domingo, 27 de outubro de 2013

A JANELA!



Quando eu era criança, eu gostava de me sentar frente à janela,
Que ficava sempre fechada, fizesse sol, chuva ou vento constante.
Criança, gostava de jogar sementes de mamona na madeira velha
E, me extasiava com a coragem que tinha no inocente rompante.


O casarão de inúmeras portas e janelas demonstrava ruir por fora,
Já que por dentro, o reboco se desprendia em grossos pedaços de barro.
Às vezes, curioso, outras vezes, denotando uma indiferença perniciosa,
Arriscava um olhar súbito pelas frestas da madeira do peitoril fraco.


E, como o previsto nada via que denotasse um esgar apenas de vida,
Um miado de gato, ou um esvoaçar de um morcego triste e solitário.
Nada, mas nada mesmo, emergia de dentro do casarão, cuja sina
Seria, a demolição, o final de uma vida nas contas de um rosário.


Sentado na calçada com um punhado de mamonas na mão e o olhar embaçado
Agora, velho, alquebrado e destituído de muitas lembranças da infância,
Me vejo, só, frente ao que foi um dia um casarão velho e arruinado,
Onde, agora, sobressai um prédio de janelas de vidro que reluz em faianças.


Oh, saudades dos momentos em que "agredia" as carcomidas e frágeis réguas
E, sorria, quando um cão amedrontado rosnava e fugia com medo das pelotas.
Eu, era feliz, e por "Coisas da Vida" me distanciei dessa imagem insólita,
Onde, atirando mamonas, espantava o medo, do que se abrigava, atrás da janela.



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

DORVALINA E O POEMA PROMETIDO!



Quem é Dorvalina? Rainha, Andarilha ou Messalina?
Se não sei defini-la, pelo menos sei dizer que é fatal;
Fatal na servidão que trás às incautas almas ávidas
De seus carinhos, de suas carícias e de sua libido animal.

Dorvalina é o que tem que ser nos momentos em que domina:
Mulher subjugadora e sem piedade dos tolos e febris amantes;
Serpente sensual que em seus volteios aprisiona e delira
Ao ver o seu eterno "escolhido" gemer em abraço escaldante.

Quando algum idiota pensa em tê-la para si eterna e fiel
Ela, em gargalhadas que ninguém ouve, ri, cínica e mordaz,
E, como gata no cio, oferece uma nesga de doçura, embora verta mel
Do sexo sempre túrgido, porém, à espera do seu amante contumaz.

Homens tido como gladiadores nas lides do sexo já se viram derrotados,
Como soldadinhos de chumbo jogados num canto qualquer da alcova.
Dovalina não faz distinção de galanteios, de palavrões amargos:
Para ela, tudo é insignificante, desde que seja leoa dentro da cova.

Quando conheci Dorvalina, me vi frente a uma mulher de extrema candura
Que, com seu sorriso franco e meio maroto me enredou em suas teias;
Em pouco tempo me apaixonei e pensei ser do "Oásis" o sultão de futura
Aventura em plagas nunca dantes visitada: Ter a posse ansiada nas dunas de areia.


Mas, quem é Dorvalina? Se é Messalina, com certeza nunca a terei toda para mim;
Se é Rainha, nunca me elegerá o seu Rei tanto no castelo quanto na cama;
Se é Andarilha, me despistará emquanto estiver desacordado por uma noite de festim...
Dorvalina, não é nada disso... Dorvalina é mulher de se dedicar toda a quem ama.


Finalmente, afirmo com convicção e com uma pontada de dor no coração desse poeta:
Dorvalina diz me amar, mas,como uma borboleta dardeja em outros jardins.
O que me resta a fazer a não ser me quedar e ficar sempre à espera doída e incerta
Se, realmente, ela, se compadecerá de mim e me fará um amante eterno... Sem fim.


