quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A LIBERTINA!

É dia! A casta senhora passeia pelas ruas e praças
Desfilando sua pose de mulher de raro "pedigree".
Para ela o vestido azul a deixa com classe e graça
De uma fina dama da mais severa sociedade.

É noite! A senhora se transmuda em libertina
E, sai, à caça de suas presas que se multiplicam
Nas vielas escuras onde pululam as cópulas
Entre gritos de prazer e uivos que perduram.

É dia! A senhora vai às compras de véu no rosto
Denotando a vergonha que sente de ser cobiçada.
Ah, pudera ela se esconder dos olhares marotos
E, se enfurnar na nave da igreja frequentada.

É noite! A mulher se mistura com as doidas mariposas
Que volteiam em torno da luz macilenta da alcova.
Como uma fêmea insaciável ela se faz a bela Messalina
E, devora e é devorada, pelas bocas molhadas e famélicas.

É dia! A "madame" circula por dentre os crentes crédulos
Na certeza de receber do padre a hóstia sagrada.
Para ela, os pecados não existem, e, só os temerosos
Tremem de medo do gume mortal da fria espada.

É Dia... É noite! Tanto a Senhora quanto a Libertina,
Se cruzam numa esquina onde "raparigas" se despem.
Num relance, ambas, se olham e se afastam às escondidas
Do mundo que a uma não pertence e, à outra, é a sua veste.  

Um comentário:

  1. E quantas dessas senhoras eu conheço...
    Gostei da imagética do texto.
    Parabéns.

    ResponderExcluir