domingo, 4 de março de 2012

POR UMA SENSUAL PISCADELA

PARA OS MEUS QUERIDOS AMIGOS LAÉRCIO E CIDA


Tinha o belo e misterioso rosto coberto por um véu de tule
Que a todo momento esvoaçava impelido pela aragem tépida.
Nas flores que inundavam o jardim, despertava torrentes de ciúme;
Na lua prateada, silente e despeitada, despertava inveja.


Sentada no banco da praça olhava a todos com indiferença e doce altivez,
Como se fora, dos desertos, a rainha dos escravos; a preferida do Califa.
Ah, pensei, tendo o coração em frenético galope, e a alma nua de lucidez:
" Quem me dera receber de tão bela mulher um gesto; um rasgo de carícia."


A noite teimava em se fazer testemunha solitária dos momentos de sortilégio,
Deixando que os viventes noturnos espiassem os seus encantos régios,
E, a mim, amante sequioso, permitiu que brilhasse no céu a fulgente estela


Emitindo raios sidéreos... a noite se fez dia e o jardim se fez palco iluminado.
E, tudo aconteceu num átimo: o véu se desprendeu e os olhos rebuscados
Para mim se voltaram e desmaiei, sim, desmaiei, por uma SENSUAL PISCADELA.

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