sexta-feira, 6 de maio de 2011

LA ROCHEFOUCAULD - MÁXIMAS E REFLEXÕES

VIDA E OBRAS DO AUTOR



A fortuna da família La Rochefoucauld começou em 1515, quando François l foi agraciado com o título de conde pelo rei da França. Todos os seus descendentes primogênitos perpetuaram este prenome François (Francisco), conservando igulamente o título de nobreza. O neto de François l, ou seja,François lll, foi um dos chefes do partido protestante. O filho deste, François lV, nascido protestante se vonverteu ao catolicismo. Seu filho, François V, foi agraciado com o título de duque por decreto do rei Luís Xlll; é o pai de François Vl, duque de La Rochefoucauld, autor deste livro. Trata-se, portanto, de uma tradicional família envolvida na história da nobreza bem como na política do reino da França.,

Após sair gravemente ferido de uma batalha refugia-se (1652) no Ducado de Luxemburgo. Retornando a Paris, renuncia a todo envolvimento político e cultiva relacionamentos com letrados e artistas. Aconselhado por expoentes desse novo meio,dedica seu tempo a escrever; sua produção literária não é vasta, mas se tornou célebre precisamente com essa obra , intitulada REFLEXIONS OU SENTENCES ET MAXIMES MORALES.

François Vl nasceu em Paris no dia 15 de setembro de 1613 e faleceu em 17 de março de 1680 aos 66 anos de idade.

PRINCIPAIS OBRAS:

MEMÓRIAS (1662)

REFLEXÕES OU SENTENÇAS E MÁXIMAS MORAIS (1664)

ESTE LIVRO MÁXIMAS E REFLEXÕES FOI UM DOS PREDILETOS DE NIETZSCHE.


APRESENTO UMA DE SUAS REFLEXÕES:


6- DO AMOR E DO MAR


Aqueles que quiseram nos representar o amor e seus caprichos o compararam de tantas maneiras ao mar que é difícil acrescentar o que quer que seja ao que disseram. Fizeram-nos ver que um e outro têm inconstância e infidelidade iguais, que seus bens e seus males são inumeráveis, que as navegações mais felizes ficam expostas a mil perigos, que as tempestades e os escolhos sempre devem ser temidos e que, muitas vezes, mesmo no porto se naufraga. Mas, ao nos exprimirem tantas esperanças e tantos temores, não nos mostraram de modo suficiente, me parece, a relação que há de um amor desgastado, inerte e em fase final com essas longas bonanças, com essas calmarias aborrecedoras que são encontradas no percurso: cansados da longa viagem, desejamos que chegue ao fim; avistamos a terra, mas o vento não sopra para chegar a ela; vemo-nos expostos às intempéries das estações; as doenças e a apatia que nos impedem de agir; a água e os víveres faltam ou mudam de gosto; recorremos inutilmente a um socorro estranho; tentamos pescar,mas só conseguimos alguns poucos peixes sem deles tirar alívio ou alimento; estamos cansados de tudo o que vemos, ficamos sempre com nossos próprios pensamentos e estamos sempre aborrecidos; vivemos ainda, mas lamentamos viver; esperamos por desejos que nos levem a sair de um estado penoso e apático, mas os que conseguimos ter são fracos e inuteis.

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