terça-feira, 5 de julho de 2016

UMA VONTADE DE NÃO FAZER NADA!

HÁ DIAS QUE VENHO SENTINDO UMA VONTADE ENORME DE NÃO FAZER NADA.
Assim é, que, deixei dos meus afazeres e me encontro em uma posição fetal, sem ânimo para reagir e sair desta gostosa modorra. Sei que não é bom para um escritor viver por um tempo que seja no ócio, mas, que fazer, se a inspiração deitou pés na estrada? Às vezes, penso que me entranhei cada vez mais neste lodaçal de insatisfação. É me, mais fácil, não reagir, do que ir à luta. Neste exato instante em que escrevo, sinto-me uma lesma enfurnada em seu caracol, se escondendo dos perigos do dia a dia: o sol, o vento, a lua, a aragem e, principalmente, dos pés desapiedados do menino que toca os bois na rua suja e poeirenta.
Nada me atrai. Até mesmo a lembrança de dias regozijados com grandes amores não me apetecem. Estou, por, assim dizer, inerte, amorfo e insípido às coisas que a vida teima em me oferecer. Nestes dias de enfado em que me encontro só tenho vontade de não sentir vontade e, para que isto se realize, desdenho os sentimentos mais superficiais que acometem o simples mortal: saudade, vontade de ver alguém, remorso de ser o que não se é, apatia insidiosa e, outras baboseiras que agora não vem ao caso.
Tenho ânsias de fechar os olhos e adormecer pela eternidade. Por incrível que possa parecer até a minha alma, guerreira e obstinada, pediu-me num soluço para ficar enrodilhada no âmago medonho da escuridão em que vivemos. Somente o coração, esse tolo incorregível é que teima em ficar pulsando, como se para ele este ócio doentio não lhe dissesse respeito. Mal sabe ele, que, tudo o que faço neste episódio de preguiça mental é com a finalidade de aniquilá-lo. Ele que espere, e verá!
Bem, como o ócio é idêntico a uma serpente e, ele está me enlaçando pouco a pouco, vou deixando de reagir e fico dormente, prostrado no chão da sala e, adormeço, para quem sabe, quando despertar, voltar a ser EU mesmo.
Eu criativo e, não mais EU, derrotado.

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