Tímida cortesã vende o corpo frágil, mirrado e fremente,
A robustos homens de feições e índoles doentias.
Pede acanhada um pouco para o muito que oferece,
Recebe côdeas de pão e, serve um banquete de carícias.
Em altos brados alguém leiloa o trêmulo e alvo corpo,
Fazendo da esquina escura um pódio para belos prêmios;
Exibindo entre as mãos dois pomos palpitantes e mornos,
Enlouquecido grita: " Quem dá mais por estes belos seios?"
O ventre arfante, vertedouro de infindo líquidos imaculados,
É arrematado, por preço ínfimo, por um bêbado desvairado
Que, antegozando, esparrama-se no chão... Paisagem insana.
E o leilão continua, indiferente aos débeis apelos e gemidos
Da estátua nua, carne petrificada, coração emperdenido
Da triste mulher, outrora jovial moça, e hoje, tímida cortesã.
Do livro: " De volúpias , êxtases e delírios"
página 39
Edivale - 2005
Aldo Aguiar
sexta-feira, 7 de maio de 2010
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