quinta-feira, 19 de abril de 2018

PROSANDO & PROVANDO... DE POESIA.




A VIDRAÇA


Toda tarde ela desfilava frente à vidraça
Do casarão onde eu me postava empertigado.
Para mim ela sempre foi um diamante sem jaça;
Uma joia para se ter incrustada no peito.

Vestida de normalista com a trança esvoaçante
Ela sabia que eu a observava pela vidraça.
Muitas vezes sorria provocando-me alhures
Sem se importar se emburrava ou achava graça.


Por ela eu me fazia estátua de mármore frio,
Embora o meu hálito turvasse a polida vidraça.
Assim, inertes, éramos, partes, do mesmo vidro.

Por um século em que me fiz jovem e adulto senil
Fui intrépido caçador e, ela, a minha sensual caça.
Porém, uma tarde, ela não passou e, a vidraça, se partiu.

Poema retirado do Livro : UMA MULHER INTRIGANTE... A ser publicado em breve.


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