quinta-feira, 30 de junho de 2016

A ERA DE MUDISMO (NÃO CONFUNDIR COM MODISMO)

Tive a triste constatação de que entramos na "Era de Mudismo". E, tudo aconteceu quando estava numa dependência onde se encontravam 12 mulheres de todas as idades, credos e aparências. Estava lá para participar de uma palestra sobre um novo tipo de alimentação que emagrece (dizia o panfleto). Bem antes do início da palestra pude observar estarrecido que cada mulher e, alguns homens também, tinha um celular preso às mãos e usavam os dois polegares para digitarem com uma velocidade assustadora. Durante o tempo de espera nenhum deles se deu ao trabalho de levantar a cabeça e cumprimentar o seu colega sentado ao lado. A sala parecia ser mais propícia a um velório do que a uma palestra. Eu, que não tinha levado o celular e, sim, um livro do meu escritor preferido Tolstói, fiquei a ver navios e, claro, acometido de uma terrível solidão. Uma hora, achei por bem, dar uma tossida, esperando que alguém levantasse a cabeça do aparelho e, me olhasse, demonstrando curiosidade e, quem sabe, puxasse uma conversa. Tola pretensão! Ninguém, mas, ninguém mesmo se apercebeu da minha presença. Para meu consolo, se é que posso afirmar isso, quando o palestrante entrou na sala ele deu boa noite e, claro, só eu, respondi... Os "mudos" não desviaram os olhos do teclado do celular. Muitos dali, perderam o dinheiro da inscrição, pois, não escutaram uma palavra sequer do que estava sendo dito, a ponto de uma jovem dos seus 19 anos me perguntar na hora da saída : " Moço, do que o homem estava falando?"
Além de não mais se comunicarem oralmente, os jovens e também velhos de hoje, não escrevem com perfeição o nosso vernáculo. É tudo abreviado e cheio de gírias. Não é à toa que uma pesquisa mostrou que o brasileiro não lê um livro por ano. Quem não acredita é só pedir para um destes obsecados pelo "watsup" redigir uma redação. É só m.... que preenche o papel.
Em um ENEM passado 500 mil zeraram a redação... O que podemos esperar desta juventude??????
Abaixo a "ERA DE MUDISMO".

segunda-feira, 27 de junho de 2016

PARA REFLEXÃO

" Nesta vida, nada fica, sem que algo se perca."

Assim é que, se fica, a rudeza, perde-se a doçura.
Se fica o sonho, perde-se a credulidade.

Tudo se comporta como um imenso areal que, quando perde um grão de areia, deixa de ser o Todo, para ser apenas uma parte.
Na vida procuramos incessantemente ser o Todo e, para isto, sofremos, quando algo se perde e, passamos, a ser apenas uma Parte.
Ser o Todo é alcançar a plenitude da existência.
Aldo Aguiar

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O HOMEM, O CACHORRO, O GATO, O PARDAL E A MINHOCA ... UMA TRAGÉDIA EM 3 ATOS

ATO I

UMA MINHOCA espevitada resolveu sair de seu buraco. Como uma contorcionista de circo russo ela num salto acrobático se viu livre num solo arenoso. Rebolando o corpo esbelto e afunilado ela se pôs em cambalhotas a deslizar pelo chão e, quando deu por si, estava à beira de uma estrada asfaltada.
Como uma dançarina inconsequente ela deu duas cambalhotas espetaculares e caiu de bruços ou, de lado, no asfalto liso e ardente. Imediatamente, certa do perigo que corria ela se contorceu em infinitas contorções do corpo esguio e molhado para sair da armadilha em que tinha caído por ser indômita. Com tantos requebros pelo ar o que realmente ela conseguiu foi atrair um pardal que estava tranquilo repousando numa placa de sinalização.

O PARDAL, no início não deu a mínima para o objeto que rastejava e pulava no asfalto fervente, mas, depois de alguns segundos, firmando mais os olhos, pôde ver que à sua frente se apresentava um suculento manjar e, diga-se de passagem, às 10 horas da manhã, horário em que seu estômago vivia a lhe cobrar uns petiscos. Incrédulo pela visão celestial que se descortinava à seus olhos, deu um voo rasante e se postou ao lado da infeliz contorcionista. Com uma bicada certeira segurou o apetitoso "churrasco" e, num outro voo rasante foi pousar no chão arenoso do acostamento da via, ao lado de um arbusto que lhe proporcionou uma sombra fresca e, calmamente, se pôs a degustar a deliciosa refeição.

