sexta-feira, 14 de junho de 2013

O COLAR DE CONTAS DE VIDRO



Assim que ela me beijou, pediu em troca um presente
Nada - disse -, que custasse caro ou fosse irrealizável.
Com medo de ser trivial tomei uma decisão, num repente
E, ordenei a alma que saísse atrás de um "agrado" afável.

Como um bólido ela saiu do meu corpo trêmulo
E, se aventurou por plagas nunca dantes visitadas:
Num átimo foi até o Universo e me trouxe um astro
Reluzente... Uma pedra de uma beleza inusitada.

Não contente com a aquisição ela se lançou às profundezas
Do mar sem fim, e respingando espumas voltou esbaforida
Trazendo às mãos uma concha tendo uma pérola presa
E, fazendo festas ma entregou denotando a missão cumprida.

Não satisfeito com as duas joias que à mulher iria presentear
Supliquei para que a alma ainda tentasse pela derradeira vez
Enfurnar no deserto e a pedra mais exótica ela garimpar
Pois, o beijo que recebi não merece em paga, algo pequenez.

De posse dos três exóticos presentes sussurrei num gesto tímido
Do qual deles ela ficaria feliz em ser presenteada no momento.
Com a voz débil, suave e maviosa disse-me num soluço incontido
Que, nenhum deles a agradou e, que simples é o seu sentimento.

Agoniado, fiquei de boca aberta sem saber a atitude a tomar
Visto que o beijo ainda me queimava os lábios que ardiam de dor
E, tornava-se, inexorável, retribuir com uma atenção ímpar
Carícia tão divina a mim dada num raro instante sedutor.

Quando pensei que ia morrer de desgosto pela missão não cumprida
Chegou até mim uma cigana tendo os cabelos negros e esvoaçantes
E, sem rodeios, lançou-me às mãos um colar de três voltas seguidas
Pedindo uma ninharia pela "joia", dizendo: "Presenteia-o, para sua amante."


Sem negacear o preço pedido adquiri o estranho colar e o retive às mãos
Até o momento que imbuído de coragem o ofereci à mulher do meu destino
Que, tal e qual uma criança que ganha um doce do bondoso ancião.
Me beijou, dizendo: " Era o que eu queria... Um colar de contas de vidro."







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