ESTA GREVE DOS CAMINHONEIROS TEVE EFEITOS NEFASTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA E, ACARRETOU INÚMEROS TRANSTORNOS PARA OS PROPRIETÁRIOS DE VEÍCULOS MOVIDOS À GASOLINA, ÁLCOOL E DIESEL. COMO MILHARES DE CONSUMIDORES, TAMBÉM SOFRI A ANGÚSTIA DE CONTEMPLAR O MEU CARRO POR DIAS PARADO NA GARAGEM. O MAIS INTERESSANTE É A FALTA DE SEGURANÇA QUE TAL FATO NOS ASSOLA. POIS BEM, PARA MIM, TEVE UM EFEITO BENÉFICO: NÃO PODENDO SAIR DE CASA, DEBRUCEI NO COMPUTADOR E ESCREVI O MEU DÉCIMO OITAVO LIVRO: "45 DIAS NA VIDA DE UMA ABELHA OPERÁRIA". NÃO FOI MUITO DIFÍCIL,POIS, NA DÉCADA DE 80, INICIEI AS ATIVIDADES DE APICULTOR. SEM FALSA MODÉSTIA FUI O PIONEIRO DA APICULTURA EM TAUBATÉ. DEI VÁRIOS CURSOS DE APICULTURA, FORMANDO CENTENAS DE APICULTORES,. TAMBÉM FUNDEI UMA LOJA DE APICULTURA A QUE DEI O NOME DE "APIVALE", QUE FICAVA NA AV. FARIA LIMA.
AINDA ME FALTA TERMINAR MAIS TRÊS LIVROS, A SABER:
- MULHERES SEDUTORAS & MULHERES SEDUZIDAS - ROMANCE ERÓTICO (ESTÁ NA METADE);
- POR QUE DUVIDAS DE MIM - POEMA BÍBLICO - QUASE PRONTO;
- GIZ, QUADRO NEGRO E DOR- ROMANCE SOBRE O MAGISTÉRIO, JÁ COM 400 PÁGINAS DIGITADAS.
PRETENDO ATÉ O DIA QUE ME FOR PERMITIDO TER UMA FIEIRA DE FILHOS, POIS, COMO APOSENTADO DO MAGISTÉRIO, GANHO O SUFICIENTE PARA MANTÊ-LOS... É UMA PIADA...DE MAU GOSTO!
quinta-feira, 31 de maio de 2018
segunda-feira, 28 de maio de 2018
A ERA DO " MUDISMO"
Por fim...Enfim... Chegamos à Era do Mudismo.
Sim, estamos nos tornando autênticos "MUDOS". Seres sem vocação para pronunciar palavras consistentes e inteligentes.
É incrível como este fato "histórico" está se tornando uma dura realidade, que, futuramente, nos reverterá à Idade da Pedra, onde, a comunicação era feita através de guinchos, uivos e sons ininteligíveis... Vivíamos em cavernas e tocas e, quando queríamos nos comunicar era com gestos...
Foram precisos milhares de anos para que aperfeiçoasse nossa linguagem verbal e, agora, constato, indignado que foram precisos apenas alguns anos para que retrocedêssemos tanto... E, aconteceu, com o aparecimento do "CELULAR". Não que eu seja contra o uso deste objeto estranho...cheio de aps e outros modernismos, mas, sim, pelo seu uso indiscriminado pelo ser humano, que talvez, tenha se esquecido da Idade da Pedra...
Hoje, constato, acabrunhado, a morte da linguagem oral e, diga-se, de passagem, escrita. Um dia destes estava num consultório médico, lendo reportagens ultrapassadas em anos (revistas velhas) que os senhores médicos nos oferecem para esquecermos a falta de respeito com o horário da consulta, quando presenciei dentre os 12 pacientes, todos terem às mãos o celular... Tinham os olhos focados no visor do aparelho e, nem, por um instante, despregavam os olhos... conferiam os wat-sup (nem sei escrever este aplicativo). Não conversavam entre si... Eram pais , filhos e esposas de cabeça baixa, alheios ao que se passava ao redor. Não é necessário falar que estavam "mudos" e, mergulhados no universo do "mudismo".
Quanto à linguagem escrita constatamos hoje, um assassinato no que antes era tido como grafia correta. Assim é que, beleza passou para blz;
Rir passou para KKKKK.... Furor passou rsrsrsr...Você para vc e, assim por diante.
CHEGA DA ERA DO MUDISMO ... VAMOS VOLTAR À FALAR E GRAFAR CORRETAMENTE... VAMOS VOLTAR A FALAR COM AQUELES QUE NOS RODEIAM... EU, NÃO QUERO RETROCEDER À ERA DA PEDRA LASCADA.
QUEM SE BENEFICIARÁ DESTA ATITUDE? NÓS, O ENEM E A EVOLUÇÃO.
TENHO DITO.
Sim, estamos nos tornando autênticos "MUDOS". Seres sem vocação para pronunciar palavras consistentes e inteligentes.
É incrível como este fato "histórico" está se tornando uma dura realidade, que, futuramente, nos reverterá à Idade da Pedra, onde, a comunicação era feita através de guinchos, uivos e sons ininteligíveis... Vivíamos em cavernas e tocas e, quando queríamos nos comunicar era com gestos...
Foram precisos milhares de anos para que aperfeiçoasse nossa linguagem verbal e, agora, constato, indignado que foram precisos apenas alguns anos para que retrocedêssemos tanto... E, aconteceu, com o aparecimento do "CELULAR". Não que eu seja contra o uso deste objeto estranho...cheio de aps e outros modernismos, mas, sim, pelo seu uso indiscriminado pelo ser humano, que talvez, tenha se esquecido da Idade da Pedra...
