quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

FLORBELA ESPANCA - POETISA PORTUGUESA!

Quando estive em Portugal, este ano, encontrei em Lisboa uma livraria maravilhosa onde comprei excelentes livros. Um deles, o DA POETISA FLORBELA ESPANCA, se chama SONETOS e engloba os seguintes livros da poetisa: LIVRO DE MÁGOAS; LIVRO DE SOROR SAUDADE; CHARNECA EM FLOR E RELIQUIAE. Este livro foi editado por RELÓGIO DÁGUA.
QUEM FOI FLORBELA ESPANCA?

FLORBELA ESPANCA teve uma vida breve e intensa. Nasceu a 8 de dezembro de 1849, em Vila Viçosa, no Alentejo, tendo se suicidado em Matosinhos em 1930, no dia do seu aniversário.A sua poesia foi marcada por um erotismo que Jorge de Sena considerou ser " uma das mais importantes expressões de feminismo na poesia portuguesa". Batizada como FLOR BELA DE ALMA DA CONCEIÇÃO ESPANCA, era filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca,casado com outra mulher. Por isso, tanto Florbela, conmo o seu irmão Apeles, com quem ela manteria uma estreita relação, foram registrados como filhos ilegítimos de pai incógnito.
Os primeiros poemas de Florbela Espanca foram escritos aos nove anos. " A Vida e a Morte", um soneto, foi dedicado ao irmão. Em 1907, escreveu o9 seu primeiro conto: "Mamã".
A mãe faleceria no ano seguinte, com apenas vinte e nove anos. A família deslocou-se então para ÉVORA, onde Florbela ingressou no Liceu André Gouveia e requisitou na Biblioteca Pública obras de Alexandre Dumas; Balzac, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueira e Garret.
Em 1911, Florbela iniciou namoro com Alberto Moutinho, seu colega de escola, com quem casou. O casal habitou primeiro no Redondo, depois em Évora. No regresso ao Redondo, em 1916, a poetisa reuniu uma seleção de seus poemas em TROCANDO OLHARES. Foi nessa época que começou a colaborar em diversos jornais e revistas como o Notícias de Évora ou o suplemento Modas e Bordados, de O Século.
Depois de completar o 11 ano do Curso Complementar de Letras, Florbela foi uma das catorze mulheres entre 347 alunos que se inscreveram na Faculdade de Direito de Lisboa. Na sequência de um aborto involuntário, em 1918, convalesceu nos arredores de Olhão, onde apresentou os primeiros sinais sérios de neurose.
Em 1919, o seu Livro de Mágoas,esgotou a edição de duzentos exemplares. No ano seguinte, deixou o marido, para passar a viver com António Guimarães, um alferes da Guarda Nacional Republicana com quem se casaria depois.
Em 1922, a Seara Nova, acabada de fundar mas já prestigiada, publicou o seu soneto "Prince Charmant". No ano seguinte, saiu sua segunda coletânea de sonetos, Livro de Soror Saudade, uma edição de autor custeada pelo pai.
Em 1925, divorciou-se pela segunda vez, tendo casado ainda nesse ano com o médico Mário Pereira Lage. O casal passou a viver em Matosinhos a partir de 1926.
Em 1917, verifica-se um acontecimento que abalou o já frágil equilíbrio de Florbela, a morte do seu irmão Apeles num acidente de aviação *( homenageou-o com os contos de As Máscaras do Destino, de publicação póstuma em 1931).
Depois de uma primeira tentativa de suicídio em 1928, Florbela começa a escrever o seu Diário do Último Ano em janeiro de 1930. Em meados desse ano, iniciou correspondência com Guido Battelli, professor visitante na Universidade de Coimbra, que organizou a publicação de Charneca em Flor, em 1931.
Florbela escrevia então na revista Civilização e no jornal O Primeiro de Janeiro e sofria de um edema pulmonar.
Faleceu em Matosinhos, no dia do seu trigésimo sexto aniversário, sendo a causa da morte uma sobredose de barbitúricos.
O reconhecimento da obra de Florbela Espanca esteve duranteanos entregue a um escasso número de leitores e à indiferença da crítica, situação que se alterou quando José Régio a copnsiderou, em 1950, a " maior poetisa portuguesade qualquer tempo e um dos grandes nomes da nossa poesia moderna".

DO LIVRO DE MÁGOAS:

ESTE LIVRO...


Este livro é de mágoas. Desgraçados
Que no mundo passais, chorai ao lê-lo!
Somente a vossa dor de Torturados
Pode, talvez, senti-lo... e comprendê-lo.


Este livro é para vós. Abençoados
Os que o sentirem, sem ser bom nem belo!
Bíblia de tristes... Ó Desventurados,
Que a vossa imensa dor se acalme ao vê-lo!


Livro de Mágoas... Dores... Ansiedades!
Livro de Sombras... Névoas e Saudades!
Vai pelo mundo... (Trouxe-o no meu seio...)


Irmãos na Dor, os olhos rasos de água,
Chorai comigo a minha imensa mágoa,
Lendo o meu livro só de mágoas cheio!...


Sempre estarei publicando sonetos desta excelente poetisa.

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