sexta-feira, 30 de novembro de 2012

EU VI O QUE NÃO QUERIA TER VISTO.

Eu vi o que não queria ter visto.
A despeito de ter os olhos fechados, eu vi.
Vi, ou não vi, não importa saber o certo, muito menos o errado.
A escuridão tomava conta de mim e das paisagens que não existiam.
Se existiam, onde estavam que não as via?
Mesmo que meus olhos permanecessem fechados, imagens dançavam à sua frente.
Sei que eram imagens porque fiapos de vestido batiam em meu rosto.
Não sentia frio, fome, dor, arrepio ou medo.
Era tudo aquilo que tinha de ser, menos eu.
Eu sempre fui o inverso do real; o antagônico da existência.
Quando achava que era homem, era espectro;
Quando achava que era romântico, era pétreo;
Quando achava que era fecundo, era estéril...
Sempre achando o que podia ser, mas que na verdade, nunca o fui.
Mas, eu vi.
Vi coisas irreais se tornarem reais.
Vi também coisas irreais se tornarem reais.
Enfim, de tudo o que vi, não vi o amor à minha frente.
Não vi a mulher cujos fiapos de vestido me açoitavam.
Vi, sim, um vulto fantasmagórico se distanciar de mim.
Por tudo isto e pela solidão que me envolveu, eu afirmo:
Eu vi o que não queria ter visto.

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