terça-feira, 30 de março de 2010

UMA BUSCA INCESSANTE PELO INEXISTENTE!

Hoje, pelo caminho, quando dei conta de mim,
aterrorizado, vi, que não era eu...
Vi que quem caminhava sem ao menos mover
os pés, não era eu...
Ora, pensei, se não era eu, então, quem era?
De pensar, me cansei e, parei, para descansar.
Mas, pensei, por que estou cansado, se não sou
eu que ando?
Ofegante, pús-me a massagear os pés que não existiam...
Existiam sim, dois cotos pendentes dos membros retorcidos.
O sol em todo o seu esplendor sentou-se ao meu lado
E, pôs-se a brincar com os farrapos de roupa que me vestiam...
O vento vinha e ia; quando vinha ficava um pouco e se divertia,
mas, quando ia, ia sério e, nem ao menos olhava para trás.
Credo!, pensei com os meus poucos botões que restavam,
Se saí e até agora não andei, então, por que os pés se gastaram?,
e os ossos estão impregnados de poeira, sujos de dar nojo?
Não tive resposta, pois, o vento, assoviando uma canção, partiu.
Ficou o sol, escaldante e pegajoso...
Que me pegou pelo torso e me fez caminhar... caminhei até que vi...
Vi um vulto que me perseguia, que não se desgrudava de mim...
Parei!, ele parou também!
Segui, ele seguiu também!
Chorei!, ele riu em altas gargalhadas!
Lamentei!, ele bendizeu as pedras e os buracos!
Caí!, ele deitou-se ao meu lado e permaneceu solídário!
Argumentei!, e ele respondeu-me o que eu não queria escutar...
Por fim, um réptil se condoeu de mim e me fez ver
o que eu não queria ver e nem saber:
Não era eu quem caminhava, mas sim, a sombra do meu desterro.
Agora, neste caminho compreendi a minha triste sina:
Estou sempre a buscar incessantemente o inexistente.
O sol se foi!
O vento se foi!
A noite chegou!
E, eu, nunca mais, fui!

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