O GATO rajado e sujo estava dormitando sob o arbusto quando foi acordado subitamente pelo chilreio do pardal que se deliciava com o inesperado petisco. Assim que ele abriu os olhos sonolentos viu-se defronte à avezinha que ocupada com o manjar não o presenciou,isto é, não se deu conta do perigo postado à sua frente. O gato, não se fez de rogado e com um gracioso salto prendeu o pardal em suas garras e pôs-se a devorá-lo com requintes de um rei. Terminado o delicioso almoço, o bichano se espreguiçou e, saiu da moita e foi deitar numa relva que recebia bastante raios do sol.

O CACHORRO vinha caminhando pelo acostamento, com o rabo dentre as pernas (tinha acabado de levar uma sova do Pit Bul frente ao armazém do Zé doido) quando deparou com o gato dormindo e ressonado como um anjo na grama verde e macia que fazia limite com o acostamento. De quando em quando o gato soltava um arroto e, em seguida lambia os beiços e coçava os bigodes, mostrando a satisfação gástrica de que estava tomado. Não acreditando no presente de deus que lhe assomava aos olhos remelentos e vítreos o cão sem maiores delongas saltou sobre o bichano e assim matou a sua fome de muitos dias. De barriga cheia o feliz felino foi descansar ao pé de uma árvore que lhe proporcionou uma ótima sombra.

O HOMEM estava lenhando e no exato instante em que o cão foi deitar-se sob a sombra frondosa, ele chegou com seu machado e se irritou com o o fato dele lhe arreganhar os dentes e, sem nenhuma contemplação ou dó, deu-lhe uma machadada dentre as orelhas, postando-o, morto, deitado sobre uma poça de sangue. Com movimentos lentos, porém, firmes, ele retalhou o infeliz cão com seu facão e, após acender uma pequena fogueira, colocou a anca do canídeo para assar. Pacientemente esperou por hora e meia e, então, com prazer desmedido, comeu a carne tenra e assada acompanhada de goles de pinga.

ATO II

O HOMEM, após descansar e alisar a barriga cheia das carnes dos animais envolvidos na "tragédia" e, secando a garrafa de pinga em longos tragos,
saiu, cambaleando e, num cambaleio sem controle, acabou entrando na estrada asfaltada; uma via de grande movimento de veículos, principalmente carretas carregadas de eucaliptos. O atropelamento foi inevitável. Uma carreta, ou melhor um bólido desgovernado o atingiu em cheio, jogando-o pelos ares, indo estatelar-se no acostamento. Imediatamente, assim que parou o veículo, o motorista foi socorrê-lo, mas, tudo em vão. O que deixou o motorista mais assustado (contou ao delegado) foi que antes de morrer a vítima vomitou um pedaço de minhoca; uma asa de pardal; um rabo de gato e uma perna de cachorro.

ATO III

No enterro do infeliz andarilho o povo da pequena Catirana, que estava no cemitério, ficou amedrontada quando sobre alguns túmulos dançavam os seguintes animais: Uma minhoca, um pardal, um gato; um cachorro e, sobre a capela, um vulto, com uma garrafa de pinga na mão.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

CARTAS DE UM SEDUTOR - HILDA HILST

Hoje tive a satisfação de visitar a Livraria Saraiva no Shopping Center Vale em São José, quando comprei o romance CARTAS DE UM SEDUTOR de HILDA HILST. Trata-se de um romance inquietante escrito por uma das melhores escritoras do Brasil, infelizmente, já falecida.
Sobre o Livro - Orelha da Contra-capa:

Emulando o modelo do romance epistolar libertino do século XVIII e submetendo-o a procedimentos experimentais como os do mise em abime do nouvean romam francês, Cartas de um sedutor constitui-se no coroamento das obras obscenas de Hilda Hilst, que que fazem parte ainda O caderno rosa de Lory Lamby e Contos de escárnio/ textos grotescos, ambas em prosa, e Bufólicas, em poesia.
Nelas, a pornografia está pensada, dialeticamente, como uma injunção do mercado livreiro na liberdade do artista e também como um lugar de resistência da imaginação autocriadora contra a pudicícia e o moralismo das sociedades conservadoras. Cartas de um sedutor, apresenta, ademais, as bases da poética que orienta o conjunto das obras de Hilda Hilst e não apenas as que fazem parte da série obscena. Trata-se de uma poética de personagens sem histórias definidas, sem biografias individuais nítidas, sem mesmo profundidade psicológica, mas que se desdobram como formas breves do voo de uma inteligência radicalmente perscrutadora, que não admite separar pensamento e existência. Cartas de um sedutor é, principalmente, um romance de questões vivas.

