terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

PROSEANDO & PROVANDO DE POESIA




FOLHAS SECAS



AO OUVIR O ESTALIDO DAS FOLHAS SECAS
SENDO PELOS TEUS PÉS ESMAGADAS
SENTI NO PEITO UMA SENSAÇÃO ESTRANHA
COMO SE MEU CORAÇÃO FORA PELOS TEUS PÉS PISADO.

IAS INDOLENTE PELA ALAMEDA ESCURA
SEM VOLTAR-SE UMA VEZ SEQUER.
E EU, PARADO, PENSAVA COM AMARGURA
COMO PODIA TER AMADO TANTO AQUELA MULHER.

TALVEZ, PRESSENTINDO A ENORME ANGÚSTIA
QUE ENVOLVIA-ME NAQUELE DOLORIDO INSTANTE,
DESPRENDEU-SE DO RAMO, DESNUDANDO A LUA,
UMA FOLHA SECA... UMA ALMA EM TORMENTO!

DESCREVENDO CÍRCULOS, ACARICIADA PELA ARAGEM FRIA,
CAIU AOS MEUS PÉS, SUBJUGADA PELO DESTINO.
E ENTÃO, TENDO-A TÃO INERTE, TÃO SEM VIDA,
PENSEI EM DESTRUÍ-LA EM PEDAÇOS INFINDOS!

( EM TEUS PÉS SEMPRE FUI FOLHA QUEBRADIÇA,
DESPROTEGIDO, ENTREGUE AOS TEUS CAPRICHOS DE MULHER,
AH, QUANTAS VEZES DESEJEI QUE UMA TORMENTA INCONTIDA,
DESABASSE SOBRE MIM, ARREMESSANDO-ME AO ÉTER!)

EM MEUS PÉS, TRÊMULAS ESTÁS... FOLHA QUEBRADIÇA.
EM TEUS PÉS,TRÊMULO ESTOU... ALMA SUBJUGADA.
PARA VOCÊ, A ARAGEM DA NOITE... UM SOPRO DE VIDA.
PARA MIM, UM OLHAR APENAS... UMA DÉBIL ESPERANÇA.


NÃO MAIS A VEJO, SOMENTE OUÇO OS FRACOS ESTALIDOS
DAS FOLHAS SECAS, NUM LAMENTO DOLORIDO E INCESSANTE.
FOSTE EMBORA, DEIXANDO-ME SÓ NA ALAMEDA ESCURA
TENDO AOS PÉS UMA FOLHA SECA E NO PEITO UM CORAÇÃO AGONIZANTE.


ALDO DE AGUIAR
COLETÂNEA POÉTICA
EDICOM - 1980
PG. 18

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