Hoje, constato, acabrunhado, a morte da linguagem oral e, diga-se, de passagem, escrita. Um dia destes estava num consultório médico, lendo reportagens ultrapassadas em anos (revistas velhas) que os senhores médicos nos oferecem para esquecermos a falta de respeito com o horário da consulta, quando presenciei dentre os 12 pacientes, todos terem às mãos o celular... Tinham os olhos focados no visor do aparelho e, nem, por um instante, despregavam os olhos... conferiam os wat-sup (nem sei escrever este aplicativo). Não conversavam entre si... Eram pais , filhos e esposas de cabeça baixa, alheios ao que se passava ao redor. Não é necessário falar que estavam "mudos" e, mergulhados no universo do "mudismo".
Quanto à linguagem escrita constatamos hoje, um assassinato no que antes era tido como grafia correta. Assim é que, beleza passou para blz;
Rir passou para KKKKK.... Furor passou rsrsrsr...Você para vc e, assim por diante.
CHEGA DA ERA DO MUDISMO ... VAMOS VOLTAR À FALAR E GRAFAR CORRETAMENTE... VAMOS VOLTAR A FALAR COM AQUELES QUE NOS RODEIAM... EU, NÃO QUERO RETROCEDER À ERA DA PEDRA LASCADA.
QUEM SE BENEFICIARÁ DESTA ATITUDE? NÓS, O ENEM E A EVOLUÇÃO.
TENHO DITO.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
ME CHAME PELO SEU NOME
ME CHAME PELO SEU NOME, é um romance que foi transformado em filme EM 2017 e concorreu ao OSCAR em 2018. Comprei este livro pela Internet e recebi-o hoje.
Da leitura das primeiras páginas, posso afirmar que se trata de um romance contagioso e que prende a atenção.
SINOPSE DA CONTRACAPA:
"Você vê a pessoa, mas não a enxerga de verdade, ela simplesmente está por ali. E você fica lutando para aceitar algo que, sem que você soubesse, vinha ganhando forma bem debaixo do seu nariz, trazendo consigo todos os sintomas daquilo que só pode ser chamado de desejo. Como eu não percebi? Sei reconhecer o desejo. Desta vez, no entanto, tinha passado completamente despercebido. Tudo o que eu queria era pele, apenas pele."
Trata-se de um romance homo-afetivo que descreve o amor entre dois jovens que os marcará pelo resto de suas vidas.
Publicado pela Editora INTRÍNSECA , COM 287 PÁGINAS.
AUTOR : ANDRÉ ANCIMAN - NASCEU EM ALEXANDRIA- EGITO
Recomendo a leitura pelos meus fiéis seguidores.
Em tempo, hoje, o meu blog atingiu a marca de 106.000 seguidores, de todas as partes do mundo.
domingo, 13 de maio de 2018
TERMINAR DE ESCREVER 4 LIVROS... RECUPERAR TEMPO PASSADO NO VALE DAS SOMBRAS
Sim, é hora (mais do que hora) de recuperar o tempo que passei no Vale das Sombras da Morte ( 8 meses). Pelo excelso Criador, tive nova chance de vida e, quero aproveitá-la, minuto a minuto, tanto no âmbito familiar, quanto NO profissional. No âmbito profissional, devo terminar 4 livros que se encontram incompletos, sendo que um, o romance alusivo ao Magistério Paulista, está no "mofo" a mais de 20 anos. Já escrevi dois volumes, com o terceiro eu encerro o romance. Para Terminar : 28 dias na vida de uma abelha operária; Mulheres sedutoras& mulheres seduzidas e o Livro de poemas Bíblico, POR QUE DUVIDAS DE MIM.
Terminei dois este mês: O livro de Poemas UMA MULHER INTRIGANTE E O LIVRO DE CONTOS : O MAGAREFE. ESTOU ATUALMENTE COM CINCO LIVROS PARA NOITE DE AUTÓGRAFOS.
COMO AFIRMO SEMPRE: ESCREVER, ESCREVER, ESCREVER... E, LER.
terça-feira, 8 de maio de 2018
PROSEANDO & PROVANDO... DE POESIA : AMA-ME
AMA-ME
Ama-me com toda a paixão
Que o teu corpo sensual comporta.
Entrega-me teu amor, teu coração,
E eu, minha vida te darei em troca.
Ama-me buscando em meus lábios
A fonte do amor perene e sublime;
Fonte inesgotável de beijos, eternos laivos
A saciarem tua alma de amor ressequida.
Ama-me crendo ser o meu amor
A razão única para a tua vida;
a resposta para os anseios do teu corpo
E assim o fazendo, amar-te eu juro
Com meu amor repleto de carícias infindas;
Com um amor maior do que o próprio mundo.
Poema do Livro AMOR, AMOR, AMOR, ETERNA SOLIDÃO ... DE MINHA AUTORIA
EDIVALE- 98 PÁGINAS
2A. EDIÇÃO - 1994
segunda-feira, 7 de maio de 2018
DOM QUIXOTE DE LA MANCHA
Mais uma vez tive a felicidade de garimpar um excelente livro, aliás, clássico da Literatura Universal, intitulado DOM QUIXOTE DE LA MANCHA, na Livraria Nobel em Caraguatatuba. Em dois dias, frente ao mar, na praia Martin de Sá, li-o e, confesso, adorei as aventuras do nosso herói, Dom Quixote. Recomendo sua leitura para meus fiéis amigos e seguidores do Blog.
DOM QUIXOTE - MIGUEL DE CERVANTES - EDITORA PÉ DA LETRA- 237 PÁGINAS
A obra criada por Miguel de Cervantes é considerada por muitos especialistas como a narrativa de ficção mais importante de todos os tempos.
Por meio de uma linguagem acessível, é possível acompanhar, ao lado dos eternos Dom Quixote e Sancho Pança, algumas das aventuras mais famosas da história da literatura.
