A VIDRAÇA
TODA TARDE ELA DESFILAVA FRENTE À VIDRAÇA
DO CASARÃO ONDE EU ME POSTAVA EMPERTIGADO.
PARA MIM, ELA SEMPRE FOI UM DIAMANTE SEM JAÇA;
UMA JOIA PARA SE TER INCRUSTADA NO PEITO.
VESTIDA DE NORMALISTA COM A TRANÇA ESVOAÇANTE
ELA SABIA QUE EU A OBSERVAVA PELA VIDRAÇA.
MUITAS VEZES SORRIA PROVOCANDO-ME ALHURES
SEM SE IMPORTAR SE EMBURRAVA OU ACHAVA GRAÇA.
POR ELA EU ME FAZIA ESTÁTUA DE MÁRMORE FRIO,
EMBORA O MEU HÁLITO TURVASSE A POLIDA VIDRAÇA.
ASSIM, INERTES, ÉRAMOS PARTES DO MESMO VIDRO.
POR UM SÉCULO EM QUE ME FIZ JOVEM E ADULTO SENIL
FUI INTRÉPIDO CAÇADOR, E, ELA, A MINHA SENSUAL CAÇA.
PORÉM, UMA TARDE, ELA NÃO PASSOU E, A VIDRAÇA, SE PARTIU.
POEMA DO LIVRO "UMA MULHER INTRIGANTE" A SER PUBLICADO
P. 37
EDIVALE - 2018
ALDO DE AGUIAR
terça-feira, 10 de julho de 2018
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