DORVALINA



Dorvalina resolveu ser condescendente. Asssim, que a noite se aposssou do que restou da tarde, ela se "empetecou" toda e se dirigiu para o bar do Amâncio, que fica numa esquina próxima da praça da Matriz. Lá chegando, tratou de se acomodar numa cadeira rente ao balcão onde estavam dispersos copos das mais variadas bebidas(restos). Ao seu lado de vez em quando sentava uma ou outra mulher sequiosa de receber e dar carinhos, mas, o tempo passou e ninguém se atreveu a lançar um olhar que seja para uma delas, pois, Dorvalina estava lá.Sentada de pernas cruzadas e à mostra até onde chegava a cinta liga, ela bebericava um "rabo de galo", embora a sua bebida preferida fosse Campari com limão e algumas pedras de gelo, mas, issso só lá pelas tantas da madrugada. Eu,quando cheguei,logo em seguida me posicionei atrás da mesa de bilhar, num banquinho meio capenga de uma das pernas. Em alguns minutos o bar se encheu de todo tipo de ser noctívago; desde poeta, como eu e gigolôs, andarilhos, maridos mal- amados e jovens em busca de uma noite de loucuras nos braços de... Dorvalina. De uma vitrola saía a voz melodiosa de Nelson Gonçalves cantando a música "Deusa do Asfalto", enquanto algumas mulheres da "vida" se imiscuiam dentre os mais sãos, onde a bebida ainda não os tinha feito de palhaços (no dizer de Dorvalina). Para aquele que conseguisse uma bela "prenda", bastava combinar o preço com o dono do bar, subir os degraus de uma escada meio podre e suja e ir se alojar num minúsculo quartinho onde em pouco tempo alcançaria o paraíso ou o inferno, dependendo de seu estado etílico. Nessa noite eu fui agraciado pela sorte, pois, antes do galo cantar 3 vezes ela, a sensual e encantadora Dorvalina chegou para mim e me sussurrou no ouvido palavras que nunca pensei em ouvir de sua boca carnosa, idêntica a uma ventosa do tentáculo de um polvo:
" Poeta, hoje a noite lhe pertence... suba e me espere no quarto onde tem uma sacada...deixe a janela aberta para entrar os raios da lua... leve o meu drinque preferido..."
Trêmulo,solicitei ao barman o drinque e subi as escadas guiado pelo tilintar dos cubos de gelo nas paredes do copo. Do cimo da escada, ainda pude ver vários casais dançando... agora, Cauby Peixoto cantava SMILLE ( Sorria). Assim que entrei no quarto, desfiz a cama e me despi e fiquei num estado letárgico esperando a morena mais desejada do Bairro, quiça da cidade. A lua estava imponente en sua extraordinária alvura. Em, um lugar qualquer do telhado uma gata miava demonstrando estar pronta para o sexo, assim, como eu, também o estava.
A madrugada estava silente. Quando Dorvalina entrou na pequena alcova, o mundo se transformou para mim. Em instantes me vi ser sugado, lanhado,mordido e possuído por uma fera voraz. O suor me empapou como se eu estivesse mergulhado em uma cachoeira.No leito, rodopiei, esquivei, gemi, gritei e desmaiei.
O sol ao adentrar pela janela me acordou, ferindo-me os olhos. Aos poucos me dei conta da situação e procurei por Dorvalina. Ah, procura inútil, apenas encontrei sobre o criado mudo um copo cheirando a Campari e as minnhas roupas jogadas pelo chão e, então vi, com os olhos esbugalhados feridas sangrentas espalhadas pelo meu peito como se tivesse sido causadas por garras aduncas.
Mais uma vez me perguntei: Quem é realmente Dorvalina? Uma mulher fera ou uma gata eternamente no cio.
Antes de me retirar do bar, a faxineira me entregou um bilhete amassado e sujo. Ao lê-lo, estremeci de prazer , pois tinha somente uma frase: "Poeta, faça para mim um poema que retrate a minha vida. Dorvalina"
Respondendo para ninguém, disse: "Sim, minha fera, amanhã, comporei o poema"

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

DORVALINA!



