A ROCEIRA!

Cantarolando e sensual ela vai à roça
Na lida diária de enxada e enxadão.
A saia balouçando pelo vento enxota
Os insetos que a querem picar, com tesão.

Desprendida do que a cerca faz trejeitos
Com a graça de uma messalina na conquista.
E,no cio, animais urram em busca do sexo
Que os satisfaçam por uma noite de orgia.

A blusa aberta liberta os morenos seios
Quando saltita dentre as moitas verdejantes.
Somente um bem-te-vi viu os belos revelos
E, pia assanhado, porém,de vergonha,hesitante.

Ao sol do meio dia ela busca na cachoeira
Amenizar o calor causticante que a sufoca,
E, com a beleza de uma flor a morena fagueira,
Se banha salpicando água nas coxas grossas.

A paisagem que se vislumbra é digna de um "Picasso"
Ou mesmo, de um "Gauguin" em todas as matizes,
Porém, sómente ele, o roceiro, contempla estático,
A visão divina, sensual e se sente o mortal mais feliz.

Escondido atrás de um Jatobá ele se acaricia frenético
Tendo os olhos fixados na roceira de maneiras provocativas.
Num átimo; num suspiro rouco ele despeja o sêmem fluído
Para então, de joelhos, jurar paixão à mulher caipira.

Sim, a mulher caipira que de todas é sobremaneira
A mais linda;a mais desejada; a mais "terra nativa"
Sim, é única em sua sensualidade. É a trigueira
Mais sensual do que as rainhas e princesas insípidas.

Roceiro que o sou,sonho todas as noites com a roceira
Em minha cabana de sapé e terra batida à luz da lua.
Sou invejado por contemplar a bela mulher brejeira
Todo dia na roça, que por mim,se transforma em alcova.

Oh! mulher roceira que enlouquece os brutos lavradores
Com sua sensualidade explosiva e com o olhar provocativo:
Tende piedade desse roceiro que sofre nos estertores
Do clímax que impinges toda tarde quando banhas o corpo.

Oh!,como quisera ser um bem-te-vi para te ver toda nua e suada;
Oh!,como quisera ser um inseto para passear pelo teu corpo:
Oh!,como quisera ser a água da cachoeira para em jorros,penetrá-la.
Oh!, como quisera ser o teu escolhido; o teu amante caboclo.