sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro da tua quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável.
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
AUGUSTO DOS ANJOS
Cruz do Espírito Santo - PB , 1884
Leopoldina-MG , 1914
INTERPRETANDO ESSE SONETO ACHEI POR BEM ACRESCENTAR UMA MINHA OBSERVAÇÃO:
O SACO DE PLÁSTICO DO SUPERMERCADO QUE CARREGA MEIO QUILO DE CONTRA-FILÉ, DIAS DEPOIS, VAI CARREGAR, MEIO QUILO, DE COCÔ DE CACHORRO...
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