Dorvalina é morena de corpo sensual e de trejeitos insinuantes.
Quando ela quer(e sempre quer) inferniza os homens que a rodeiam.
Para uns ela oferece o que nunca deu para ninguém
Para outros ela nega tudo aquilo que ela dá para qualquer um.
Dorvalina é como um gato amoroso e terrívelmente astuto:
Ronrona nas pernas de quem lhe interessa e arranha os mais afoitos.
Quando eu conheci Dorvalina eu pensei em ter conhecido o paraíso.
Ah, ledo engano... conheci sim, o purgatório, em todo o seu terror.
No início ela se mostrou doce, afável e oferecida em seus mistérios,
Porém, com o passar do tempo ela se mostrou o que verdadeiramente é:
Uma mulher devoradora de almas e corações de idiotas apaixonados.
Eu, caí em sua teia ardilosa de aranha sedenta de devorar corações.
Quando acreditei ser o escolhido para me lambuzar em seu sexo de mel
Me vi atirado a esmo pelas calçadas suplicando um pouco de carinho.
Por um tempo eu odiei Dorvalina a ponto de pensar em matá-la, mas,
Um beijo e o oferecimento dos seios para que eu os sugasse sem fim
Me fez perdoá-la... Mais um erro que cometi: Dorvalina despreza os fracos.
Assim que me viu contente e feliz ela me traiu com outro idiota.
Sempre, idiotas, rastejaram na sombra de Dorvalina, e, ela, amava ser idolatrada.
O outono se foi e a primavera chegou e, com ela as flores e os pássaros.
Poeta que o sou, pensei comigo: Vou encher a vida dela de flores perfumadas.
Em uma tarde de não sei que dia, fiz um arranjo com flores silvestres, um belo "bouquet".
Temendo não agradá-la, me enchi de coragem e a presentei... ela me atirou no rosto.
Rindo despudoradamente, arrancou o vestido , o sutiã e a calcinha e me mostrou a floresta,
E, disse, mostrando os dentes alvos e a boca carnosa: " Queres me dar flores? Oh, tolo apaixonado,
Bem o sabes que nenhuma flor irradia melhor perfume do que os pelos sedosos que me protegem,
E, continuou, ajoelha-te e beija-me o sexo túrgido, molhado e sequioso de tua boca...
Instantâneamente me vi entrando no paraíso e senti unhas me riscarem as costas,
Quando abri os olhos vi Dorvalina se transmudar em um felino e de um salto se instalar no sofá.
Ou, não vi nada disso... Mas que sei eu o que vi, se ainda tinha nos olhos o emaranhado
Dos tufos sedosos e perfumados do invólucro que resguardava o que Dorvalina dá para uns
E, nunca o dá, para outros.
Dorvalina não me mandes embora... De ti quero tanto o paraíso, quanto o purgatório.






terça-feira, 8 de outubro de 2013

MULHER NÃO TEM CORAÇÃO...


Quem me assegurou que mulher não tem coração, ou quando o tem, são raras, é o meu grande amigo Laércio, a quem prezo muito e sempre me delicio com as suas "tiradas" filosóficas.
Bom, mas, o que o levou a chegar a essa conclusão, que diga-se de passagem vai de encontro a nós, poetas, que vivemos engrandecendo o dito órgão com poemas,e prosas? Um pouco "cabreiro" pela assertiva do nobre amigo, resolvi questioná-lo sem maiores preâmbulos e, assim fui direto ao assunto:
" Caro amigo, explique e seja objetivo do motivo dessa afirmação que vai de encontro aos poetas e apaixonados do sexo "frágil".
Com meias palavras, sem se fazer de "douto" entendedor do referido órgão no que diz respeito à literatura poética, explicou que, tendo de passar por uma cirurgia cardíaca no Instituto Dante Pazzaneli (coroada de sucesso), por necessidade de se locomover nos corredores apinhados de doentes, constatou de que dentre 10 cardíacos, 9 eram homens, tanto para troca de vávulas; marca-passo e cirurgia de peito aberto. Intrigado, antes de ir para a sala de cirurgia confidenciou para este "aprendiz" de escritor sua constatação. Por incrível que possa parecer, por "Coisas da Vida", também tive de passar por um cateterismo no mesmo Instituto e enquanto aguardava a minha aprovação pela UNIMED, pesquisei a % de homens e mulheres para se submeterem aos procedimentos cardiológicos e, pasmem, a proporção estava exata.
Conclusão: Realmente as mulheres não tem coração, e, quando os tem, servem somente para judiarem dos "tolos" apaixonados...
Hoje, ao escrever esta crônica, fiquei triste, pois, poeta que o sou,pensei em deixar de homenagear o coração das mulheres com versos líricos e extremamente apaixonados.
Querido amigo Laércio, se as mulheres não tem coração, eis o motivo delas terem um cérebro privilegiado e, com a maior facilidade manter o homem subjugado aos seus caprichos e dengos.
Pelo sim, pelo não, vamos cuidar dos nossos corações.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