Sobre o autor:
Miguel de Cervantes de Saavedra nasceu em 29 de setembro de 1547, sendo o quarto de sete filhos de Rodrigo de Cervantes e Leonor de Cortinas. Acredita-se que ele tenha nascido em Alcalá de Henares, cidade universitária nas proximidades de Madri. Apesar do interesse por filosofia, história e literatura, Cervantes buscou melhores condições de vida alistando-se em uma companhia de soldados. Aos 22 anos, percorreu várias cidades da Itália, onde conheceu diversas obras do Renascimento. De volta à Espanha em 1580, Cervantes viveu em Valência, Madri e Toledo.
quinta-feira, 3 de maio de 2018
O ESTRANHO CASO DO PINTOCÍDIO SEGUIDO DE SUICÍDIO
Este caso ocorreu em uma das nossas cidadezinhas do interior, mais precisamente, num pequeno sítio, de propriedade do senhor Josenildo Penaleve, lá pelas décadas de 50 ou 60 e, me foi relatado pelo mesmo, após seis décadas do desenrolar dos incríveis acontecimentos. Bem vamos aos fatos e, após tomar conhecimento você, leitor, deverá, acreditar, ou não.
1. RIBEIRÃO DAS ALMAS – Cidadezinha onde se localiza o sítio.
Bem encravado no sopé de um morro e à margem de um rio que serpenteia indolente pelos campos, localiza-se a Vila de Ribeirão das Almas. É um pequeno município de tantos outros que pululam pelo nosso Estado e, que, abriga, não mais de 700 habitantes na Zona Urbana e mais umas 1.500 almas espalhadas pela Zona Rural. A principal atividade lucrativa do município é a agricultura caseira e a produção leiteira, além, do comércio esporádico de porcos, aves e seus subprodutos.
O sítio Primavera, de propriedade do senhor Penaleve, dista alguns quilômetros da Matriz e, está localizado à margem esquerda da estrada municipal Vereador Filisbino Monteiro, no quilômetro 6, prá quem se dirige para Matosinhos, um município de maiores providências; onde existem a Santa Casa e o Grupo Escolar. O sítio, de 4,5 alqueires, abriga uma casa de 5 cômodos, uma horta, um pomar de laranjeiras e afins e, um galinheiro: o lugar mais amado e frequentado pelo senhor Penaleve. O senhor Penaleve vive com sua família: a esposa Jovelina e, os filhos Marquinho, o primogênito; a Lurdinha e o mais velho, Serafim. Havia também alguns bichos de estimação como o gato Pantaleão e o cachorro de raça indefinida, chamado por todos com carinho de Tição (era preto). De tudo que existia no sítio, como disse anteriormente, o galinheiro era o lugar mais apreciado e cuidado pelo sitiante... era o seu “xodó”.
2. O GALINHEIRO:
Localizado no fundo do terreiro e, ao lado do pomar, margeando pelos fundos com o ribeirão ficava o galinheiro. Era todo vedado com tela de arame e, possuía na entrada um galpão onde ficavam os ninhos dentro dos jacás e pendurados em varas, para esse fim dispostas nas vigas do rancho. O chão era de terra batida e, constantemente forrado de milho (nunca ele permitiu que faltasse o cereal da cor de ouro para suas galinhas, galos e pintinhos), com alguns pés de vegetação não muito alta; o suficiente para abrigar os pintinhos do sol e, claro, de protegê-los, das aves carnívoras (gavião e falcão). A paz, tão necessária para o desenvolvimento dos pintainhos em frangos, reinava dentro do galinheiro e, todo dia se transformava num espetáculo digno de ser contemplado: as dezenas de galinhas cantando após botarem seus graúdos ovos de casca vermelha; os galos ciscando e fazendo rodeios em torno das matronas e das frangas – lindas beldades – e, os pintainhos circulando livremente pelo terreno, no esplendor de suas vidas. De todas as galinhas carijós, índias e mestiças, a de que ele mais gostava era da sua querida Hermengarda.
3. HERMENGARDA
Hermengarda era uma galinha carijó de plumagem bela, com penas rajadas e penugens claras. Suas asas eram grandes, próprias para abrigar os seus rebentos a cada vez que chocava 10 0u mais ovos. Era incansável na postura dos ovos e, os mesmos, eram sempre galados, pois exercia uma estranha atração sobre os galos que reinavam no galinheiro. Ora ou outra ele era “galada” por um galo Índio, ou, por, um galo carijó. Recusar mesmo, ela o fazia quando era insistentemente cotejado por um galo da raça garnisé, ou por galo peva, isto quando não dava fortes bicadas em galarotes, que a incomodavam com investidas galantes, mas, que, ainda não estavam maduros, sexualmente. Hermengarda, pelos cuidados de seu dono Penaleve, podia-se dizer sem medo de errar, que era a rainha do galinheiro e, ela, sabia disso, pois adorava circular pelo cercado, com o pescoço erguido, sempre acompanhado de seus pintainhos e rodeado pelos seus fãs. Durante estes passeios ela sempre emitia maviosos “cocoricós”, acompanhado dos “pius-pius” dos irrequietos pintainhos; alguns amarelos, outros carijós e alguns pretinhos (às vezes era “galada” pelo Tsiu, galo preto e, atrevido). Tudo transcorria às mil maravilhas> Sempre aos sábados o senhor Penaleve, colhia os ovos da semana e com alguns frangos tendo os pés presos em palha de milho trançada, ele arreava o seu cavalo baio e ia até a Vila vender as mercadorias. Terminada as vendas ele passava pelo mercado e comprava as encomendas de sua querida mulher Francelina. De um tempo para cá ele passou a notar quer Hermengarda ficava irrequieta e aflita, quando ele levava os frangos para vender. Ela corria pelo galinheiro e, atacava quem dela se aproximasse... parecia que tinha ficado louca e, isto, deixava o senhor Penaleve com a “pulga” atrás da orelha. Todas as vezes que este fato aconteceu ele deixou “prá lá”, até o dia em que se deu o Pintocídio...
4. O PINTOCÍDIO SEGUIDO DE SUICÍDIO
O estranho fato o qual chamaremos de “pintocídio seguido de suicídio”, se deu após um final de semana em que muitos ovos foram colhidos e 6 frangos graúdos foram retirados do galinheiro, para serem vendidos na Vila. Na segunda-feira, Penaleve, ao adentrar no galinheiro, notou que as suas aves estavam caladas, moribundas, e, em grupos, se escondiam por sob os arbustos. Parecia que o galinheiro, sempre, repleto de vida, agora, parecia um cemitério. Intrigado ele foi até o galpão onde ficavam os ninhos para a postura dos ovos e posterior choco, quando, horrorizado, ao examinar o ninho da Hermengarda que estava em final de choco (esperava ele que nascessem 12 pintinhos), tendo os olhos esbugalhados, contemplou a terrível imagem: os pintinhos estavam todos mortos. Foram sacrificados pela Hermengarda com terríveis bicadas nas pequeninas cabeças. Olhando mais para cima, deparou com a sua querida Hermengarda com o pescoço enfiado num dos buracos da tela de arame, nos últimos estertores da morte... Morte, esta, por enforcamento. O que aconteceu, ele deduziu, após, muito coçar a cabeça e chorar baixinho, foi que a sua querida Hermengarda, não suportando mais, ver seus rebentos crescer, belos e esbeltos, serem aos sábados, mercadorias que seriam vendidas no mercado e, claro, (ela sabia) serem mortos e degustados nos almoços de domingo. Inconformada do trágico destino de seus filhotes, ela resolveu matá-los e, depois, num ato insano (ou de heroísmo?), ela se enforcou, tirando sua preciosa vida.
– Foi isto que aconteceu, nem mais, nem menos –, disse-me o sitiante Penaleve, quando nos conhecemos na Feira da Barganha, em Taubaté, passados muitos anos após o estranho fato.
O amigo leitor poderá acreditar, ou não. É problema, seu. Eu garanto a vocês, que acreditei e, até deixei de lado o frango assado que minha querida companheira Diná, me preparou para o almoço de domingo... só neste domingo.
ALDO DE AGUIAR
CARAGUATATUBA – PRAIA MARTIM DE SÁ
31 DE ABRIL DE 2018 – 11:30H
Este caso ocorreu em uma das nossas cidadezinhas do interior, mais precisamente, num pequeno sítio, de propriedade do senhor Josenildo Penaleve, lá pelas décadas de 50 ou 60 e, me foi relatado pelo mesmo, após seis décadas do desenrolar dos incríveis acontecimentos. Bem vamos aos fatos e, após tomar conhecimento você, leitor, deverá, acreditar, ou não.
1. RIBEIRÃO DAS ALMAS – Cidadezinha onde se localiza o sítio.
Bem encravado no sopé de um morro e à margem de um rio que serpenteia indolente pelos campos, localiza-se a Vila de Ribeirão das Almas. É um pequeno município de tantos outros que pululam pelo nosso Estado e, que, abriga, não mais de 700 habitantes na Zona Urbana e mais umas 1.500 almas espalhadas pela Zona Rural. A principal atividade lucrativa do município é a agricultura caseira e a produção leiteira, além, do comércio esporádico de porcos, aves e seus subprodutos.
O sítio Primavera, de propriedade do senhor Penaleve, dista alguns quilômetros da Matriz e, está localizado à margem esquerda da estrada municipal Vereador Filisbino Monteiro, no quilômetro 6, prá quem se dirige para Matosinhos, um município de maiores providências; onde existem a Santa Casa e o Grupo Escolar. O sítio, de 4,5 alqueires, abriga uma casa de 5 cômodos, uma horta, um pomar de laranjeiras e afins e, um galinheiro: o lugar mais amado e frequentado pelo senhor Penaleve. O senhor Penaleve vive com sua família: a esposa Jovelina e, os filhos Marquinho, o primogênito; a Lurdinha e o mais velho, Serafim. Havia também alguns bichos de estimação como o gato Pantaleão e o cachorro de raça indefinida, chamado por todos com carinho de Tição (era preto). De tudo que existia no sítio, como disse anteriormente, o galinheiro era o lugar mais apreciado e cuidado pelo sitiante... era o seu “xodó”.
2. O GALINHEIRO:
Localizado no fundo do terreiro e, ao lado do pomar, margeando pelos fundos com o ribeirão ficava o galinheiro. Era todo vedado com tela de arame e, possuía na entrada um galpão onde ficavam os ninhos dentro dos jacás e pendurados em varas, para esse fim dispostas nas vigas do rancho. O chão era de terra batida e, constantemente forrado de milho (nunca ele permitiu que faltasse o cereal da cor de ouro para suas galinhas, galos e pintinhos), com alguns pés de vegetação não muito alta; o suficiente para abrigar os pintinhos do sol e, claro, de protegê-los, das aves carnívoras (gavião e falcão). A paz, tão necessária para o desenvolvimento dos pintainhos em frangos, reinava dentro do galinheiro e, todo dia se transformava num espetáculo digno de ser contemplado: as dezenas de galinhas cantando após botarem seus graúdos ovos de casca vermelha; os galos ciscando e fazendo rodeios em torno das matronas e das frangas – lindas beldades – e, os pintainhos circulando livremente pelo terreno, no esplendor de suas vidas. De todas as galinhas carijós, índias e mestiças, a de que ele mais gostava era da sua querida Hermengarda.
