quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Soneto do sabiá laranjeira da Praça da República

Sabiá Laranjeira que das laranjas, saborosos frutos, há muito, não os tem,
Empoleirado nos galhos escuros e poluídos de retorcida e centenária figueira,
Trina seu mavioso canto tendo o coração, de saudades do campo, refén,
E o peito emplumado, estufado de amor,acorrentado às asas da companheira.


Sabiá Laranjeira que dos verdes campos, paisagens radiosas, há muito, não os tem,
Saltita nna grama rala, raquítica e suja, de sujo e nauseabundo jardim,
Entoa o saudoso canto, tendo a alma saudosa e o olhar, perdido no além,
E a graça de majestade altiva, imponente, desfila, com galhardia sem fim.


Sabiá Laranjeira que dos amigos: sabiás pocas, coleira e do campo, há muito, não os tem,
Voando pelos ares brumosos e ácidos da Praça da República, escaldante e tétrica gaiola,
Desfila nos pios e trinados um rosário de tristeza e de saudades das tardes cálidas...



Sabiá Laranjeira que de mim, entusiasta admirador, revolta e vergonha, há muito os tem,
E, que em teu sobranceiro canto, agoniado e fremente, interpreto o apelo que evoca:
- Liberdade!... Trêmulo, declamo:- "Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá!"


Soneto premiado com menção honrosa no quarto concurso nacional de poesias de Colatina-ES.
em 2008. Prêmio Affonso Romano de Santana.

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