sexta-feira, 17 de abril de 2015

O CACHECOL AMARELO!


Era a garota que povoava meus sonhos:
Linda, inteligente, jovial e inocente.
Por ela perdi muitas noites de sono,
E, fiz, do dia a dia, uma procura demente.

Vê-la toda tarde debruçada sobre a janela
Do casarão que habitava na pequena cidade
Fazia a minha alma sonhar sonhos de quimera,
Na ânsia de ganhar um gesto,um aceno de saudade.

Oh!, tardes outonais que me prometiam a alegria
Num olhar esquivo; num voltear da face amada.
Assim, de tarde em tarde ia contemplá-la distraída
A sonhar com seus beijos ou com sua tez afogueada.

O vento outonal lambiscava o seu pescoço esguio
Causando-lhe frêmitos pela pele fresca e sedosa.
Quantas vezes pude lhe ver as mãos sobre o pescoço
Na tentativa de aquece-lo...Oh, como era formosa.

Num gesto ousado, um dia, ofereci-lhe um cachecol
De lã, amarelo, para aquece-la nas tardes sem fim.
Graciosamente, pegou-o e me falou como um rouxinol:
_ Obrigada, usarei-o, sempre que o frio não se apiedar de mim.

Por muitas e muitas tardes quedei-me a cismar, até que o sol
Nasceu atrás das montanhas anunciando a primavera radiante.
Ah!, que saudades senti das tardes em que ficávamos a sós:
Ela, o meu eterno sonho e ele, as minhas mãos: O CACHECOL.

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