domingo, 22 de setembro de 2013
A CORUJA !
Uma coruja piou no mourão da cerca
Que cercava a minha vida; a minha solidão.
Como uma bola de pano ela se encolheu toda
E, de vez em quando, me olhava, antes da escuridão.
Piava baixinho e às vezes piava alto
Denunciando que a noite breve nasceria.
Ao ouvir os seus pios eu também piei baixinho
Da dor que sentia, pela tarde, que esmaecia.
Oh, coruja, que pia por piar e por alegria
Não entedes a dor que me faz piar gemente
E, segues, impassível, no mourão, piando fremente.
Eu,insisto em piar, e pio chorando a dor da saudade
De um amor que veio e foi, deixando-me, só, na eternidade.
Ouça-me, coruja: quando piares saiba, que de piar, fiquei demente.
Uma noite fria em Buenos Aires
No Café Tortoni. 19-09-13
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