SOBRE A AUTORA:

HILDA HILST nasceu em Jaú (SP) no dia 21 de abril de 1930. Radicada no município de Campinas(SP) desde 1965, vivia na Chácara CASA DO SOL. Formada em Direito pela USP, desde 1954 dedicou-se inteiramente à criação literária. É reconhecida hoje como um dos principais nomes da literatura brasileira contemporânea. Faleceu no dia 4 de fevereiro de 2004.

HILDA HILST
CARTAS DE UM SEDUTOR
EDITORA GLOBO
198 PÁGINAS

Aconselho esta leitura para todos que gostam de um romance picante.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

NOTÍCIAS INUSITADAS

São duas notícias que considero inusitadas:

1. Uma mulher nos Estados Unidos da América do Norte leu em alguma revista científica de que a amamentação é ótima para estreitar os laços entre duas pessoas. Imediatamente ela abandonou o seu emprego e passou a se dedicar para o seu marido integralmente dando-lhe os seios para que deles ele se amamentasse o quanto quisesse.
Como ela não deu à luz, não tinha leite e, resolveu o impasse com o "sugamento" do marido e tomando alguns caldos. Ela afirma que o marido após muito sugar os seus seios, dorme como um anjo.
O que uma mulher não faz para conquistar o coração do seu homem?
O que ela não pode esquecer é de guardar dinheiro para algumas plásticas nos seios, pois, o "sugamento" de um homem é diferente de uma criança. Haja silicone para restaurar tais seios após alguns anos.

2. E, não é que o famoso Paladino da Justiça (até então) o "Japonês" da Lava Jato, teve ordem de prisão e a está cumprindo numa dependência da Polícia Federal do Paraná? O JAPA, é acusado de vários crimes ligados aos corruptos.
Em quem devemos acreditar? Será que não existe um ser mortal imune aos corruptores?
Parafraseando César, digo: "ATÉ TU, JAPONÊS?"

terça-feira, 7 de junho de 2016

UM CORAÇÃO EM DESASSOSSEGO

Um coração em desassossego não cabe dentro do peito;
É como uma colmeia de abelhas em febre de enxameação,
Ou, como, um potro em desabalado galope pelos eitos,
Ou, mesmo, um revoar de pardais em tarde de viração.

Um coração em desassossego reflete um amor perdido
No caminho longo de uma vida cruel e desditosa.
Tê-lo preso no âmago de um corpo gasto e sofrido
Faz com que a alma se lamente da sonhada vida airosa.

Um coração em desassossego mata lentamente o seu dono
Em forma de substâncias venenosas... Beijos letais.
Ah, quem me dera nunca tê-lo no meu peito cavernoso

Pulsando em descompasso célere à mercê do triste final
Que é reservado para os tolos em suas crenças banais.
Hoje, falta-me o sossego... Sou um infeliz mortal.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

TRÊS ROMANCES DIGNOS DE SEREM LIDOS... NESTES DIAS CHUVOSOS.

São três romances que tive o prazer de ler nestes dias chuvosos. Recomendo-os aos meus caros bloguistas. Caso desejem, é só me escrever que eu os empresto.

São eles:

1. BREVE ROMANCE DE UM SONHO do autor ARTHUR SCHNITZLER publicado pela Biblioteca Folha. O romance é de leitura fácil, cativante, contendo 95 páginas. Este romance deu origem ao filme dirigido pelo Cineasta Americano Stanley Kubrick em 1999 com o título de DE OLHOS BEM FECHADOS, com Tom Cruise e Nicole Kidman nos papéis principais.

2. O JOVEM TORLES do autor ROBERT MUSIL, publicado pela Biblioteca Folha. O romance é contagioso da primeira à última página. Contém 157 páginas.Foi publicado em 1906.

3. TREM NOTURNO PARA LISBOA - do autor PASCAL MERCIER E PUBLICADO PELA RECORD, contendo 460 páginas. O romance deu origem ao filme de mesmo nome dirigido por Bille August, com Jeremy Irons como protagonista. Eu assisti o filme e me encantei com o drama. O livro ainda é melhor, mais completo.

Em outra oportunidade descreverei os três livros com mais detalhes.