Um coração jogado na sarjeta
ainda pulsante, quente, trêmulo e sanguinolento
Chamou a atenção do andarilho sujo, roto e febril
Que, pasmo em sua inteligência, ousou tocá-lo,
Sem saber da maldição que morava no tenro músculo...
Tocou-o, no início com medo e depois com ousadia
Como se fosse um ourives tocando uma joia bruta.
No céu uma nuvem toldava a Lua e projetava uma sombra
Fantasmagórica sobre a viela onde a cena se desenrolava.
Um gato vadio quebrou o silêncio com seu miado rouco.
Um cão vadio uivou para o andarilho que retrucou com um gemido.
Quanto tempo se passou na contemplação muda do órgão pulsante
Nem o cão e nem o gato souberam me precisar... Minutos ou séculos?
Soube por um vivente qualquer da noite de que o andarilho deitou raízes
Dentre as fendas das seculares pedras que forravam o leito da rua...
Fez-se árvore, quando poderia ter sido um arbusto;
Fez-se cripta marmórea quando poderia ter sido leito nupcial;
Fez-se espectro de homem quando poderia ter sido um gigante.
Um coração jogado na sarjeta
Teve a força de determinar o destino de um andarilho... Ah, incauto
Andarilho que ousou ter às mãos um coração marcado pelo infortúnio.
Um dia , ou uma noite, não sei precisar com certeza cruzei com os dois:
O andarilho e o coração... o coração e o andarilho: dois seres, um corpo uno.
O andarilho balbuciava frases desconexas; o coração pulsava em descompasso.
Olhos esbugalhados os contemplaram e vi e compreendi a trsite sina deles:
O Andarilho fugia de uma mulher que o traiu sem piedade
Tinha o coração despedaçado.
O coração fugia de um homem que foi traído por uma mulher sem compaixão
Tinha o corpo em frangalhos e as carnes dispersas pela suja sarjeta.
Que espetáculo dantesco! O andarilho e o coração... dois desgraçados
Numa noite escura, sombria e tétrica.
O coração, o andarilho, o gato, o cachorro a noite, a Lua e eu...
Atores de um drama representando no teatro da solidão: A SARJETA.
quinta-feira, 22 de março de 2012
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Bem feito para os dois, por que confiar em mulher! Seja ela de que nivel for, nas letras das musicas sertanejas, de longa data quando ainda não havia tv, vemos homens sofrendo nas mãos das mulheres da roça,que diga a "Cabocla Thereza" mais recente vemos com tristeza como o homem e traido e sofre ao lermos a letra da musuca "Telefone Mudo" - Certa vez em Portugal um garotinho Perguntou ao Pai! Porque todos os Portugueses ao pronunciar um palavra trocavam a letra "B" pelo "V" ao que o sabio pai respondeu "Não são todos meu filho, são só os mais vurros". Assim tambem, sofrem pelo amor de uma mulher, "Só os mais VURROS"
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