Enfim, o circo "Nardoni" depois de dois anos de apresentações e sessões diárias e ininterruptas no final da temporada, descerra a lona e recolhe-se para o anonimato. Por este período e agora no final, levou o povo brasileiro a viver os idos da era cristã. Nunca, em momento algum, se viu um espetáculo trágico como este, influenciar de maneira irada os espectadores a ponto de fazerem vigília para esperar a batalha final, onde já se previa a sentença dos réus. Como os cristãos que eram julgados pelos seus crimes, não importando o motivo, e atirados sem dó e nem piedade às feras, originando os ataques histéricos da multidão, assim o foi, com o casal Nardoni.
Longe de defendê-los, pois, o crime perpetrado contra a indefesa criança Isabela, de caráter hediondo, certamente os levaria ao banco dos réus. O que acuso aqui é o exacerbado espetáculo triste promovido pela mídia. Por cinco dias fomos entupidos goela abaixo pelos comentaristas da imprensa falada e escrita, batendo nesta podre tecla 24 horas por dia. Exploraram com requintes de crueldade e histeria coletiva os fatos, por si só, já aterradores. Agora que as lonas foram recolhidas os repórteres sensacionalistas já devem estar à procura de outro "circo"( devem neste momento estar se erguendo centenas e centenas de "circos" pelo Brasil afora: violência e mais violência) para nos castigar com os palavreados próprios dos Centuriões romanos. Haja "circo", haja "Coliseu", e as redes de televisão terão assuntos para nos açoitarem diuturnamente.
Quando teremos um programa de televisão que nos fale sobre livros, teatro, poesia, etc.?
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