3. HERMENGARDA
Hermengarda era uma galinha carijó de plumagem bela, com penas rajadas e penugens claras. Suas asas eram grandes, próprias para abrigar os seus rebentos a cada vez que chocava 10 0u mais ovos. Era incansável na postura dos ovos e, os mesmos, eram sempre galados, pois exercia uma estranha atração sobre os galos que reinavam no galinheiro. Ora ou outra ele era “galada” por um galo Índio, ou, por, um galo carijó. Recusar mesmo, ela o fazia quando era insistentemente cotejado por um galo da raça garnisé, ou por galo peva, isto quando não dava fortes bicadas em galarotes, que a incomodavam com investidas galantes, mas, que, ainda não estavam maduros, sexualmente. Hermengarda, pelos cuidados de seu dono Penaleve, podia-se dizer sem medo de errar, que era a rainha do galinheiro e, ela, sabia disso, pois adorava circular pelo cercado, com o pescoço erguido, sempre acompanhado de seus pintainhos e rodeado pelos seus fãs. Durante estes passeios ela sempre emitia maviosos “cocoricós”, acompanhado dos “pius-pius” dos irrequietos pintainhos; alguns amarelos, outros carijós e alguns pretinhos (às vezes era “galada” pelo Tsiu, galo preto e, atrevido). Tudo transcorria às mil maravilhas> Sempre aos sábados o senhor Penaleve, colhia os ovos da semana e com alguns frangos tendo os pés presos em palha de milho trançada, ele arreava o seu cavalo baio e ia até a Vila vender as mercadorias. Terminada as vendas ele passava pelo mercado e comprava as encomendas de sua querida mulher Francelina. De um tempo para cá ele passou a notar quer Hermengarda ficava irrequieta e aflita, quando ele levava os frangos para vender. Ela corria pelo galinheiro e, atacava quem dela se aproximasse... parecia que tinha ficado louca e, isto, deixava o senhor Penaleve com a “pulga” atrás da orelha. Todas as vezes que este fato aconteceu ele deixou “prá lá”, até o dia em que se deu o Pintocídio...
4. O PINTOCÍDIO SEGUIDO DE SUICÍDIO
O estranho fato o qual chamaremos de “pintocídio seguido de suicídio”, se deu após um final de semana em que muitos ovos foram colhidos e 6 frangos graúdos foram retirados do galinheiro, para serem vendidos na Vila. Na segunda-feira, Penaleve, ao adentrar no galinheiro, notou que as suas aves estavam caladas, moribundas, e, em grupos, se escondiam por sob os arbustos. Parecia que o galinheiro, sempre, repleto de vida, agora, parecia um cemitério. Intrigado ele foi até o galpão onde ficavam os ninhos para a postura dos ovos e posterior choco, quando, horrorizado, ao examinar o ninho da Hermengarda que estava em final de choco (esperava ele que nascessem 12 pintinhos), tendo os olhos esbugalhados, contemplou a terrível imagem: os pintinhos estavam todos mortos. Foram sacrificados pela Hermengarda com terríveis bicadas nas pequeninas cabeças. Olhando mais para cima, deparou com a sua querida Hermengarda com o pescoço enfiado num dos buracos da tela de arame, nos últimos estertores da morte... Morte, esta, por enforcamento. O que aconteceu, ele deduziu, após, muito coçar a cabeça e chorar baixinho, foi que a sua querida Hermengarda, não suportando mais, ver seus rebentos crescer, belos e esbeltos, serem aos sábados, mercadorias que seriam vendidas no mercado e, claro, (ela sabia) serem mortos e degustados nos almoços de domingo. Inconformada do trágico destino de seus filhotes, ela resolveu matá-los e, depois, num ato insano (ou de heroísmo?), ela se enforcou, tirando sua preciosa vida.
– Foi isto que aconteceu, nem mais, nem menos –, disse-me o sitiante Penaleve, quando nos conhecemos na Feira da Barganha, em Taubaté, passados muitos anos após o estranho fato.
O amigo leitor poderá acreditar, ou não. É problema, seu. Eu garanto a vocês, que acreditei e, até deixei de lado o frango assado que minha querida companheira Diná, me preparou para o almoço de domingo... só neste domingo.
ALDO DE AGUIAR
CARAGUATATUBA – PRAIA MARTIM DE SÁ
31 DE ABRIL DE 2018 – 11:30H
A ESCARAMUÇA DO TOURO REQUIÃO
Para se entender esta história comovente do Touro Requião é necessário que voltemos ao tempo... Tempo de seu nascimento, adolescência e maturidade, sem que, nenhum pormenor seja esquecido ou deixado de lado, para então, falarmos, da famosa e temida “escaramuça”.
1. O SEU NASCIMENTO
Requião (teve este nome de batismo ao nascer, devido seu dono, Josenildo Palhares, ter escutado numa noite qualquer, a Hora do Brasil, em seu rádio de pilha a menção ao nome do político do Paraná, Jose Requião. Foi amor à primeira vista e, no dia seguinte, batizou o bezerro pelo nome do político), nasceu do cruzamento de uma vaca da raça Gir, com um touro da raça Guzerá. Do lado materno herdou um porte varonil e, manchas vermelhas pelo corpo e, do lado paterno, a envergadura de um campeão. Desde o seu nascimento até o desmame, teve abundância do líquido alvo, quente e saboroso e, claro, altamente nutritivo. Para ele, era sempre deixado pelo Tonico, o leiteiro do sítio, duas tetas, inchadas, repletas de leite, que ele mamava com sofreguidão. Raramente ele precisava dar cabeçadas no úbere volumoso para que descesse mais leite: Cabreúva (o nome de sua mãe), nunca lhe negou o sustento, ao contrário fazia questão de “esconder” o precioso líquido para que ele mamasse mais tarde, antes do “aparte” dos bezerros, no pasto, para este fim destinado. Assim, sempre tratado com toda a atenção e fartura, ele foi se desenvolvendo, até se tornar um garrote que destoava dos demais de sua idade. Josenildo, tinha-o escolhido para ser futuramente o Touro responsável pela cobertura das dezenas de vacas, que lhe davam diariamente o sustento de sua família ( “batia” 120 litros de leite no “Ponto” do armazém do João Correia), bem como manter as despesas do sítio em dia. Tais despesas diziam respeito ao “trato” das vacas; ao milho das galinhas e porcos e à mão de obra usada para roçar os pastos e, manter, as cercas em dia. Nesta boa vida, Requião, foi encorpando e tomando a forma de um futuro touro emprenhador de vacas, que, quando, ao parirem seus bezerros e bezerras, eles herdariam a sua linhagem. E, assim foi até o seu desmame, ou seja, atingir a adolescência e maturidade.
