domingo, 10 de março de 2013

O TILINTAR DOS CINZEIROS!


O amor, sempre prestes a explodir entre eles,
Fazendo com que os momentos se tornassem intensos,
A ponto de uni-los em constantes demonstrações de carícias,
E. assim, em cada lugar, em cada cantinho, se debulhavam em ternos beijos,
Alguns cândidos; outros repletos de lascívia e fervor carnal.
Uma noite de lua cheia se postaram na sacada do prédio de 10 andares.
E, lá, se entregaram como nunca se tinham entregado e, a lua ficou envergonhada,
De contemplar tanta entrega em tão pouco tempo, pelos dois amantes,
Que, a despeito dos olhares furtivos dos vizinhos, gemiam e gemiam, como gatos no cio.
Ela, jurava entre gemidos roucos e ferinos de que o amor por ele a estava consumindo;
A cada dia, que passava - continuou - se sentia mais fraca e debilitada: O ar fugia-lhe dos pulmões.
Ele, de mãos postas também fazia o mesmo juramento: estava morrendo pouco a pouco e, sem ar.
Uma mariposa esvoaçou por sobre eles e se sentiu tonta e quase desmaiou: faltou-lhe o ar puro.
Ignorando a lua e as estrelas continuaram em suas lides amorosas e se acariciaram com furor
E, com furor, os lábios se sentiram atraídos para a carícia mais desejada: o beijo molhado.
Foi, então que eu escutei (estava na sacada ao lado) o tilintar de vidros se chocando;
Ou, o espedaçar de cristais se quebrando ao receber a martelada do ignóbil ébrio,
E, atônito, compreendi que as bocas que se procuravam com ânsia desmedida,
Nada mais eram do que dois "CINZEIROS" repletos do odor nauseabundo do vício maldito,
Alimentados por milhares de cigarros que ora estavam a destruir os pulmões dos amantes.
Entontecidos, eu e a mariposa, pela fumaça parda que subia ao céu para macular a lua,
Nos retiramos bruscamente para nossos abrigos: eu, o interior do apê; ela, a luz de um poste.
Por um tempo ainda ouvi o tilintar dos "CINZEIROS" até que um dia, fui velá-los numa noite sem lua...
Ambos, morreram, de CÂNCER, nos pulmões... Por sobre os caixões uma mariposa esvoaçava.

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