_ Meu senhor, eu quero vender uma "vista" , o que devo fazer para consumar o ato?
O velho todo assustado pelo inusitado da proposta gaguejou algumas palavras, respondendo:
_ Não entendi... O senhor quer vender o quê?
_ Uma "vista" como está ai anunciado.
_ Não, o senhor deve estar enganado... Aqui diz que "Compra-se Ouro e paga-se a vista."
_ O senhor é que está mal informado, pois, se for para pagar em dinheiro e na hora usa-se a "CRASE" e, fica:
"Compra-se ouro e paga-se à vista." Sem a CRASE, subtende-se de que o senhor está pagando a VISTA ou seja um dos meus olhos.
Assim, a discussão foi aumentando e os transeuntes foram chegando: uns , davam razão ao velho; outros, mais letrados, davam razão ao professor, até que chegou um policial e sem maiores delongas os "convidou" para irem até a Delegacia de Polícia, onde o delegado com a sua sapiência resolveria o impasse.
Na delegacia o astuto delegado( estava no fim do seu plantão) indagou do motivo da pendenga e, quando tudo soube pelas bocas dos envolvidos, alisou o amplo bigode e sentenciou:
_ Pelo sim, ou pelo não... Pela Crase ou pela não Crase, decido que o senhor ancião deve consertar imediatamente o cartaz, colocando a Crase no devido lugar; já, o senhor professor deve o mais breve possível procurar o Dr. Jacinto, psiquiatra renomado de nossa cidade para deixar de pensar bobagens... Onde se viu vender uma vista? Era só que que me faltava no final do meu plantão.
E, nada mais disse.
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