domingo, 25 de janeiro de 2015

5 HORAS DE ÊXTASE & 5 HORAS DE FRUSTRAÇÃO!



Por uma observação mais detalhada durante um baile cocluí que existem dois grupos de mulheres com participação antagônicas durante o período de 5 horas do referido entretenimento musical. Estava sentado em minha cadeira sorvendo uma taça de vinho quando me coloquei a abservar o comportanmento das mulheres ali presentes. Iniciei, assim que o crooner cantou a primeira das músicas programadas na seleção de boleros. Vi, que, as mulheres que estavam acompanhadas tinham um sorriso mais franco nos lábios e que os olhos brilhavam com mais fulgor. Já, as desacompanhadas mostravam um rosto mais contristado e o brilho dos olhos pareciam mais opacos. Porém, todas elas se vestiam com esmêro e tinham os cabelos arrumados; as unha pintadas e usavam sapatos de salto alto. Algumas usavam meias pretas e e rendadas, enquanto outras deixavam à mostra as pernas torneadas e bronzeadas pelo sol causticante nas piscinas ou nas praias. Enquanto a voz rouca e sensual do cantor enchia o salão os pares iam se avolumando no salão; salão este com o piso extremamente escorregadio; próprio para os pés deslizarem como se cisnem fossem em águas plácidas. Assim, embaladas pelos seus companheiros entre calmos ou fogosos abraços o primeiro grupo de mulheres dançava, absorto dos sentimentos que se estampavam nos rostos das mulheres do segundo grupo. Estas, pude observar, ficavam sentadas em suas cadeiras por horas a fio, até o final do baile. Algumas, eram bafejadas pela sorte e um ou outro cavalheiro vinha tirá-las para dançar. Mas, o que prevaleceu durante o baile foi que as ditas cujas solteironas, tias e avós, tomaram um banho de cadeira. As tímidas, e eram poucas, às vezes lançavam este ou aquele olhar para um mancebo, ou mesmo um coroa na vã esperança de serem lenbradas para um samba, já que boleros eram para os pares românticos. Teve uma, já na casa dos 4o anos, que a todo instante cruzava e descruzava as pernas, tentando assim chamar a atenção... Tudo em vão. Quando a orquestra parou, no primeiro intervalo programado, as "sortudas" riam e abraçavam seus acompanhantes entre um copo de cerveja e outro, enquanto as "azaradas" iam à toilete retocar a maquiagem na esperança de que na próxima seleção as coisas seriam diferentes. Colada à minha mesa estavam 4 mulheres sentadas e todas desacompanhadas. Sobre a mesa repousavam garrafas de cerveja, taças de vinho e bolsas que a todo momento eram reviradas em busca do baton ou de um perfume. Todas, sem exceção falavam com amargura da escassez de homens e, diziam ( acabei escutando, pois falavam alto): " Os homens de hoje são todos uns babacas, só pensam em beber... Além do mais andam "duros" ( dinheiro) e se afastam de nós para não pagarem nenhuma bebida", outra, disse: " Quando tiram a gente para dançar o bafo de cerveja dá nojo..." Enquanto outra exclamou: " Isto quando na segunda música pinduram no nosso pescoço e ficam falando enrolado, convidando a gente para o motel", já mais exaltada de todos se expressou com um palavrão: Porra!, se for para dançar com um babaca qualquer eu prefiro ficar aqui, sentada, tomando a minha cerveja." A conversa se perdeu quando a orquestra reiniciou seus acordes. Em instantes o salão se encheu de dançarinos e por incrpivel que pareça todas as mulheres desacompanhadas continuavam em suas cadeiras. Teve uma que recusou com ímpetos, chegando até a ser malcriada quando um desses dançarinos contratados para dançarem com as mulheres solitárias
se aproximou convidando-a para a seleção de Ray Connif. Pela leitura de seus lábios eu entendi a seguinte frase: " Agora, no final do baile que você vêm me tirar para dançar? Vá se foder! Estupefato pela reação da mulher, tratei logo de tomar mais uma taça de vinho antes que ela olhasse para mim e de olhos baixos tamborilei os dedos na mesa, acompanhando o rítmo da música " Aqueles Olhos Verdes".
Quando o baile acabou, sentou-se ao meu lado uma jovem dos seus trinta e dois anos e me perguntou o porquê de eu estar olhando tanto para as mulheres desacompanhadas, como ela, arrematou. Com medo de ser xingado expliquei rapidamente que observava as muheres acompanhadas e as desacompanhadas para uma posterior reflexão. Num instante ela se mostrou cordial e me disse: "Meu senhor, vou lhe contar o que precede o baile _ e desembestou a falar: No dia do baile eu vou ao cabeleireiro arrumar os cabelos, aproveito e faço as unhas; vou à sapataria e compro um belo par de sapatos; à tarde me depilo e experimento as roupas que vou usar. À noite tomo um banho delicioso, passo óleo seven no corpo ( custa caro e eu, sou funcionária pública), visto a melhor lingerie (sempre a gente tem a esperança de que no final do baile algo de maravilhoso aconteça, embora nunca tenha acontecido, mas...), pego um táxi (não tenho carro) e vou toda esperançosa para o baile e, o que acontece? Sempre o mesmo, no final do baile um homem qualquer, já bêbado, vem me tirar para dançar e fica babando no meu pescoço... Aí eu penso comigo: Porra! ( é a mesma do dançarino) me arrumo toda, gasto uma nota para ficar bonita e, no final me aparece um "Bosta" ( estava colérica) desse e ainda depois de uns passos em falso ainda tem o despropósito de me convidar para terminar o baile num Motel, e que eu sei que vou pagar!
"Meu senhor, concluiu: Antes só do que mal acompanhada e, quer saber o mais importante? nunca mais eu venho nem baile! E, se levantou, e saiu rebolando os quadris avantajados.
Portanto, fica a minha conclusão:
Para as felizardas que laçaram um companheiro o baile se realiza em 5 horas de êxtase.
Para as infelizes que ficam esquentando as cadeiras o baile se realiza em 5 horas de frustração.

Um comentário:

  1. Bela reflexão Poeta. Isso me faz lembrar. No tempo em que frequentava essses salões, certa vez para minha amargura ouvi de uma dama com quem dançava.
    "Haaaa não daaaa! não danço mais com voce, voce não sabe dançar, só chacoalha a gente prala e praca, chega!" Isso tambem é frustação...

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