sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DIVAGAÇÕES

Às vezes ou quase sempre me quedo a divagar. São momentos em que permito a alma ausentar-se do corpo por instantes ou séculos e corpo nu e cérebro pleno abandono-me em cismas que ora me fazem bem, ora me fazem mal. Cismo pelo passado que passou e deixou muita coisa que não passou, que ficou e, ficando se amoldou no presente. Cismo pelo presente que é, embora, deixe-me lembranças que ficam no passado. Cismo com o futuro que quase sempre representa o passado e o presente que não quer ser. Cismo e cismo acompanhando o balouçar e ranger da rede nos ferros pendurados na parede. Quando o corpo indolente balouça no vazio as lembranças adquirem vida no intricado de neurônios e se tornam protagonistas de filmes assistidos ou então de filmes ainda não vistos: alguns dignos de "Oscar", outros de reduntantes fracassos. Tento ser neutro em minhas lembranças; deixo que o cérebro elenque-as ao seu bel prazer e, assim, revivo cenas que me fazem bem ou me fazem mal. Divagações que só ocorrem quando a alma está silente, quando o que ela quer realmente é ausentar-se do comum para viver o raro. Divagações sobre amores passados não me fazem bem; são espinhos cravados na carne que permanecem inativos e indolores se assim permanecerem, porém, se forem mexidos e remexidos ferem sem piedade. Divagações sobre a vida profissional quase sempre são inertes, pois, fiz o que tinha que fazer, portanto, não me fazem bem, nem me fazem mal... Passam despercebidos; são como estrelas cadentes no universo das divagações: aparecem e desaparecem num piscar de olhos. As cismas com o futuro já são mais encorpadas. O que o futuro me reserva?, ah, pudera eu ter a resposta. Devo acreditar que se não a tenho é porque tem que ser assim. Dizem os sábios: O futuro só a Deus pertence! A mim, pertence o passado e o presente e bastam!
Divagações, divagações e divagações... Sou feliz por permitir-me divagar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário