE O,ABANDONOU NO MESMO ANO. DESILUDIDO COM O FIM DO SEU CASAMENTO,ELE COMPÔS QUATRO PANFLETOS, OU DISCURSOS, DEFENDO A MORALIDADE DOS DIVÓRCIOS POR INCOMPATIBILIDADE. AEROPAGÍTICA (1644), UM DOS MAIORES ARGUMENTOS EM FAVOR DA LIBERDADE DE IMPRENSA, SURGIU A PARTIR DE SUA INSATISFAÇÃO COM A CENSURA EXERCIDA PELO PARLAMENTO. PROBLEMAS NA VISÃO QUE SURGIRAM NA INFÂNCIA TORNARAM MILTON COMPLETAMENTE CEGO AOS 44 ANOS. EM 1645, MARY POWELL VOLTOU A MORAR COM MILTON, TEVE TRÊS FILHAS E MORREU EM 1662. ELE TORNOU-SE MAIS VEZ VIÚVO ANTES DE CASAR-SE COM ELIZABETH MINSHULL, EM 1663, E DE PUBLICAR SUA OBRA-PRIMA POÉTICA, "PARAÍSO PERDIDO", EM 1667. NESTE POEMA EM DEZ VOLUMES, DITADO A SEUS ASSISTENTES, MILTON USA A HISTÓRIA DE SATÃ, ADÃO E EVA PARA COMENTAR SOBRE O MAL NO MUNDO E "JUSTIFICAR OS MODOS DE DEUS PARA COM OS HOMENS".

A PAIXÃO PELOS LIVROS
CASA DA PALAVRA - 2004
PG. 61