segunda-feira, 6 de abril de 2015

A TATUAGEM


Os seios descobertos floresciam
Quais frutos maduros e apetitosos.
Projetavam-se aos meus olhos que viam
Duas imaculadas joias preciosas.


A pele ebúrnea do colo sensual e trêmulo
Tiritava ao frescor da brisa amena.
Podiam ser também dois botões, dois rebentos
De uma flor exótica beijada por lindas borboletas.


Aos meus olhos as aréolas pulsavam
Acompanhando o ritmo da respiração ofegante.
Os lábios entreabertos exalavam
O hálito quente que só exala o leão pujante.


Sobre a pele macia uma víbora se fez nascer
Acalentada pelo calor dos poros entreabertos.
A serpente enrodilhada sempre pronta para morder
Guardava com furor o seio túmido e descoberto.


Como beijar tal preciosidade sem se ferir mortalmente
Pensei, tendo o coração num galopear desenfreado.
Procurei dentre as artimanhas a mais consistente
Para enfrentar o monstro em seu reduto, incrustado.


Por via das dúvidas preferi o outro seio acariciar
Num beijo atrevido, próprio do amante pertinaz.
Mas, qual o qual, a fera num veloz serpentear
Se postou nele e me mostrou as presas afiadas.


Assim, pela noite adentro tentei vezes consecutivas
Beijar os seios da mulher que dormia nua e indiferente.
A batalha nos deixou combalidos e pela noite mal dormida
Nos tornamos feras possessas numa batalha fremente.


Até que, exaustos, nos permitimos uma trégua momentânea
O pouco que fosse para restituirmos as forças dispendidas.
Assim, eu, me refiz das tentativas falhas da minha sanha
Em beijar os seios, protegidos, pela maldita víbora.


Quando me preparava para deixar a batalha, vencido que fui
Pela serpente que serpenteava por um seio e outro,
Ela, sem maiores preâmbulos a amamentou com o leite que flui
Em jorros das ânforas-seios e rindo, fechou os olhos, num suave sono.


Pela derradeira vez, no solar da porta olhei para a víbora
E, fiquei estarrecido pela cena que ela me proporcionou:
Enroscada no seio esquerdo fitou-me com a língua bífida
E, me piscou um olho, com a me dizer: na batalha, você soçobrou.



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