terça-feira, 9 de setembro de 2014

SOB A LUZ DA CANDEIA!


Sob a luz da candeia sua pele se incendeia
E, me atrai como mariposa à luz da lâmpada.
Tento me esgueirar da sombra que volteia,
Na penumbra mortiça que cai, e desmaia, na cama.

Pouco ou quase nada contemplo da cabocla incendiada
Que se contorce qual uma serpente no bote fatídico.
Sei, sim, que ela está à minha espreita e, astuta ladra
Que o é, roubará de mim,o meu desejo cego e impudico.

Apalpo com mãos trêmulas os míseros móveis da cabana
Na vã esperança de achar a taramela que me porá a salvo.
Nada vejo e, trôpego, caminho para a mulher que me chama,
Num suspiro lento e longo, como se fosse um terrível silvo.

Mulher desnuda desfila as coxas torneadas, morenas e voluptuosas
Ao rítmo dos seios que balouçam tímidos em sensuais volteios.
Do ventre perfumado de flores silvestres sobressaem fios de seda,
Aprisionando-me em um casulo;alcova para a posse louca,sem freios.


A luz bruxuleante se imiscui pelos poros dos corpos suados,
Tendo antes criado figuras fantasmagóricas e indecifráveis,
Nas paredes de barro que ladeiam o leito de capim macerado.
À luz da candeia a cabocla geme e se retorce e diz: Eis

Aqui a tua mulher; a tua cabocla, a tua amante incendiada...
Eu, agonizando pela dor das feridas das dilacerantes unhas
Respondi num esgar; num débil sussurro tendo a pele arrepiada:
Cabocla, assim, à luz da candeia, és para mim, uma venerável santa.


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