segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A CASA DE PEDRA

PARA EDNA AGUIAR

Quando cheguei à casa de pedra no alto da colina
Trazia às costas um castelo de sonhos não realizados,
Que me fazia cansado, alquebrado e triste com a sina,
Imposta a mim pelo destino, de nunca ter sido amado.

Com passos trôpegos adentrei no “hal” e depositei os sonhos
No chão pedregoso e escorregadio e me quedei a relembrar
O caminho percorrido; os tropeços nas pedras e os atalhos
Que me conduziram a lugar algum, ou, a um covil, para chorar.


Andarilho de roupas ou trapos rotos tendo a alma rota
Construí com a poeira do leito encardido um castelo
E, inocente, o dotei de colunas de sonhos: tarefa inócua,
Embora, amante pertinaz, as fiz com carinho e muito zelo.

Por uma eternidade carreguei comigo este castelo fictício
Na esperança ferrenha de um dia vê-lo erigido em aço,
Abrigando em seus infinitos aposentos o doce e sensual vício
De possuir e ser possuído até a lassidão que sobrevém ao cansaço.

E, assim, perambulando pela vida cheguei até a casa de pedra:
Cheguei e me instalei e fiquei por uma noite ou por um século.
Não importa o tempo quando se tem a certeza real, pétrea,
De que num átimo de segundo a casa de pedra será o meu castelo.

Sim, o meu castelo, não de sonhos, mas de uma realidade tangível,
E, nele, certamente, encontrarei à minha espera a mulher sonhada;
A mulher que o meu coração almeja: um sonho sublime e crível,
Não mais névoas a circundar as torres do castelo de areia dourada.

Quando cheguei à casa de pedra já sabia de que o castelo ruiria;
De que, os sonhos intangíveis, se tornariam carícias eternas.
Oh!,que felicidade saber de que não mais habitarei casas em ruína.
Habitarei sim, uma casa sólida; repleta de amor...Uma casa de pedra.

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