terça-feira, 11 de outubro de 2016
UM CORAÇÃO ANDARILHO
Tenho dentro do peito um coração andarilho,
Que não se conforma em ficar apático, inerte,
Enquanto, sente o sangue correr como um rio,
Tornando-o forte, estóico; um pétreo cerne.
Por mais que eu tente não consigo impedi-lo
De deixar o aconchego do peito e se aventurar
Pelas sendas desconhecidas de inóspitos caminhos
Em busca do amor verdadeiro; em busca do muito amar.
Sim, não posso colocar algemas naquele que crê,
Embora, saiba, que o amor, em sua plenitude é ficção.
Mas, não me é lícito destruir a crença sã e perene
Desse coração que se embrenha na luz e na escuridão.
Vá! vá e, quem sabe, encontrará o amor que nunca encontrei
Em lábios doces, porém, falsos de jura e "ais" mentirosos.
E, assim, que encontrares o coração gêmeo, se sentirá rei,
Mas,regresse, trazendo-o, para que eu tenha um porvir airoso.
Ontem, o meu coração saiu do peito em silêncio, na surdina,
Deixando-me ansioso pelo regresso com o sensual prêmio.
Vivi dias de incerteza e medo sem saber o que se antevia:
Era madrugada, quando ele se aninhou em seu eterno nicho.
Assim, que ele se acalmou, se recuperou da peregrinação,
Perguntei-lhe, angustiado, com a voz rouca; um gemido:
_ Querido coração, voltastes nu, para a nossa solidão.
_ Sim, e num esgar de dor disse: Continuarei, sempre, ANDARILHO!
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