sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SONETO PARA UMA CORTESÃ

Tímida cortesã vende o corpo frágil, mirrado e fremente,
A robustos homens de feições e índoles doentias.
Pede acanhada um pouco para o muito que oferece.
Rece côdeas de pão, e serve um banquete de carícias.


Ema altos brados alguém leiloa o trêmulo e alvo corpo,
Fazendo da esquina escura um pódio para belos prêmios:
Exibindo entre as mãos dois pomos palpitantes e mornos,
Enlouquecido grita: " Quem dá mais, por estes belos seios?"


O ventre arfante, vertedouro de infindos líquidos maculados,
É arrematado,por preço ínfimo, por um bêbado desvairado
Que, antegozandoo, esparrama-se no chão... Paisagem insana.


E o leilão continua. indiferente aos débeis apelos e gemidos
Da estátua nua, carne petrificada, coração emperdenido
Da triste mulher, outrora jovial moça, e hoje, tímida CORTESÃ.


DO LIVRO: " DE VOLÚPIAS, ÊXTASES E DELÍRIOS"
EDIVALE - PÁGINA 39
1A. EDIÇÃO
ALDO AGUIAR

Nenhum comentário:

Postar um comentário