segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
O PIÃO
Menino de calças curtas, camisa rasgada e unhas sujas
Trazia numa mão um pião e em outra uma fieira encardida
E, apressado, corria para a reunião dos garotos para a disputa
De quem, acertaria o centro do círculo em uma ou duas batidas.
Garoto pobre, sonhava um dia em ter às mãos um pião mágico
Que me fizesse rodopiar por emoções da vividas pelos "ricos"
Como dizia a professora: A terra gira pelo universo... e é fato!
Assim, queria eu um dia girar pelo mundo, girar pelo infinito.
Um dia, já homem feito conheci a mulher que me fez girar pelo universo
Com se fora um pião desembestado e atirado por mãos finas e cuidadas.
Na loucura do amor, tirei de um só golpe o meu coração nas entranhas imerso
E, de suas tranças fiz uma fieira límpida, alva e deliciosamente perfumada.
Crédulo em suas palavras de amor eterno, arremessei o pião-coração sem dó
Pelo éter que nos envolvia na noite intensa de magias e promessas mil.
Num repente vi-me de peito aberto, com uma chaga aberta, vazia e só
Só uma mancha sanguinolenta a denunciar o ato insano, por uma amor vil.
Em gargalhadas sonoras ela se afastou de mim e foi-se embora cheia de altivez
Me deixando a lamentar a ilusão de um amor que podia inundar-me o coração.
E, assim, homem feito, porém, tolo, nada mais do que um menino que se vê
A jogar o pião, sem plateia, sem garotos... Ea fieira enrolada( suja)no maldito pião.
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