2. A ADOLESCÊNCIA
Dos dois aos seis anos de vida, Requião, se portou algumas vezes como bezerro e, outras vezes (mais frequentes) como pré-touro. Como era o protegido do rebanho, tinha para si tudo o que a vida no sítio podia lhe proporcionar. As travessuras que fazia: escoicear outros bezerros só por prazer; tentar cobrir nas novilhas e, em algumas vacas; saltitar pelo curral, atrapalhando o descanso dos mais idosos; correr atrás de galinhas para chifrá-las( já despontou os chifres, embora ainda pequenos, herança do Guzerá, seu pai), e, assim por diante. Levava uma vida de príncipe e, como tal era por muitos idolatrados, e, pelos invejosos, odiado. Algumas vezes acontecia de um ou dois desafetos, mais velhos, correr em seu encalço, para espetar os chifres pontiagudos em seu lombo macio e vistoso: sempre, desde pequeno, coberto de pelos luzidios. Quando, os animais eram presos no curral para tomar banho de carrapaticida, ou, para retirar bernes(as larvas eram espremidas com os dedos e pela pressão pulavam para o chão, quando eram comidas pelas galinhas, que as disputavam com avidez), Requião era poupado, pois, nunca abrigou carrapatos ou bernes ou, qualquer outro tipo de peste – sangue bom, dizia, cofiando a barbicha, seu dono, todo orgulhoso. Dessa maneira, vivendo como um nababo, Requião, chegou à fase adulta, quando se transformou num soberbo touro, que enchia Josenildo de orgulho, principalmente, quando vinham fazendeiros e boiadeiros de fora, só para ver o belo animal, visto que, nunca esteve à venda, por mais que oferecessem somas graúdas. Requião, sem margens de dúvidas, era o mais belo Touro das redondezas e, sua fama, já tinha ultrapassado os mais distantes rincões... Fama esta que fez seu nome e, presença, serem odiados pelos demais touros da região.
3. A MATURIDADE
Quando atingiu a maioridade sexual, Requião passou a “cobrir” as novilhas e vacas do sítio. Seus primeiros descendentes provaram que ele tinha a “genética” para originar fêmeas. No início, ele tinha que disputar a cabeçadas e chifradas o “harém” com o touro Ferrabrás, já titular do curral há alguns anos. Muitas vezes ele perdeu a batalha, pois, ainda não tinha a força e malícia para dar cabo de uma boa briga, portanto, vez ou outra, quando Ferrabrás não estava por perto ele se aproveitava e dava suas “trepadas” saindo correndo logo em seguida do seu opositor. Porém, com o passar dos anos ele se encorpou; seus chifres cresceram bastante e tinham as pontas afiadas (ele vivia constantemente os afiando nos barrancos); seu peito másculo era provido de fortes músculos, bem como as pernas que lhe permitiam fincar os cascos no chão e suportar as “marradas” do “velho” touro. Para evitar que se ferisse gravemente, seu amo, achou por bem vender o Ferrabrás e, assim, o fez. Agora, rei absoluto de seu harém, ele passou a ter uma vida mais sossegada e, com requintes de galã, de um Dom Juan, ele passou a seduzir as mais belas novilhas e vacas já calejadas no ato do amor. De suas “coberturas” nasciam maravilhosas bezerras, que um dia se transformariam em excelentes vacas leiteiras e, ocasionalmente, alguns bezerros machos, que eram vendidos a outros sitiantes para servirem de touros, nunca de bois de carro. Com tanta atenção tanto pelo seu dono, quanto pelos sitiantes vizinhos que vinham conhecê-lo e para não perderem tempo traziam suas vacas para que ele “cobrisse”, em troca de alguns mimos para o sítio, começou a gerar uma onda entre os demais touros da região de ódio, inveja e sanha assassina. Alguns mais afoitos chegaram mesmo a derrubar as cercas e chegar até o curral para enfrentá-lo e, quem sabe matá-lo. Só não o fizeram porque o curral era construído com grossas taboas de madeira de lei e, também, pelo socorro rápido recebido do atribulado sitiante. Depois que um touro mais destemido conseguiu fazer um buraco no curral e entrar, travando uma terrível contenda com o nosso herói, do qual o invasor saiu ferido e com o rabo entre as pernas, Requião resolveu tomar uma atitude digna de um General da era Napoleônica e, preparou para seus oponentes que porventura viessem a enfrentá-lo uma terrível ESCARAMUÇA, que o ajudou a permanecer vivo até quando pela idade avançada se aposentou e, foi viver em paz na invernada, no meio de seus filhos e filhas.
4. A ESCARAMUÇA
Cansado de tanto ser desafiado para combates pelos touros invejosos que vinham tarde da noite até o curral para desafiá-lo, ele resolveu se precaver e para isto tomou uma decisão significativa que o manteve vivo, até os seus últimos momentos, quando morreu de morte morrida, por envelhecimento.