LITERATURA RUSSA


Hoje, terminei de ler o livro NOTAS DO SUBSOLO de Dostoiévski. É impossível não ler Romancistas e Contistas Russos. Regozijo-me em ter mais de uma dezena de livros de autores russos. De todos, ainda sou mais fã de Tolstói. Acabei de comprar a mais nova obra sobre o autor: TOLSTOI, A BIOGRAFIA, da Biblioteca Azul com 639 páginas e autora ROSAMUND BARTLET.
Estou me organizando para o ano que vem ir até o país do consagrado autor e visitar a sua mansão e local de peregrinação IÁSNAIA POLIANA, e, quem sabe ir até a Estação Ferroviária de ASTÁPOVO onde ele morreu.
Enquanto não realizo o meu sonho, vou vivendo sonhos e aventuras nos escritos desse magnânimo escritor.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

UM "DIA DO IDOSO" DIFERENTE. (Verdade?, ou Sonhei)



Ontem, comemorou-se o Dia do Idoso. Para mim, foi interessante torná-lo diferente de outras comemorações.
Resolvi fazer tudo ao contrário e, assim, o procedi.
Ao me levantar deixei de tomar os comprimidos habituais para os mais variados incômodos que atingem os Idosos.
Assim é, que, deixei de lado os comprimidos para Diabetes; pressão, colesterol, triglicérides, artrite, ácido úrico, memória, intestino preso e, claro o Azulzinho...O mais perigoso, embora o que causa mais emoção no Idoso.
Desprovido de tal aparato químico, fiz uma deliciosa "caipirinha" e me deleitei ouvindo Cauby Peixoto. Ao almoço servi-me de um excelente churrasco, acompanhado de "ardentes" pimentas. À tarde, coloquei um filme "picante" de sacanagem e confesso que assisti algumas cenas ( maldito sono que se apossou de mim). Ao cair da Noite, fiz uma dose generosa de uísque acompanhado de belisquetes e ao som de Frank Sinatra me pús a rodopiar pela sala. Ao me deitar, ignorei o Frontal para dormir e o Rinosoro para as narinas entupidas e me esborrachei no leito macio e perfumado e...
E, acordei numa maca no Pronto Socorro ladeado por um enfermeiro que tentava a todo custo me picar o braço em busca de uma veia. Quando me dei conta, estava com soro e sendo medicado de urgência pela pressão alta ( 21x12), por prisão de ventre, por desvio de coluna, por gastrite, por labirintite e tantos outros "ites".
Assim, acredito que passei o Dia do Idoso, diferente de outros milhões de Idosos. Se, arrisquei a vida ou não, não importa. O que realmente importa é ter sido "diferente".
Antes da alta hospitalar, o médico residente me confidenciou: " Ainda bem que o senhor não tomou o azulzinho, senão, já era...KKKK e, foi embora."
Acredito que, depois dessa experiência, passarei o próximo Dia do Idoso de pijamas, chinelas e tendo ao lado a bolsa repleta de remédios.
Quem viver, verá!