sexta-feira, 27 de setembro de 2013

70. O BANHO DA CABOCLA




O sol não tinha mais onde queimar o corpo mulato
Já, tostado, por muitos sóis das tardes de intensa labuta,
Da cabocla que irradiava sensualidade aos rudes caboclos
Que ansiavam como doidas feras em tê-la nas noites escuras.

Saia amarrada entre as pernas fortes e sensualmente torneadas
Desfilava com seu porte altivo despertando a sanha voraz
Dos pobres sonhadores que sonhavam com as “doces” ofertas,
Esperando cada qual ser o eleito para uma noite sem paz.


Ás vezes inocente, mas, sempre, incendiada de libido extremo
Ela, com o cair da tarde, ia ao rio se banhar num deleite prazeroso
Atraindo em seu rasto os caboclos hipnotizados pela vitalidade
Que esvaía do corpo da mulata impregnando o ar de sensualidade.


Num gesto lascivo e provocante a cabocla se despe das roupas
E, nua, mergulha nas águas frias e revoltas da cachoeira oculta
No meio da mata, refúgio sublime da bela mulata fagueira
Que, sob os olhares lascivos nada em braçadas sobranceiras.


Para uns é uma deusa se banhando nas águas frias e cristalinas;
Para outros é uma pecadora livrando-se dos pecados da carne.
Para ela, é apenas, um momento de desprendimento da alma
Ou, nada mais, do que, a entrega do corpo ao invisível amante.

E, o tempo passou, e a cabocla cansada de se espadanar na água
Saiu à margem, o corpo desprovido da saia jogada a esmo
Na grama verde e repleta de flores silvestres; flores perfumadas.,.
Apanhou uma e, cabocla, a pregou, no cabelo desgrenhado.

Com passos de corça no cio, saiu pelo caminho e rebolando
As belas nádegas dirigiu-se para o seu rancho, o seu rústico lar.
Atrás de si, doidos caboclos, a seguiam e suspiravam de desejos
Resignados pela presa que estava mais distante do que o Luar.


Num gesto de complacência a mulata lhes ofereceu um prêmio:
Antes de adentrar no recinto, voltou-se para eles num rodopio
Levantando a saia até a cintura e deixando à mostra os seios,
Ofereceu a visão de suas coxas molhadas das águas do rio.


Boquiabertos os rudes “caipiras” estancaram à beira da porteira
E, se jogaram no chão soltando uivos, de tesão, reprimidos.
A porta se fechou e ela se deitou nua à espera do seu querido.
No ar, ficou uma voz: “Amanhã... ela... banho... na cachoeira.”







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