Foi o seguinte: Numa tarde em que estava pastando placidamente, acompanhado pelas suas queridas vacas, ele deparou com um barranco, no meio de um carrascal, que ficava escondido dos olhares dos mais incautos e, que, à beira, se descortinava um buraco de uns oito metros de altura, em cujo chão ficavam dispostas pedras pontiagudas. Neste local, ele teve a feliz ideia (era muito inteligente e sabido) de se refugiar quando fosse perseguido por este ou aquele touro mais obtuso (os que lhe perturbavam mostraram ser bem menos inteligente que o nosso herói) e, para que o seu plano desse certo, ele fez com os cascos afiados um pequeno caminho por onde poderia passar sem cair no buraco. Constatado que não haveria falha, esperou até que um marrudo qualquer viesse em busca de sua morte, por um combate, geralmente de madrugada, quando o seu protetor estava dormindo a sono solto. E, aconteceu. Era madrugada alta, quando as vacas estavam deitadas à beira do curral, que o touro Serapião, do sítio mais próximo, chegou e com um coice tremendo, abriu a porteira do curral e se dirigiu igual um bólido desgovernado, com os chifres em posição de combate até o Requião, que, sonolento, mascava uma porção de cana. Assim, que Requião, notou o intruso, deu uma guinada e saiu em disparada até o carrascal onde ficava, escondido , o buraco, ou melhor a sepultura. Com gestos estudados ele se colocou numa posição que oferecia o corpo para os chifres do contendor. Aproveitando esta deixa, o touro enfurecido, abaixou a cabeça e se precipitou sobre Requião para desferir o golpe mortal. Pobre e infeliz algoz, que, não previu a ESCARAMUÇA do nosso gladiador. De um salto magnífico ele saiu pelo caminho feito e, deixou que o seu verdugo se atirasse pelo precipício, indo encontrar a morte nas pedras pontiagudas. Feliz, pelo sucesso da Escaramuça, ele voltou para o aconchego do curral. Quanto ao Serapião, foi encontrado dois dias após a malograda aventura, com alguns urubus pousados em sua carcaça. Tal fato aconteceu com mais quatro touros. Depois que seus algozes foram eliminados, Requião, voltou a ter a paz almejada e merecida.
Requião viveu ainda mais uns 15 anos, cobrindo as vacas do sítio e das redondezas. Pelas contas de seu fiel dono, ele deve ter deixado mais de mil filhos espalhados pelos sítios e fazendas do Estado de São Paulo.
Assim, caro leitor, reproduzi a história que me foi contada pelo seu Josenildo Palhares, sem acrescentar ou subtrair nenhum fato. Fica a seu critério torná-la crível,ou, não.
Caraguá, 01 de maio de 2018-05-02
Aldo de aguiar
Para se entender esta história comovente do Touro Requião é necessário que voltemos ao tempo... Tempo de seu nascimento, adolescência e maturidade, sem que, nenhum pormenor seja esquecido ou deixado de lado, para então, falarmos, da famosa e temida “escaramuça”.
1. O SEU NASCIMENTO
Requião (teve este nome de batismo ao nascer, devido seu dono, Josenildo Palhares, ter escutado numa noite qualquer, a Hora do Brasil, em seu rádio de pilha a menção ao nome do político do Paraná, Jose Requião. Foi amor à primeira vista e, no dia seguinte, batizou o bezerro pelo nome do político), nasceu do cruzamento de uma vaca da raça Gir, com um touro da raça Guzerá. Do lado materno herdou um porte varonil e, manchas vermelhas pelo corpo e, do lado paterno, a envergadura de um campeão. Desde o seu nascimento até o desmame, teve abundância do líquido alvo, quente e saboroso e, claro, altamente nutritivo. Para ele, era sempre deixado pelo Tonico, o leiteiro do sítio, duas tetas, inchadas, repletas de leite, que ele mamava com sofreguidão. Raramente ele precisava dar cabeçadas no úbere volumoso para que descesse mais leite: Cabreúva (o nome de sua mãe), nunca lhe negou o sustento, ao contrário fazia questão de “esconder” o precioso líquido para que ele mamasse mais tarde, antes do “aparte” dos bezerros, no pasto, para este fim destinado. Assim, sempre tratado com toda a atenção e fartura, ele foi se desenvolvendo, até se tornar um garrote que destoava dos demais de sua idade. Josenildo, tinha-o escolhido para ser futuramente o Touro responsável pela cobertura das dezenas de vacas, que lhe davam diariamente o sustento de sua família ( “batia” 120 litros de leite no “Ponto” do armazém do João Correia), bem como manter as despesas do sítio em dia. Tais despesas diziam respeito ao “trato” das vacas; ao milho das galinhas e porcos e à mão de obra usada para roçar os pastos e, manter, as cercas em dia. Nesta boa vida, Requião, foi encorpando e tomando a forma de um futuro touro emprenhador de vacas, que, quando, ao parirem seus bezerros e bezerras, eles herdariam a sua linhagem. E, assim foi até o seu desmame, ou seja, atingir a adolescência e maturidade.
2. A ADOLESCÊNCIA
Dos dois aos seis anos de vida, Requião, se portou algumas vezes como bezerro e, outras vezes (mais frequentes) como pré-touro. Como era o protegido do rebanho, tinha para si tudo o que a vida no sítio podia lhe proporcionar. As travessuras que fazia: escoicear outros bezerros só por prazer; tentar cobrir nas novilhas e, em algumas vacas; saltitar pelo curral, atrapalhando o descanso dos mais idosos; correr atrás de galinhas para chifrá-las( já despontou os chifres, embora ainda pequenos, herança do Guzerá, seu pai), e, assim por diante. Levava uma vida de príncipe e, como tal era por muitos idolatrados, e, pelos invejosos, odiado. Algumas vezes acontecia de um ou dois desafetos, mais velhos, correr em seu encalço, para espetar os chifres pontiagudos em seu lombo macio e vistoso: sempre, desde pequeno, coberto de pelos luzidios. Quando, os animais eram presos no curral para tomar banho de carrapaticida, ou, para retirar bernes(as larvas eram espremidas com os dedos e pela pressão pulavam para o chão, quando eram comidas pelas galinhas, que as disputavam com avidez), Requião era poupado, pois, nunca abrigou carrapatos ou bernes ou, qualquer outro tipo de peste – sangue bom, dizia, cofiando a barbicha, seu dono, todo orgulhoso. Dessa maneira, vivendo como um nababo, Requião, chegou à fase adulta, quando se transformou num soberbo touro, que enchia Josenildo de orgulho, principalmente, quando vinham fazendeiros e boiadeiros de fora, só para ver o belo animal, visto que, nunca esteve à venda, por mais que oferecessem somas graúdas. Requião, sem margens de dúvidas, era o mais belo Touro das redondezas e, sua fama, já tinha ultrapassado os mais distantes rincões... Fama esta que fez seu nome e, presença, serem odiados pelos demais touros da região.
