quinta-feira, 12 de março de 2015

O ECO!


À beira do precipício eu titubeava entre suicidar, ou não.
Não tinha mais olhos para enxergar, nem ouvidos para ouvir.
Tinha sim, a boca escancarada, inchada e seca... uma ferida aberta.
O ar, pouco, escasso e raro, saía-me dos pulmões como labaredas.
À bem da verdade eu, no momento, não era um homem e, sim, um espectro.
O precipício me atraía como a lâmpada atrai a mariposa incauta.
O vazio me fascinava como a flor fascina o belo beija-flor.
O vento me fustigava: às vezes como os cabelos da mulher; outras vezes, como chicotes.
No alto, bem no alto, dentre as nuvens um urubu voava indolente e, não me via.
Pedras eram atiradas no vazio, a êsmo, pelo vento inclemente.
Das minhas roupas esgarçadas,farrapos se desprendiam e caíam no precipício.
Algumas lágrimas me escorriam pela face e me faziam acreditar ser mortal.
Os pés escaldados pelo sol causticante teimavam em escorregar para o abismo.
Ninguém de mim se aproximou; eu era no momento a caveira que assombra.
Por inúmeras vezes tentei lançar meu grito, mesmo que hediondo, nos ares.
Nada, nada de mim, denotava um ser vivente; um ser ávido por amor.
A desilusão qual erva daninha tinha se instalado no meu ser, na minha alma.
Os ossos, sentia-os tiritarem de frio ou de medo pelo que se descortinava.
A planície bem ao longe se descortinava aos meus olhos furibundos.
Dentre as nuvens alguns raios tremeluziam anunciando breve tempestade.
Mas, o que é uma tempestade da natureza quando se tem uma tempestade no coração?
Por fim, dei um passo e me vi balançando perigosamente no vazio abissal e medonho.
Mas, antes que me atirasse no precipício dando fim à minha vida estéril, escutei:
Escutei um som grave, forte, como se fora o ribombar de um tambor;
Atentando para o som compreendi a mensagem que o meu coração estava me mandando.
Meu coração, no seu pulsar compassado e débil dizia aquilo que eu queria ouvir.
Não dizia, gritava com todas as suas forças: "Não, não, não faça esta loucura..."
E, o eco repetia: "Ela te ama... Ela te ama... Ela te ama... Ela te espera..."
Oh!, bendito eco que me livrou da morte.
Oh!, bendito eco que me libertou para o amor.
Eco... Um fenômeno só possível para quem ama e sofre por amor!



Nenhum comentário:

Postar um comentário