quinta-feira, 27 de junho de 2013

AS AREIAS DO TEMPO!





Pelo cristal da ampulheta vejo escorrerem as areias do tempo,
Como se serpentes vivas tateassem o vidro liso e escorregadio.
Fico nessas horas imaginando a vida que de mim se escorreu no vazio
Dos amores que teimei amar e que se perderam no esquecimento.


Hoje, tenho os cabelos embranquecidos e a tez pálida e inerme
Refletindo as desilusões que de mim se tornaram companheiras.
Se um dia, tentei ser um homem novo, revigorado, feito de cerne,
Hoje, vejo, alquebrado, uma imagem nada passional  e nada altaneira.


Encostado no espaldar da poltrona esquecida no canto da sala
Dormito num sono nada profundo e cheio de sonhos desfeitos:
Em um deles sinto-me um pobre amante sem coração e sem alma,

Em outro, sinto-me um desventurado sonhador, que a ninguém amou.
E, assim, inerte, como se um fantasma fosse, contemplo as areias do tempo
No tempo em que quis ser, mas, por não ser, o corpo no abismo, soçobrou.

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