3. A MATURIDADE
Quando atingiu a maioridade sexual, Requião passou a “cobrir” as novilhas e vacas do sítio. Seus primeiros descendentes provaram que ele tinha a “genética” para originar fêmeas. No início, ele tinha que disputar a cabeçadas e chifradas o “harém” com o touro Ferrabrás, já titular do curral há alguns anos. Muitas vezes ele perdeu a batalha, pois, ainda não tinha a força e malícia para dar cabo de uma boa briga, portanto, vez ou outra, quando Ferrabrás não estava por perto ele se aproveitava e dava suas “trepadas” saindo correndo logo em seguida do seu opositor. Porém, com o passar dos anos ele se encorpou; seus chifres cresceram bastante e tinham as pontas afiadas (ele vivia constantemente os afiando nos barrancos); seu peito másculo era provido de fortes músculos, bem como as pernas que lhe permitiam fincar os cascos no chão e suportar as “marradas” do “velho” touro. Para evitar que se ferisse gravemente, seu amo, achou por bem vender o Ferrabrás e, assim, o fez. Agora, rei absoluto de seu harém, ele passou a ter uma vida mais sossegada e, com requintes de galã, de um Dom Juan, ele passou a seduzir as mais belas novilhas e vacas já calejadas no ato do amor. De suas “coberturas” nasciam maravilhosas bezerras, que um dia se transformariam em excelentes vacas leiteiras e, ocasionalmente, alguns bezerros machos, que eram vendidos a outros sitiantes para servirem de touros, nunca de bois de carro. Com tanta atenção tanto pelo seu dono, quanto pelos sitiantes vizinhos que vinham conhecê-lo e para não perderem tempo traziam suas vacas para que ele “cobrisse”, em troca de alguns mimos para o sítio, começou a gerar uma onda entre os demais touros da região de ódio, inveja e sanha assassina. Alguns mais afoitos chegaram mesmo a derrubar as cercas e chegar até o curral para enfrentá-lo e, quem sabe matá-lo. Só não o fizeram porque o curral era construído com grossas taboas de madeira de lei e, também, pelo socorro rápido recebido do atribulado sitiante. Depois que um touro mais destemido conseguiu fazer um buraco no curral e entrar, travando uma terrível contenda com o nosso herói, do qual o invasor saiu ferido e com o rabo entre as pernas, Requião resolveu tomar uma atitude digna de um General da era Napoleônica e, preparou para seus oponentes que porventura viessem a enfrentá-lo uma terrível ESCARAMUÇA, que o ajudou a permanecer vivo até quando pela idade avançada se aposentou e, foi viver em paz na invernada, no meio de seus filhos e filhas.
4. A ESCARAMUÇA
Cansado de tanto ser desafiado para combates pelos touros invejosos que vinham tarde da noite até o curral para desafiá-lo, ele resolveu se precaver e para isto tomou uma decisão significativa que o manteve vivo, até os seus últimos momentos, quando morreu de morte morrida, por envelhecimento.
Foi o seguinte: Numa tarde em que estava pastando placidamente, acompanhado pelas suas queridas vacas, ele deparou com um barranco, no meio de um carrascal, que ficava escondido dos olhares dos mais incautos e, que, à beira, se descortinava um buraco de uns oito metros de altura, em cujo chão ficavam dispostas pedras pontiagudas. Neste local, ele teve a feliz ideia (era muito inteligente e sabido) de se refugiar quando fosse perseguido por este ou aquele touro mais obtuso (os que lhe perturbavam mostraram ser bem menos inteligente que o nosso herói) e, para que o seu plano desse certo, ele fez com os cascos afiados um pequeno caminho por onde poderia passar sem cair no buraco. Constatado que não haveria falha, esperou até que um marrudo qualquer viesse em busca de sua morte, por um combate, geralmente de madrugada, quando o seu protetor estava dormindo a sono solto. E, aconteceu. Era madrugada alta, quando as vacas estavam deitadas à beira do curral, que o touro Serapião, do sítio mais próximo, chegou e com um coice tremendo, abriu a porteira do curral e se dirigiu igual um bólido desgovernado, com os chifres em posição de combate até o Requião, que, sonolento, mascava uma porção de cana. Assim, que Requião, notou o intruso, deu uma guinada e saiu em disparada até o carrascal onde ficava, escondido , o buraco, ou melhor a sepultura. Com gestos estudados ele se colocou numa posição que oferecia o corpo para os chifres do contendor. Aproveitando esta deixa, o touro enfurecido, abaixou a cabeça e se precipitou sobre Requião para desferir o golpe mortal. Pobre e infeliz algoz, que, não previu a ESCARAMUÇA do nosso gladiador. De um salto magnífico ele saiu pelo caminho feito e, deixou que o seu verdugo se atirasse pelo precipício, indo encontrar a morte nas pedras pontiagudas. Feliz, pelo sucesso da Escaramuça, ele voltou para o aconchego do curral. Quanto ao Serapião, foi encontrado dois dias após a malograda aventura, com alguns urubus pousados em sua carcaça. Tal fato aconteceu com mais quatro touros. Depois que seus algozes foram eliminados, Requião, voltou a ter a paz almejada e merecida.
Requião viveu ainda mais uns 15 anos, cobrindo as vacas do sítio e das redondezas. Pelas contas de seu fiel dono, ele deve ter deixado mais de mil filhos espalhados pelos sítios e fazendas do Estado de São Paulo.
Assim, caro leitor, reproduzi a história que me foi contada pelo seu Josenildo Palhares, sem acrescentar ou subtrair nenhum fato. Fica a seu critério torná-la crível,ou, não.
Caraguá, 01 de maio de 2018-05-02
Aldo de aguiar
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