domingo, 12 de agosto de 2018
PROSEANDO & PROVANDO... DE POESIA
SONETO PARA UMA CORTESÃ
TÍMIDA CORTESÃ VENDE O CORPO FRÁGIL, MIRRADO E FREMENTE,
A ROBUSTOS HOMENS DE FEIÇÕES E ÍNDOLES DOENTIA.
PEDE ACANHADA UM POUCO PARA O MUITO QUE OFERECE.
RECEBE CÔDEAS DE PÃO, E SERVE UM BANQUETE DE CARÍCIAS.
EM ALTOS BRADOS ALGUÉM LEILOA O TRÊMULO E ALVO CORPO,
FAZENDO DA ESQUINA ESCURA UM PÓDIO PARA BELOS PRÊMIOS:
EXIBINDO ENTRE AS MÃOS DOIS POMOS PALPITANTES E MORNOS,
ENLOUQUECIDO GRITA : "QUEM DÁ MAIS, POR ESTES BELOS SEIOS?"
O VENTRE ARFANTE, VERTEDOURO DE INFINDOS LÍQUIDOS MACULADOS,
É ARREMATADO, POR PREÇO ÍNFIMO, POR UM BÊBADO DESVAIRADO
QUE, ANTEGOZANDO, ESPARRAMA-SE NO CHÃO... PAISAGEM INSANA.
E O LEILÃO CONTINUA, INDIFERENTE AOS DÉBEIS APELOS E GEMIDOS,
DA ESTÁTUA NUA, CARNE PETRIFICADA, CORAÇÃO EMPEDERNIDO
DA TRISTE MULHER, OUTRORA JOVIAL MOÇA, E HOJE, TÍMIDA CORTESÃ.
POEMA EXTRAÍDO DO LIVRO: DE VOLÚPIAS, ÊXTASES E DELÍRIOS.
EDIVALE - 2005 - 1A. EDIÇÃO
P. 39
ALDO AGUIAR
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário