terça-feira, 1 de dezembro de 2015

SONETO PARA O MEU ROSTO BORRADO DE BATOM CARMIM

Sim, eu sou o culpado! Eu implorei pelos ardentes beijos,
Que me borraram o rosto, sem piedade, de batom carmim.
Para ela, o pedido foi uma ordem, e me satisfez os desejos,
De ter o rosto, lambuzado, no início, no meio e, no fim.

Lábios carnosos receberam o batom carmim em abundância,
Nos beijos que se excediam e se tornavam secos e pálidos.
Em instantes, ela, retirava da bolsa, um tubo de fragrância
Indizível, e com ele repintava, os lábios, num gesto tresloucado.

O batom carmim exalava o perfume que impregnava a alcova tépida
Na exacerbação das carícias que maculava-me a face febril.
Por inúmeras vezes olhei-me no espelho e a vi sorridente e sutil,

Borrar, os lábios, como se eles fossem de porcelana: uma réplica.
Por duas noites consecutivas ela pintou-me o rosto de carmim,
Beijando-me como louca e como louco satisfiz os meus anseios: enfim!

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