quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

INTROSPECÇÃO

Enfim, por fim, me vi dentro de mim!
Vi, e o que vi, não gostei!
Vi um homem que certamente não gosta de mim!
Vi olhos embaçados; quando os queria vê-los reluzentes:
Vi lábios contristados; quando os queria vê-los entreabertos;
Vi mãos semicerradas; quando as queria vê-las acenando;
Vi um coração agoniado; quando o queria vê-lo pulsante...
Enfim, vi o que nunca gostaria de ter visto:
Vi um homem de feições carrancudas;
Vi um homem de trejeitos medonhos;
Vi um homem de látego na mão;
Vi um homem de ódio brotando pelos poros.
Enfim, por fim, me vi dentro de mim!
Vi que não sou nada do que penso que sou;
Vi que caminho por caminhos que me levam a lugar algum;
Vi que não sou feliz porque se feliz fosse, não veria este homem;
Vi que como este homem, a humanidade não gosta de mim!
Mas, como gostar de mim, se nem eu mesmo gosto de mim?
Se por um pouco que fosse eu gostasse de mim, hoje:
Eu seria um homem de sucesso;
Eu seria um homem de amores mil:
Eu seria um homem transbordante de felicidade,
Eu não teria dentro de mim, este homem que não gosta de mim!
Enfim, por fim, vi que nem mesmo gosto do homem que não gosta de mim;
E, assim, digo e repito: Que se dane o homem que não gosta de mim!
Enfim...

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