domingo, 18 de agosto de 2013

O URUBU

O urubu voava em círculos
Por sobre o Círculo Militar.
Do meu apartamento onde o via
Parecia um ponto escuro fazendo
Malabarismos no céu cor de anil.
Para ele as nuvens eram flocos
Macios que os recebia com carinho.
Ao sabor das correntes ascendentes
Ele, com graça, ascendia ao inimaginável
E, deslizava graciosamente sobre o vazio
Repleto de raios tremeluzentes do sol.
Despreendido das agruras que nos rodeiam
Ele, descia e subia e fazia a minha alma
Descer e subir em busca de não sei o quê.
Voava com maestria por sobre os militares
E, a nada temia, pois, não era beligerante,
Ao contrário, era um amante ferrenho da paz.
Antes, ele voasse por sobre um circo
E, então, certamente, receberia os aplausos
Das crianças, dos anciões e do pipoqueiro,
Mas, não, persistiu em voar sobre o palco de guerra.
E, aconteceu... aconteceu um estampido reluzente
E, imediatamente o urubu se viu dando cambalhotas
E mais cambalhotas pelos ares, agora, sentindo frio
E, as penas visguentas, por um líquido vermelho,
Tingindo suas penas, antes, da cor do azeviche.
Antes, ave graciosa, agora, um bólido desgovernado
A cair sobre o Círculo Militar.
Da janela do meu apartamento, amaldiçoei... E, chorei.

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