segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

LÍNGUA PORTUGUESA -




ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E BELA,
ÉS, A UM TEMPO, ESPLENDOR E SEPULTURA;
OURO NATIVO, QUE NA GANGA IMPURA
A BRUTA MINA ENTRE OS CASCALHOS VELA...

AMO-TE ASSIM, DESCONHECIDA E OBSCURA,
TUBA DE ALTO CLANGOR, LIRA SINGELA,
QUE TENS O TROM E O SILVO DA PROCELA,
E O ARROIO DA SAUDADE E DA TERNURA.


AMO O TEU VIÇO AGRESTE E O TEU AROMA
DE VIRGENS SELVAS E DE OCEANO LARGO!
AMO-TE, Ó RUDE E DOLOROSO IDIOMA,


EM QUE CADA VOZ MATERNA OUVI: " MEU FILHO!",
E EM QUE CAMÕES CHOROU, NO EXÍLIO AMARGO,
O GÊNIO SEM VENTURA E O AMOR SEM BRILHO.


OLAVO BILAC
RIO DE JANEIRO - 1865
RIO DE JANEIRO - 1918

Nenhum comentário:

Postar um comentário