domingo, 2 de junho de 2013

OS SEIOS DA PROSTITUTA





Frente ao espelho ela se contemplava e se embevecia com os seios
Tanto é que se demorava mais na contemplação muda e voluptuosa
Do que na arrumação das vestes que essa noite a vestiria formosa
E, a faria, sem dúvida alguma, a prostituta preferida, de olhos alheios.

Tinha o colo arfante e, no arfar, denotava dois pomos túmidos e salientes
Que se projetavam pela palidez do sutiã em busca de beijos molhados.
Não eram tímidos e sim, desprovidos de pudicícia... Sempre maculados
Por lábios febris de homens afoitos, escusos e desprovidos de inocência.

O espelho mostrava-se embaçado pela respiração ofegante da cortesã
Que, se virava e revirava, na ânsia incontida, de se adorar, sobremaneira.
Exibia sem vergonha ou medo de ser "oferecida" os dotes de mulher faceira
Para o vazio do quarto, antevendo, desde já, o palco da noite de carícias vãs.

Para ela, a noite era o seu reduto onde escravos se curvariam a seus pés
Embora, pagasse por essa regalia um preço alto e recebesse parcas ninharias,
Mas, por instantes, nunca horas, se tornaria das mulheres da noite, a rainha,
E, nunca, uma serviçal que oferece o corpo para homens soturnos... a ralé.

Ao escutar os sinos da matriz anunciarem as dez horas da noite que prometia,
Lançou um último olhar num ponto do quarto e se benzeu vezes sem conta,
Para então, garbosa, bela e sensual, adentrar nos mistérios das ruas insossas,
Onde, certamente, desfilaria a sua voluptuosidade, atraindo para si, fétida freguesia.

E, assim, na longa noite de amores inauditos, porém, inertes e insípidos
A prostituta se deu sem amarras, sem constrangimentos, sem pudor e limites.
Como uma corça extenuada que se entrega ao ferino e possesso tigre
Ela se entregou vezes sem conta aos ferinos e possessos homens rispidos.

À todos eles ela permitiu que os seus belos seios fossem sugados com avidez;
Engolidos por bocas famélicas e lambidos por línguas molhadas e pegajosas,
Como se eles resumissem todas as suas belezas; todas as suas partes carnosas.
Os seios, antes belos e imaculados, agora, eram dois nacos murchos de carne.

Triste e cabisbaixa voltou para oseu lar sentindo asco dos momentos vividos
Quando bocas amargas e despidas de sentimento sugaram os seus belos seios
Mas, recobrou a alegria, quando, num ponto qualquer do quarto,num lampejo
Visualizou a criança, o seu filho, que sugaria com amor os seios, a ele, oferecidos.




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